A sociedade privada Deloitte, estabelecida no Reino Unido, publicou no Brasil em dezembro de 2019 os resultados de uma pesquisa que pretendeu captar as tendências do empresariado nacional para o país e os seus negócios.
Como nosso país só começa mesmo a funcionar após o Carnaval, ainda é tempo de conhecer esses resultados, mesmo como previsão.
Foram consultadas 1.377 empresas estabelecidas no país, que juntas possuem um faturamento equivalente a 50% do PIB nacional, sendo que 66% delas são compostas exclusivamente por capital brasileiro.
Todas as questões foram analisadas pelas empresas em duas alternativas: 1) Independente do cenário econômico e de negócios e 1) Se o cenário econômico e de negócios melhorar.
Essa premissa nos permite observar que os investimentos estão parcialmente represados à espera de horizontes menos nublados. Para os investimentos prioritários, se o cenário econômico melhorar em 2020, as empresas pretendem empenhar, em média, de 20% a 25% mais recursos financeiros. Em aspectos como “Adotar novas tecnologias” e “Ampliar ou investir em treinamento de pessoal”, por exemplo, respectivamente 94% e 93% das empresas planejam investimentos em caso de melhora do cenário.
Para a expansão dos negócios, a diferença entre cenários gira entre 25% e 30% superior em caso de melhoras das condições.
Na geração de empregos, a diferença entre os dois cenários propostos fica gritante: 18% das empresas pretendem aumentar vagas independentemente do cenário, enquanto que 58% dessas mesmas empresas estão propensas a aumentar os seus quadros se o cenário melhorar. Na outra ponta, no entanto, 64% delas afirmam que terão de diminuir postos de trabalho se o cenário piorar.
No geral, 71% das empresas afirmam que as expectativas de melhora do cenário nacional em 2020 são muito positivas.
Para basear essa perspectiva otimista, o mundo dos negócios espera que o governo estimule a geração de empregos (79%), invista em infraestrutura (57%), amplie o comércio exterior (54%) e aumente as concessões e leilões (52%).
Na área social, a expectativa das empresas é de que o governo faça mais investimentos na Educação (91%), em Saúde (75%), em Segurança Pública (68%) e em Saneamento Básico (55%).
Para melhorar a eficiência da gestão pública, os empresários preconizam que o governo deve cuidar prioritariamente da Reforma Administrativa (70%), Combate à Corrupção (64%), Desburocratização (54%) e Novas Privatizações (54%).
Para finalizar, 67% das empresas avaliaram que o governo conseguirá atender parcialmente às prioridades que elencaram, enquanto apenas 17% acreditam no atendimento total delas.
Mesmo em se tratando de previsões e expectativas, o quadro geral tende a mostrar que o ministro Paulo Guedes ainda tem um verdadeiro Himalaia a escalar. O quadro ainda mostra uma indústria extremamente dependente das ações do governo e, mesmo já se tendo no horizonte a aprovação do novo marco de saneamento, que abrirá a possibilidade de vultosos investimentos privados na incipiente infraestrutura nacional, que tem praticamente tudo ainda por construir, não se depreende nessa pesquisa uma clara intenção de aporte de investimentos nacionais nessa tão necessária, estratégica e rentável área. Pelo contrário, 55% do empresariado espera que o governo faça esses investimentos.