fbpx
Pular para o conteúdo

No Cruzeiro, aonde está o Presidente… ninguém sabe, ninguém viu….

Image

A derrota para o Oeste, lanterna da Série B, em casa, mostra que o Cruzeiro tem problemas demais em campo. Mas o entorno desse jogo, seja antes ou depois dele, é muito mais assustador. Nada, até agora, dá indícios de que a temporada de 2021 será melhor que foi a de 2020.

A fala de Rafael Sobis, após a partida, é sintomática de que os problemas no Cruzeiro atual, gerido por Sérgio Santos Rodrigues, vão muito além das quatro linhas:

“Os jogadores que estão aqui são heróis, porque tem muita coisa acontecendo. É muito difícil, muito difícil mesmo. As pessoas não sabem ainda de 10% do que está acontecendo” (Rafael Sobis).

O presidente, já há algum tempo, não fala com o torcedor nas chamadas “lives do presidente”. E, em relação ao prazo para pagamento das verbas trabalhistas em atraso, não sinalizou também ao elenco. A opinião pública também espera por essa resposta. Mas oferecer, pelo menos uma expectativa de pagamento aos funcionários, é preponderante.

Os jogadores não estão satisfeitos com essa postura. Não por acaso, como protesto, deixaram de se concentrar na Toca da Raposa para a partida com o Oeste. E Felipão, questionado sobre esse assunto, também deixou muito claro que não há um diálogo tão aberto em relação aos atrasos salariais. Tratou o protesto como “forma de os jogadores conversarem com a diretoria”. Hoje, são dois meses e meio de salários em aberto, além do 13º.

A relação de Luiz Felipe Scolari com a diretoria também está desgastada. O treinador de 72 anos aceitou a proposta do Cruzeiro, em outubro do ano passado, com o time na penúltima colocação da Série B, por acreditar no projeto a longo prazo. Assinou até o fim de 2022, mas promessas não cumpridas podem o fazer deixar o clube até o fim deste mês.

O Cruzeiro tem consciência disso. A saída, inclusive, é tratada como iminente. Mas porque, então, não acontece já? A diretoria não o mandaria embora em função de uma multa rescisória alta. O clube, mais do que nunca, não tem dinheiro em caixa. Se houver um pedido de demissão, não há valor a ser pago pelo treinador.

Os questionamentos sobre o futuro de Felipão e os problemas internos do Cruzeiro dominaram a coletiva depois da derrota para o Oeste. O treinador foi evasivo nas perguntas sobre continuidade, dizendo apenas que seguirá os protocolos para a viagem para enfrentar o Juventude, e também fez questão de defender os jogadores, deixando claro que há problemas para além do campo.

“Eu te respondo que eu não tenho nada para falar. Quando eu faço os treinos, meus jogadores se dedicam no trabalho. O restante eu não tenho nada que estar envolvido, porque são áreas que não são técnicas” (Felipão)

Em meio a esse “jogo de empurra” e ao silêncio momentâneo do presidente, o planejamento para a temporada 2021 fica prejudicado. Faltam quatro jogos para acabar a Série B e um mês e meio para começar o Mineiro. O Cruzeiro não tem treinador garantido e não sabe, até em função dos salários, quantos jogadores terá no elenco. Jadsom Silva, por exemplo, está na Justiça pleiteando a rescisão.

Se o maior dos problemas do Cruzeiro estivesse no campo, menos mau. O rendimento ruim pode ser resolvido com criatividade nas contratações ou com troca no comando, como deu certo com Felipão. O problema, a essa altura, é manter um ambiente saudável quando não há confiança do elenco e da comissão na diretoria. E se o Felipão quer segurança de André Mazzuco, diretor de futebol que chegou há uma semana, é porque, realmente, o que foi dito para ele até hoje não foi cumprido.

A iminente saída do pentacampeão mundial em função de problemas extracampo pode piorar ainda mais o cenário. Se Felipão não foi capaz de receber o que foi prometido, poucos seriam. Vale lembrar que o Cruzeiro levou negativas de Umberto Louzer, Marcelo Chamusca e Lisca, que estavam em times da Série B deste ano.