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Rascunhos da Vida: O mocho…

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Retirado do site: https://www.freeimages.com/pt/photo/barn-owl-1389467

Você provavelmente como eu já criou ou morou com alguém que criava álbum animal de estimação. Os famosos “Pets” vão desde os comuns até os mais inusitados, são cães, gatos, pássaros, hamster, entre outros.

Salmo 102.6

Retirado do site: https://www.freeimages.com/pt/photo/barn-owl-1389467

Quando menino era muito comum pessoas criarem animais silvestres. A lei não era tão rígida, não era tão pesada, e por isso a grande maioria das casas tinha pelo menos um tipo de animal de estimação. Meu pai adorava criar pássaros. Ele tinha um viveiro enorme, dentro dele duas caixas de João de Barro que serviam de ninho para os canários chapinha. De vez em quando eu entrava (enquanto cabia) dentro do viveiro para ver se tinha ovinhos dentro delas. Depois de um tempo papai passou a tarefa para o Deco, pois como ele era muito magrelo o que facilitava entrar pela portinha.

Um dia eu e o Deco capturamos um filhote de mocho, era lindo, branquinho, tinha alguns desenhos ao redor dos olhos, a sua cabeça virava quase que totalmente, ele nos seguia com o olhar o tempo todo, gostava de ficar em locais escuros durante o dia e andar durante a noite. Mas quando ele chegou tentamos alimentá-lo e ele não queria. Tentamos de tudo, carne, ração, angu, arroz, até salada (às vezes ele era “Fit”) e nada. Então esqueci um pedaço de carne perto dele vieram moscas e puseram seus ovinhos que se transformaram em larvas, quando isso aconteceu o mocho comeu a carne.

Não sei por que, mas ele só comia a carne cheia de “bicho”. Então eu ia ao açougue do “Geraldo açougueiro” e pedia a ele uns pedaços de muxiba para dar para minha coruja, colocava num tabuleiro em cima do telhado da casinha do fundo para que moscas pudessem pousar e a mamãe não ficasse brava por deixar aquela carne ficar cheia de bichos. Quando isso acontecia dava para o mocho, que comia feliz (pelo menos eu acho, pois ele passou a me seguir aonde eu ia).

Não sei quem era o autor do salmo 102, mas creio que foi alguém que passou por intenso sofrimento. No verso seis ele cita dois animais imundos para o judeu, o pelicano e a coruja (ou mocho). A comparação é interessante, pois ele se considerou imundo. Ele diz sou como o pelicano no deserto, sendo assim inútil e totalmente desamparado, sem local para habitar, sem alimento e proteção, pois local de pelicano não é um deserto.

Ao dizer sou como o mocho ele intensifica comparação ao agregar a palavra “das ruínas ou na solidão”. É como se ele dissesse eu me alimento de podridão, da morte ou daquilo que me restou, fico sozinho comparando e seguindo os outros em seu caminhar. Alguém só, abandonado a própria sorte, em um lugar eximo e cheio de recordações.

Mas após as inúmeras menções de dor e sofrimento, o salmista diz “Tu és o mesmo eternamente”. Assim ele finaliza o salmo com uma menção de esperança no Deus que não muda e que está disponível, que se envolve e que nos ama ao ponto de entregar seu filho unigênito para que deixemos de ser inúteis e desamparados. De vivermos solitários e envoltos num sentimento de abandono. Para termos a convicção de que Deus nos ama, ele ampara e sustenta. Pense nisso, e envolva-se com a presença do Senhor.

Um grande e fraterno abraço!
Nos laços do amor de Cristo.

Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que reconhece o poder do Deus que me cercaste em volta.