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A História de Divinópolis e a transformação trabalhista

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O transporte ferroviário teve um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento de Divinópolis, desde o período imperial até a formação da cidade como um importante polo regional. A relação do trabalho e os impactos dessa infraestrutura na economia local são marcos históricos que merecem ser lembrados, especialmente em tempos de debate sobre as condições de trabalho.

A história ferroviária de Divinópolis começou ainda no século XIX, quando, em 1855, o governo imperial brasileiro criou a Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II, com o objetivo de conectar o Rio de Janeiro a outras regiões do país. Em 1877, a Estrada de Ferro Dom Pedro II chegou ao Sítio, um pequeno povoado na província de Minas Gerais. Em 1881, o Ramal do Paraopeba, que ligava Sítio a São João del-Rei, foi oficialmente inaugurado.

Em 1887, com a construção da Estação Ferroviária de Aureliano Mourão, dentro do município de Bom Sucesso, o ramal seguiu sua expansão. Essa estação representava uma bifurcação importante para o transporte, com uma linha indo em direção a Lavras e outra seguindo para o norte, em direção ao Rio São Francisco.

Com o prolongamento do Ramal do Paraopeba para Oliveira e Pitangui, o pequeno arraial Espírito Santo do Itapecerica (atualmente Divinópolis) tornou-se um ponto estratégico da ferrovia. Em 1890, a Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM) construiu a Estação Ferroviária Henrique Galvão, em um local chave: no final da Rua do Comércio, a principal via do povoado. Este foi um passo importante para o desenvolvimento de Divinópolis, que, a partir da ferrovia, iniciou uma nova fase de crescimento econômico e social.

Crescimento e Prosperidade

Em 1909, com o entroncamento da ferrovia da integração Belo Horizonte-Triângulo Mineiro na Estação Henrique Galvão, e a construção das oficinas ferroviárias em 1910, o arraial Espírito Santo do Itapecerica passou a viver um período de grande prosperidade. O novo empreendimento ferroviário e as oficinas começaram a empregar os trabalhadores, contribuindo para o aumento da população local e para a transformação da cidade em um centro urbano importante.

Em 1911, a importância da estação levou à mudança do nome do arraial para Vila Henrique Galvão. Em 1916, uma nova sede da estação foi inaugurada e as oficinas ferroviárias começaram a operar com mais força. O setor ferroviário passou a impulsionar a economia local, além de facilitar o escoamento de produtos e recursos, como o álcool combustível produzido pela Usina do Gravatá, inaugurada em 1932.

A Luta dos Ferroviários e a Mobilização Social

No entanto, o desenvolvimento também gerou tensões, principalmente no setor ferroviário. Ao longo do século XX, as greves dos ferroviários foram recorrentes, especialmente nas décadas de 1950 e 1960. A situação precária da Rede Mineira de Viação (RMV), que sofria com déficits financeiros, salários atrasados e péssimas condições de trabalho, levou os trabalhadores a se mobilizarem contra as condições impostas. O governo de Milton Campos, responsável pela administração da RMV nesse período, não conseguiu resolver as questões estruturais da ferrovia, o que contribuiu para o aumento das tensões.

As greves dos ferroviários, que ocorriam com frequência no centro-oeste mineiro, tinham um caráter combativo e social. As mulheres dos ferroviários, frequentemente, assumiam papéis decisivos nos movimentos grevistas, organizando piquetes e até enfrentando as autoridades, desafiando as forças policiais, em algumas ocasiões, com a presença das famílias nos protestos. A ação das mulheres incluía a ocupação das estações, passeatas pelas ruas e até o bloqueio dos trens, que eram paralisados por sabão nos trilhos ou pela ocupação das locomotivas, impedindo que as máquinas continuassem a operar.

Conclusão

A ferrovia foi, sem dúvida, um dos principais motores do desenvolvimento de Divinópolis, tanto no aspecto econômico quanto social. Ela transformou a cidade, inicialmente um pequeno arraial, em um polo industrial e comercial importante para a região. Contudo, essa transformação também gerou desafios, especialmente no que se refere às condições de trabalho dos ferroviários, que, ao longo dos anos, desempenharam um papel crucial nas lutas por direitos e melhores condições. A história da ferrovia em Divinópolis é um exemplo claro de como o transporte pode moldar uma cidade, alterando não apenas sua paisagem, mas também suas relações sociais e trabalhistas.

Primeira Estação Henrique Galvão no arraial Espírito Santo do Itapecerica.
Em 1916 foi inaugurada a nova sede da Estação Ferroviária de Divinópolis.
Em 1916 as novas oficinas da ferrovia começaram a operar.
Ferroviários das novas oficinas em 1917.
Em 1932 o Governo do Estado construiu a Usina do Gravatá para extração de álcool combustível a partir da mandioca. A ferrovia era usada para o escoamento da produção.
Vista do telhado da Usina do Gravatá seguindo em direção a estação Velho da Taipa de onde saia o ramal sobre o Rio Pará para Pitangui.
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