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Onde foram parar os cobradores de falta?

Por Hugo Serelo

Há 20 anos, o Campeonato Brasileiro tinha os seguintes cobradores de falta: Petkovic, Ramon Menezes, Juninho Pernambucano, Rogério Ceni, Arce, Valdo, Marcelinho Carioca, Ronaldinho Gaúcho, Marcos Assunção e Alex.

Para esses dez nomes, uma falta perto da área era quase gol, pois todos eram especialistas.

Hoje, o futebol brasileiro não tem nenhum cobrador capaz de apavorar adversário. Mas o que aconteceu? Onde foram parar os cobradores de falta?

Cruzeiro

Pelo Cruzeiro; Egídio e Robinho já fizeram gols de falta exporadicamente. Edílson arrisca cacetadas de longe. Mas nenhum deles empolga. Hoje, uma falta para o Cruzeiro é uma quase certeza de bola na barreira ou isolada.

Os últimos especialistas da Raposa foram Alex (2003-2004) e Valdo (1998-1999). É muito pouco.

Atlético

Pelo Galo, Ricardo Oliveira já guardou gols na bola parada, mas não é um especialista com regularidade no quesito.

Porém, as temporadas recentes foram marcadas por belos gols do venezuelano Otero. Um meia de qualidade técnica questionável, mas que de tanto treinar tornou-se um especialista capaz de decidir vários jogos chutando faltas de perto e de longe. E até em gols olímpicos.

O clube teve Ronaldinho Gaúcho (2012-2014) e Ramon Menezes (2000-2002) como autores de gols freqüentes. É bom, mas poderia ser melhor.

Treinamento

Uma das principais causas do desaparecimento dos especialistas em falta é a ausência de treinamentos.

A repetição leva à perfeição.

Pelo Cruzeiro, Nelinho treinava uma média de 70 cobranças após o treino. Rogério Ceni treinou 15.000 faltas antes de chutar a primeira cobrança num jogo oficial.

Setoristas que cobrem os clubes mineiros ainda não relataram atletas atuais com essa disposição em treinos de faltas.

Jejum da Seleção

A Seleção Brasileira está há quatro anos sem marcar um gol de falta. São mais de 60 partidas sem um mísero golzinho de bola parada. Uma vergonha para uma Seleção de Pelé, Zico, Rivelino, Nelinho, Roberto Carlos e outros.

Treinadores

Os técnicos têm sua parcela de culpa. Corrigir esse problema é uma função do treinador, que deve orientar e incentivar seus atletas com melhor disposição a se tornarem cobradores.

Hoje, o batedor de falta é  artigo de luxo.

O clube brasileiro que tiver um especialista em seu grupo terá uma ampla vantagem contra os concorrentes.

Justiça seja feita à Cuca, que sempre exige empenho dos cobradores e também elabora jogadas ensaiadas.

Hugo Oliveira Pegoraro Serelo, tem 31 anos. É pesquisador esportivo, repórter policial e apresentador. Nasceu em Andradas-MG e mora em Divinópolis. Torce pro Rio Branco de Andradas e tem uma leve simpatia pelo Cruzeiro Esporte Clube.

O lendário gol de Roberto Carlos contra a França.