A resposta é que regionalmente sim, pois o Arraial do Divino Espírito Santo, que mais tarde se tornaria a cidade de Divinópolis, tem fortes conexões com Pitangui, especialmente nos seus primórdios, no contexto da colonização do Centro-Oeste de Minas Gerais. Essas ligações envolvem disputas territoriais, influências culturais e personagens históricos que contribuíram para a formação da região e uma ligação relevante com a Proclamação da República no Brasil, principalmente por meio de figuras influentes que nasceram ou se estabeleceram na cidade da Velha Serrana.
Embora Pitangui não tenha sido palco direto dos eventos que culminaram na Proclamação da República, ela foi o berço de importantes personagens políticos e intelectuais que contribuíram significativamente para o movimento republicano e para o cenário político nacional no final do século XIX.
O pesquisador Vandeir Santos tem um achado sobre o fim da escravidão e com o incentivo do processo de imigração houve um aumento significativo da presença de estrangeiros no país. Com o objetivo de colocar estes imigrantes em condição de igualdade com os brasileiros o governo republicano baixou o decreto nº 58-A de 14 de dezembro de 1889 onde orientava a todas as municipalidades a obter destes estrangeiros uma declaração de opção de nacionalidade onde poderiam se declarar estrangeiros ou naturalizados brasileiros.
São 63 declarações de pessoas oriundas de 5 nações: Portugal, Itália, Espanha, Inglaterra e Paraguai. Todos optaram pela nacionalidade de origem.
Para se ter idéia do potencial histórico de Pitangui, é bom lembrar que a luta pela Independência do Brasil nasceu e culminou com a presença ativa de personagens de sua história.
Entre 1713 e 1720, aconteceram as primeiras revoltas pitanguienses contra as imposições da Coroa Portuguesa, sendo a primeira, a Sublevação da Cachaça. A Revolta de 1720, liderada por Domingos Rodrigues do Prado, contra a cobrança do quinto do ouro, conclamava que “quem pagasse, morria”. Apesar da derrota da Vila de Pitangui, os pitanguienses não pagaram e Conde de Assumar, então governador da Capitania, teve, contrariamente à sua vontade, de anistiar a dívida, dizendo que “essa Vila deveria ser queimada para que dela não se tivesse mais memória”, chamando a população local de “mulatos atrevidos”. Foi a 1ª grande revolta contra a Coroa, antes mesmo da de Felipe dos Santos, em Ouro Preto.
Em 1822, um vigário pitanguiense escreveria seu nome na história da Independência Brasileira: padre Belchior Pinheiro de Oliveira. Este foi conselheiro e confidente de D. Pedro I. Durante a jornada do 7 de setembro, padre Belchior aconselhou o imperador a proclamar a Independência do Brasil: “Se Vossa Alteza, não se fizer Rei do Brasil, será prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho, senão a Independência e a separação”. Pitangui, hoje, ainda preserva o seu sobrado, que é tombado pelo IPHAN e o seu túmulo, este, localizado nas escadarias da Igreja Matriz de N. Sra. do Pilar.
Pitangui – Berço de personalidades marcantes na história do Brasil
Como não poderia deixar de ser, Pitangui é um verdadeiro centro de DNA político. A tradicional família pitanguiense do século XVIII, de Antônio Rodrigues Velho (o Velho da Taipa) e, posteriormente, do casal Inácio de Oliveira Campos e D. Joaquina (a Dama do Sertão), deram origem ao tronco familiar político mais importante do País, que fez descendentes como: Getúlio Vargas, Campos Sales, Rodrigues Alves, Juscelino Kubitschek, Gustavo Capanema, Francisco Campos, Benedito Valadares, Pedro Aleixo, Milton Campos, Afonso Arinos de Melo Franco, Magalhães Pinto, dentre outros.
Um dos destaques da política pitanguiense foi Gustavo Capanema, Ministro que mais tempo ficou no cargo em toda a História do Brasil. Foi o criador do IPHAN, SENAI, INEP, dos cursos de Jornalismo, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Educação Física e Arquitetura e Urbanismo.
Outro que se sobressaiu foi Martinho Campos, político ator do Império. Além destes, Olegário Maciel, Ivan Pedro de Martins e Benedito Cordeiro dos Campos Valadares, também tiveram projeção nacional. Duas das mais importantes matriarcas mineiras do século XVIII e XIX, Maria Tangará e D. Joaquina, viveram em Pitangui e tinham grande poderio econômico, tendo a segunda sustentado a Corte Portuguesa, com mantimentos, na sua vinda para o Brasil, em 1808.
Começou a ser construída em 17 de agosto de 1914, sob a autorização do Arcebispo de Mariana Dom Silvério Gomes Pimenta. Foi inaugurada em 15 de agosto de 1921