Meninos brincam com qualquer coisa. Desde tampinhas de garrafa até com pessoas. Nessas brincadeiras eles muitas vezes perturbam outras pessoas, e precisam ser corrigidos por isso.
No período de férias sempre íamos para ao povoado de Raposos no distrito de Santo Antônio do Monte. Ficávamos hospedados na fazenda do vô Benevides, de manhã tomávamos leite direto da teta da vaca, comíamos frutas do pomar, colhíamos verduras e legumes na horta da propriedade. Procurávamos espigas de milho de pipoca no pequeno paiol, andávamos a cavalo, pescávamos, caçávamos, jogávamos bola, contávamos causos e implicávamos a Dona Viníca.
Dona Viníca era uma senhora bem velhinha que morava sozinha próximo ao campo de futebol, numa casinha bem simples, com apenas um quarto, uma sala e uma cozinha. Era a única casinha do povoado que ainda não tinha energia elétrica. De fora da casa sempre ficava um feixe de lenha que era usado no fogão que aquecia a serpentina. Uma das coisas que nos mais fazíamos era bater na janela dela e sair correndo. Ela ficava perturbada com aquilo, ficava brava e muitas vezes até nos perseguia.
Parecia um daqueles filmes de terror tipo Sexta-feira treze, ela vinha andando devagarzinho e quase sempre nos alcançava, ou chegava à nossa frente. Realmente ela tinha um sistema de tele transporte ou conhecia atalhos que nós desconhecíamos. Sempre que ela nos perseguia ela falava com mamãe, e com isso erámos corrigidos, com cinto, vara, e palavras. Bem, minha mãe geralmente chamava a atenção, repreendia e saía de perto para que não continuasse a falar sobre nossas atitudes. Era uma maneira sábia de não irritar-nos ao aplicar a correção necessária.
Com o tempo, e com a perseverança de minha mãe aprendemos que não deveríamos irritar uma senhora tão velhinha e solitária, mas deveríamos ser respeitosos com ela, e procurar fazer o bem. Isso entrou no meu coração e com o passar do tempo continuava a implica-la com menor intensidade e ajudar muito mais com atitudes em pequenas coisas e tarefas. Muitas vezes levei para ela o feixe de lenha, carreguei suas compras, outras vezes busquei baldes de água, e uma vez fui a casa dela onde a luz de vela orei com ela e li o salmo 23.
Meu coração de criança adorava brincar, mas as palavras não irritantes de minha mãe direcionadas pelo Espírito Santo me fizeram mudar as atitudes, mesmo gostando da adrenalina de ser perseguido por Dona Viníca. A Bíblia é clara, nós como pais precisamos corrigir nossos filhos, como amigos nós precisamos repreender nossos conhecidos, como servos de Cristo nós também precisamos imitá-lo. Pense nisso, e não deixe de cumprir o seu papel de pai, amigo, e servo.
Um grande abraço!
Nos verdadeiros laços do amor de Cristo.
Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que mesmo gostando de ser perseguido por Dona Viníca, mudou suas atitudes após a repreensão.
