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Cruzeiro aprova suas contas com deficit de R$ 230.000.000,00

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Os conselheiros do Cruzeiro aprovaram, na noite desta quinta-feira, as contas do clube relacionadas ao exercício de 2020. A sessão foi realizada por videoconferência por causa da pandemia do novo coronavírus, diferentemente das outras sessões realizadas, ano passado, quando a Covid-19 já estava presente no cotidiano. O quórum foi considerado baixo pelos conselheiros (80 pessoas) e não houve aprovação por unanimidade. O Cruzeiro acumula dívida de R$ 900 milhões.

A aprovação do balanço precisava ser realizada até esta sexta-feira. Foi o segundo pior resultado líquido da história: R$ 226,5 milhões de deficit no ano passado, reflexos ainda do desastroso exercício de 2019.

Na manhã desta quinta, um grupo de conselheiros emitiu um manifesto, afirmando que as contas deveriam ser reprovadas. No entendimento deles, o clube apenas alongou a dívida, levando ela de curto a longo prazo.

“Utilizam de manobras (pedaladas) para diminuir o exorbitante déficit de R$ 180 milhões (na verdade, R$ 226 milhões). E não levam a sério o risco de insolvência. Falta a eles, realidade. Gastou-se duas vezes mais do que o arrecadado. E gastou-se mal. R$ 250 milhões com o futebol e temos um time Série B” – diz o manifesto.

O resultado líquido é um pouco diferente do “resultado real” das finanças cruzeirenses. Os números poderiam ser piores. É que no cálculo foram incluídas contingências (na casa dos R$ 60 milhões positivos e que não representam caixa) e também o acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (R$ 152 milhões negativos).

No fim das contas, o resultado real chegaria a R$ 262 milhões negativos em 2020. O resultado líquido é o segundo pior da história, mas ainda está longe do de 2019, quando o clube registrou R$ 394 milhões negativos. A dívida a curto prazo ainda é um temor: R$ 327 milhões a serem pagos em um ano.

O Cruzeiro conseguiu um passo importante: frear o crescimento da dívida global em 2020. Tudo, principalmente, por causa do acordo com a PGFN. Este resultado fez a dívida cruzeirense regredir em relação aos números apresentados dos três primeiros trimestres de 2020 – a dívida chegou a R$ 1,036 bilhão.

O clube também fez importantes cortes de custos em algumas áreas, como o futebol, mas ainda apresentou um gasto elevado, tendo-se em conta que está na Série B do Brasileiro. Foram gastos R$ 250 milhões em 2020. Menos que 2019 e 2018, mas (em números frios) mais que em 2016 e 2017, quando estava na Série A do Brasileiro.

Com a queda para a Série B do Brasileiro e a pandemia do novo coronavírus, o Cruzeiro teve um importante decrescimento da receita gerada. Se em 2019 acumulou R$ 280,8 milhões, em 2020 foram R$ 118,8 milhões. Quedas no período:

  • Vendas de atletas (de R$ 108 milhões para R$ 23 milhões);
  • Televisão (de R$ 103 milhões para R$ 40 milhões);
  • Bilheterias (de R$ 18 milhões para R$ 1 milhão).

Uma parte das receitas que cresceu foi a de patrocínios. A tendência de crescimento já havia sido registrada no último balanço trimestral. Em 2020, o Cruzeiro embolsou R$ 33 milhões, contra R$ 26 milhões em 2019. Ampliação de R$ 7 milhões. A arrecadação com o programa de sócios acabou caindo. Em 2019, foram R$ 14,1 milhões, enquanto, ano passado, foram R$ 11,8 milhões.

Os gastos com o futebol chegaram a R$ 250 milhões no período. Muito menos que os R$ 438 milhões gastos em 2019, quando o Cruzeiro foi rebaixado para a Série B do Brasileiro. Mas mais, em números frios, do que 2016 e 2017. Corrigidos, os valores daqueles anos ultrapassariam o gasto no ano passado.

Neste miolo, o Cruzeiro teve muito menos gastos com a aquisição de direitos econômicos, com viagens e liberação de atletas, por exemplo. Entretanto, aumentou consideravelmente o valor em “acordos e indenizações”. Foram R$ 36 milhões em 2020, contra R$ 5,5 milhões em 2019. Fruto do grande volume de saída de atletas e acordos.

“É possível notar a redução do curto prazo em R$ 298 milhões em comparação com 31/12/2019, em contrapartida aumento no passivo não circulante de R$ 391 milhões. Essa situação permitiu ao clube ter uma melhoria no fluxo de caixa” – diz a nota do clube.

Algumas despesas, no profissional, não tiveram tanta queda assim em relação a 2020, quando o volume de recursos era maior. Por exemplo, o pagamento de direitos de imagem caiu de R$ 19 milhões para R$ 15 milhões. O pagamento a intermediações caiu levemente, de R$ 3,5 milhões para R$ 2,8 milhões.

Nas categorias de base, esportes amadores e clubes sociais, as despesas caíram pela metade pelo balanço apresentado. Foram de R$ 66 milhões para R$ 33 milhões.

Quanto aos empréstimos, o Cruzeiro passou de R$ 142 milhões para R$ 128 milhões. O clube manteve linhas de crédito com quatro instituições financeiras e ainda manteve no mesmo patamar (de R$ 50 milhões para R$ 49 milhões) os empréstimos com pessoas físicas e jurídicas, mas não financeiras.