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‘O Tempo’ divulga denuncia de racismo em Divinópolis

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Sueli Helena de Paula, 29 anos e Sara Policarpo, 25 anos estão entre aquelas que decidiram revelar o constrangimento por conta de uma foto para a carteira de identidade. Ambos os casos se deram quando elas foram a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) de Divinópolis, Sueli com a filha de apenas cinco anos para fazer a carteira de identidade (RG) da criança. Sara para fazer a segunda via da RG dela. Sara é da cidade de Itaúna e elas se conheceram no mesmo fotógrafo. A denuncia foi divulgada hoje (23) pelo ‘O Tempo’ de Belo Horizonte.

Sueli conta que mora com a família, em Divinópolis, saiu acompanhada pela filha de 5 anos que tiraria sua primeira identidade àquele dia, como não tinha a foto da criança foi até um fotógrafo. Na primeira foto ele falou que não daria certo por conta do cabelo da minha menina. Ela estava com um rabo alto, bem para cima mesmo. Ele disse que cortaria um pedaço do cabelo na foto o que não foi aceito no UAI. A mãe, então, retornou para a loja, já tendo desmanchado o rabo-de-cavalo da filha e colocado o cabelo em um coque. Ela conta que ele tirou a outra foto e falou ’não vou revelar porque não vai passar no padrão, vou ter que cortar de novo’. Ele me mandou ir até o banheiro e arrumar o cabelo dela lá. Foi quando a filha perguntou: ‘mamãe, meu cabelo ‘tá’ tão feio que não deu pra tirar a foto?’. Além da pergunta inocente a situação piorou quando houve a terceira foto e o fotógrafo disse: ‘é a terceira e a última, não precisa voltar porque eu não tirar outra, não vou perder meu tempo, e nem você o seu dinheiro”, relembra ela ao Jornal o Tempo.

Semelhante fato narrado por Sara Policarpo, 25 anos, escutou do mesmo fotógrafo que um retrato com seus cabelos crespos não caberia no documento e assustou-se quando percebeu que ele apagou digitalmente cada um de seus fios em um programa de computador antes de mostrar a foto a ela. O episódio de violência gerou repercussão nas redes sociais, e nesta segunda-feira (23) a mineira de Itaúna se reunirá com uma advogada para decidir quais providências legais podem ser tomadas no crime de injúria racial sofrido por ela e pela filha de Sueli Helena de Paula. Elas registraram ocorrências na Polícia Militar (PM) para seguir com a denúncia.

Sara Policarpo já tinha chegado para que fossem fotografadas ela e a filha, 3 anos. Orientada pelo UAI para fazer novas fotos foi quando ela conheceu Sueli, comentando na calçada que foi obrigada a desmanchar o cabelo da filha porque, segundo o fotógrafo, a UAI só aceitaria a foto com o cabelo baixo. Ela estranhou muito mas precisava da foto para não perder a viagem. 

A primeira a ser fotografada foi a filha de Sara, e não houve problemas. Entretanto, na vez dela, o fotógrafo disse que não clicaria o retrato se ela não “escondesse” o cabelo. “A minha menina é preta da pele clara e com cabelos cacheados. Eu até achei que teria que amarrar o cabelo dela, como o da outra menininha, mas simplesmente me pediram para colocá-la em pé na cadeirinha e tiraram a foto. Achei estranho, mas decidi esperar que fosse a minha vez para saber o que aconteceria já que meu cabelo é crespo como o da filha da Sueli”, contou ao Jornal O Tempo.

Entretanto, segundo ela, o fotógrafo sequer permitiu que ela se sentasse em frente à câmera. “Ele não me deixou sentar, me mandou direto pro banheiro para esconder meu cabelo. Eu comecei a retrucar nessa hora. A moça da UAI me disse apenas que não iria aparecer o cabelo todo na foto, o que eu até entendo porque o retrato é só do rosto. Mas, não, o homem disse que eu tinha que desmanchar meu cabelo inteiro, se não, não iam aceitar. Aí eu decidi abaixar o cabelo e joguei para trás, como um rabo-de-cavalo. Ele foi, bateu a foto e apagou todo meu cabelo no computador”, relembra. Ela se recusou a pagar pela foto e foi embora.

Sara foi orientada a registrar uma ocorrência e acionou a polícia – o boletim foi feito na data. No domingo (22), ela conseguiu encontrar Sueli no Instagram, e elas decidiram se reunir para seguirem com as medidas judiciais cabíveis. Questionada pelo Jornal O Tempo, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), responsável pela produção de carteiras de identidade pelo Estado, declarou em nota que cabelo ou penteado não interferem na confecção do documento. A corporação declarou que irá investigar a conduta do fotógrafo.

https://www.otempo.com.br/cidades/mae-de-menina-de-5-anos-e-mulher-negra-denunciam-racismo-em-foto-para-rg-1.2416195