Ao acompanhar a canonização de Irmã Dulce, uma pergunta me vem à mente: e a canonização de Padre Libério, o nosso Santo Padre Libério? A devoção a esse homem, exemplo de fé, amor e bondade, já existe. Claro, sem o reconhecimento oficial da Igreja Católica (mas também nunca vi a Igreja desaconselhar alguém a ter fé em Padre Libério).
Tive a honra e a graça de conhecer Padre Libério pessoalmente, em Pará de Minas, onde fui acompanhar minha mãe, que pedia sua intervenção em favor de um primo (que, apesar das mínimas chances, milagrosamente, sobreviveu). Desde então, são inúmeras idas até Leandro Ferreira, onde ele foi sepultado em 22 de dezembro de 1980.
O pedido de beatificação, primeiro na hierarquia, até que ele seja declarado santo, foi feito em 1996. Mas o processo só andou mesmo em março 2016, quando uma comitiva do Vaticano esteve na nossa região para um trabalho mais aprofundado. Naquele mesmo ano, no mês de novembro, toda a documentação foi remetida a Roma.
Uma das etapas mais importantes dessa fase é a comprovação dos milagres atribuídos ao santo. Mas não simplesmente relatados. Precisam passar pelo crivo jurídico-científico da Igreja. Comprovando-se os fatos extraordinários, tem-se a base para a elevação a Santo. A todos os devotos desse homem de virtudes inabaláveis e inquestionáveis só resta aguardar. Não há prazos pré-estabelecidos. Mas para quem tem fé no Santo do Centro-Oeste a beatificação ou a canonização de Padre Libério são apenas um detalhe. Para todos esses, Padre Libério já é Santo.
Mas o Papa Francisco tem mostrado um interesse maior na canonização. Já proclamou 898 santos, desde 2013. Segundo especialistas, o interesse local, na origem do candidato, é fundamental para que um processo desses ande mais rápido. E devoção é o que não falta a Padre Libério.
COMO FUNCIONA O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO
- Na primeira fase, cinco anos após a morte do candidato, abre-se um processo para investigar a fama de santidade e as virtudes cristãs da pessoa. Se tudo caminhar bem, ela é classificada como “serva ou servo de Deus”. Essa primeira fase acontece no local onde o candidato morreu
- A avaliação passa para a Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. Se a congregação avaliar que a conduta, a fé e o pensamento do candidato eram irrepreensíveis, ele se torna “venerável”, dotado das chamadas virtudes heroicas
- A comprovação de um primeiro milagre (cura sem explicação médica clara, realizada quando um fiel pediu a intercessão do candidato a santo junto a Deus) faz com que o candidato se torne beato, já podendo ser venerado em sua região de origem. Caso tenha morrido como mártir (em defesa da fé), os passos 1 e 2 podem ser pulados
- Com um segundo milagre, vem a possibilidade da canonização, em que a pessoa é proclamada santa e pode ser cultuada no mundo todo. O papa pode deixar de lado a obrigatoriedade do segundo milagre em circunstâncias especiais
Para quem quer conhecer um pouco mais dessa história, o blog exibe abaixo parte do filme da Braga Produções (37 98833-7978) sobre Padre Libério.