Padre conta com doações de empresas e fiéis para execução total do projeto
O meticuloso trabalho dos restauradores revela detalhes escondidos durante a restauração dos elementos artísticos integrados da Capela Nossa Senhora da Lapa dos Olhos d’Água. Esse exemplar do século 18, patrimônio cultural municipal, está localizado na Serra do Camapuã, na zona rural de Entre Rios de Minas, no Campo das Vertentes, e integra o percurso da Estrada Real.
Iniciada em setembro de 2024, a intervenção interna é a primeira etapa do projeto, que contempla a recuperação do retábulo‐mor, retábulos colaterais (lado epístola e lado evangelho), arco cruzeiro, púlpito, balaustradas em madeira recortada na nave e no coro.
“A cada camada removida, surgem pinturas e detalhes artísticos que remetem a períodos e influências culturais distintos, oferecendo contribuições valiosas para a preservação deste patrimônio cultural tão importante para a nossa comunidade e também para todos os mineiros”, comenta, cheio de entusiasmo, o Padre Ildeu da Cruz Silvio, responsável pela Capela Olhos d’Água, que é ligada à Paróquia Nossa Senhora das Brotas, pertencente à Arquidiocese de Mariana.
Inicialmente serão investidos cerca de R$ 1,2 milhão viabilizados por meio de emenda parlamentar enviada pelo Deputado Federal Dr. Frederico de Castro Escaleira em atendimento ao pedido dos vereadores de Entre Rios de Minas José Resende Moura e Rivael Nunes Machado, em parceria com a Prefeitura Municipal.
Neyla Bello, da Átrio Conservação, Restauração e Artes, empresa que executa o restauro dos elementos artísticos da Capela, explica que o processo começou com a higienização do retábulomor (nas partes da frontal e traseira), onde foi necessária a remoção de sujidades e excrementos de animais. Somente após realizar a fixação da pintura original para evitar que ela se desprenda durante o processo, a equipe iniciou cuidadosamente a remoção das camadas de repintura, utilizando técnicas específicas para preservar a arte original.
“As análises preliminares feitas pelo conservador e restaurador responsável, Cristiano Felipe Ribeiro, indicam as presenças de quatro repinturas de diferentes épocas de intervenções que ocorreram ao longo do tempo. Nosso principal objetivo é identificar a camada pictórica original”, detalha Neyla.
O engenheiro e arquiteto que acompanha as obras na Capela, Felipe Pires, detalha as etapas de restauro da Capela.
“O projeto está previsto em pelo menos duas grandes fases, sendo a primeira composta pela restauração dos elementos artísticos em madeira e pela consolidação da estrutura das paredes, que estão instáveis em alguns trechos. Para a total restauração da capela, incluindo a revisão da cobertura, substituição de forros e pisos, e finalização das esquadrias e cantarias, será necessário recorrer a doações e a recursos disponibilizados por leis de incentivo”, afirma Pires.
Para a execução completa do projeto, serão necessários aproximadamente R$ 2 milhões, valor que poderá ser realizado por meio de doações de empresas, contribuições de fiéis e apoio da comunidade, como explica o Padre Ildeu da Cruz Silvio, responsável pela paróquia.
“Convido a todos a se unirem a esse esforço coletivo. Com o apoio da comunidade, das empresas e da fé de cada um, podemos restaurar plenamente uma das igrejas mais antigas de Minas Gerais. Cada contribuição é um gesto carinhoso e de cuidado com esse patrimônio cultural repleto de memórias”, acrescenta o Padre Ildeu.
As contribuições financeiras para as obras da Capela podem ser realizadas por meio do site www.capelaolhosdagua.com.br.
A CAPELA
Representante da arquitetura rococó no barroco mineiro, a capela está em um ponto privilegiado, nos Caminhos de Santiago e Religioso da Estrada Real. Além de local de culto e referência para a religiosidade local, é tombada como patrimônio cultural pelo município desde 2000. Sua área construída é de aproximadamente 300 m², e se localiza em um terreno murado cuja área total é de cerca de 2400 m², onde, além da capela, há um antigo cemitério ainda em uso pela comunidade local.
Desde sua construção, datada de meados de 1720-1730, a Capela passou por diversas intervenções, sendo as mais recentes em 2021.
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