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Em meio a mais uma turbulência, CBF elege seu novo Presidente.

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Sede CBF

Após um processo conturbado, marcado por disputas internas e batalhas judiciais, a CBF deve ter um novo presidente eleito nesta quarta-feira: se nada inesperado acontecer, Ednaldo Rodrigues, candidato único, vai assumir o cargo por um período de quatro anos, que termina em 23 de março de 2026.

O baiano de 68 anos vai suceder Rogério Caboclo, que no mês passado foi afastado definitivamente por causa de denúncias de assédio sexual e moral contra funcionários. A interinidade no comando da CBF, que dura desde 6 de junho de 2021, deve finalmente terminar.

O mais recente capítulo da intensa disputa de poder na CBF ocorreu na véspera da eleição. No final da tarde de terça-feira, uma decisão do Juiz Henrique Gomes de Barros, de Maceió, suspendeu a eleição da CBF.

Por que Maceió? Porque o alagoano Gustavo Feijó, um dos vice-presidentes da CBF e opositor de Ednaldo Rodrigues, tentou na Justiça de seu Estado a decisão que não havia conseguido na Justiça do Rio de Janeiro. Além disso, Feijó havia tentado um recurso à Comissão Eleitoral da CBF, que também foi negado.

A liminar em Alagoas informa que, em caso de descumprimento, a CBF teria que pagar multa diária de R$ 200 mil.

Na noite de terça, Feijó protocolou nova petição na Justiça alagoana, na qual pede que a multa em caso de descumprimento suba para R$ 1 milhão, inclusive com responsabilidade pessoal de Ednaldo Rodrigues, além de R$ 100 mil para cada um dos membros da comissão eleitoral da CBF: Fernando Barbalho Martins, Pedro Freitas Teixeira e André Luiz Faria Miranda. Ainda não houve decisão sobre esse pedido.

Até ontem a Confederação ainda tentava derrubar a liminar. Ao mesmo tempo, manteve os preparativos para o pleito. A comissão eleitoral da CBF argumenta que não foi notificada da decisão da Justiça alagoana e pretende realizar normalmente a votação, prevista para começar às 11h30.

Outra tentativa de impedir a realização da eleição na CBF foi desarmada na terça. A ONG Instituto Astro – Associação dos Trabalhadores Operantes – acionou a Justiça para reclamar que a CBF não convocou os presidentes dos clubes que disputam o Campeonato Brasileiro Feminino para a votação.

O juiz Mario Cunha Olinto Filho, da 2a Vara Cível da Vara da Tijuca, no Rio de Janeiro, decidiu que a ONG não tem legitimidade para fazer esse pedido e não o concedeu.

Na gestão de Ednaldo Rodrigues, a CBF terá quatro novos vice-presidentes. Uma das vagas é a do próprio Ednaldo, agora promovido à cabeça da chapa, e as outras são de Gustavo Feijó, Castellar Guimarães Neto e Antonio Carlos Nunes, o Coronel Nunes.

Estas quatro vagas serão ocupadas por Rubens Lopes (presidente da Federação do Rio), Reinaldo Carneiro Bastos (presidente da Federação Paulista), Hélio Cury (presidente da Federação do Paraná) e Roberto Góes (presidente da Federação do Amapá).

Os outros quatro vice-presidentes já ocupavam esses cargos na gestão de Rogério Caboclo: Fernando Sarney (MA), Francisco Noveletto (RS), Marcus Vicente (ES), que não têm ligações com as federações de seus Estados, e Antonio Aquino, presidente da Federação do Acre.

Ednaldo Rodrigues afirmou que entre seus planos estão vender um avião e um helicóptero da CBF. De acordo com o presidente interino, a partir de agora os dirigentes da entidade devem viajar de voo de carreira.

Ainda segundo Rodrigues, o avião até é usado pela confederação com frequência, o que não é o caso do helicóptero.

“A entidade tem duas aeronaves, e eu não conheço uma. Tem um helicóptero que eu nunca vi, não sei se é azul, amarelo ou verde. Mas existe. Eu vou vender as duas aeronaves, tanto o avião quanto o helicóptero, e fazer disso receitas para infraestrutura dos estádios, melhoria dos gramados, iluminação, canalizar para o futebol”.

Após a confirmação da eleição, Ednaldo Rodrigues deverá preencher postos-chave na CBF que hoje estão vagos, especialmente a Secreteria-Geral, responsável pela articulação institucional e a relação com Fifa e Conmebol, por exemplo. O último ocupante deste cargo foi Eduardo Zebino, demitido por Ednaldo Rodrigues no mês passado por ter respondido a uma carta da Fifa sem consultá-lo a respeito do conteúdo do documento.

Também está sem chefe a Comissão de Arbitragem, desde que Leonardo Gaciba foi demitido no fim do ano passado. Ednaldo Rodrigues diz que ainda não tem um nome favorito para o posto.

O que certamente não vai mudar é o comando das seleções brasileiras – tanto a feminina quanto a masculina. Pia Sundhage e Tite são bem avaliados pelo futuro presidente da confederação.

A eleição desta quarta-feira é resultado de um acordo entre CBF e MP do Rio de Janeiro que desde 2017 contestava as regras eleitorais da entidade. Após a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), homologado pela Justiça do Rio, novas regras foram definidas.

O peso dos votos foi mantido: os votos das federações têm peso 3, dos clubes da Série A têm peso 2 e dos clubes da Série B têm peso 1 – o que permite às federações decidirem sozinhas, pois teriam 81 votos contra 60 dos clubes.

Mas a cláusula de barreira foi reduzida. Antes, era preciso ter o apoio de 8 federações e 5 clubes da Série A para registrar uma chapa – agora esse número caiu para 4 federações e 4 clubes.

Ainda assim, só a chapa de Ednaldo Rodrigues foi registrada. Ele teve o endosso formal de 26 federações estaduais (todas, menos Alagoas) e 37 dos 40 clubes das Séries A e B (só faltaram os alagoanos CSA e CRB, além do Grêmio).

FUTEBOL MINAS FM