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Finanças: Você saberia enxergar a próxima Apple?

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Sempre parece mais fácil olhando no retrovisor. Mas a geração de valor da maior empresa do mundo não aconteceu do dia para a noite.

A empresa mais lucrativa da história

A Apple anunciou, ontem, o lançamento de seus novos iPhone 12.

Tecnologia 5G, mais rápidos, mais resistentes, mais lindos… mais caros.

Fonte: Apple

Nova tecnologia 5G? Mais uma oportunidade para vender um novo telefone.

Impressionante como a icônica marca consegue reinventar formas de convencer o consumidor a gastar (ainda) mais com gadgets.

Eu também adoraria comprar o “novo” iPhone 4 (brincadeira).

A empresa mais lucrativa da história

Segundo a Forbes, a Apple possui 32 por cento do mercado global de celulares, mas se apropria de 66 por cento dos lucros.

A "pobre" Samsung fica com apenas 17 por cento dos lucros.

No magnífico livro The Four (“Os Quatro: Apple, Amazon, Facebook e Google. O Segredo dos Gigantes da Tecnologia”), o Professor Scott Galloway explica como a Apple se tornou uma empresa de luxo.

Olhando suas lojas, temos que dar razão ao professor.

Fachada de uma loja da Apple.

Fonte: Insider Monkey.

Tech de luxo. A empresa de luxo mais valiosa do mundo.

A Apple conseguiu transformar seus produtos em declarações de personalidade e caráter: think different (pense diferente).

Compramos celulares da Apple para mostrar ao mundo como apreciamos qualidade, como somos refinados, como somos diferentes.

Mesmo com 2,2 bilhões de iPhones vendidos na história.

É impressionante no que a Apple se transformou desde a sua fundação, em 1976.

Primeiro produto da Apple.

Primeiro produto da Apple. Fonte: Wikipedia.

Poderia passar dias comentando sobre a estratégia da Apple (leiam o livro).

Entretanto, o que me preocupa é: estaria eu preparado para enxergar uma Apple se ela passasse na minha frente?

Um sonho real

Olhando no retrovisor, parece que era óbvio. Sempre parece óbvio com a história já escrita.

É o viés retrospectivo, ou "Galvão, eu já sabia", que nos ensina Kahneman (outro ótimo livro).

Ronaldo Nazário (ex-jogador de futebol) segura um pedaço de papelão escrito "Eu já sabia!".

Fonte: Eu-Ri

"Como minha vida seria fácil se apenas tivesse comprado Apple".

Seria? Nem comprando a maior empresa do mundo, a mais lucrativa, a mais bem-sucedida, a riqueza viria fácil e rapidamente.

Vamos acompanhar como transcorreu o maravilhoso sonho do visionário Steve Jobs.

1976 – 2020

Uma análise muito mais adequada deveria ser feita olhando os resultados de Apple.

Porém, a longo prazo, os preços das Ações tendem a seguir os resultados e, neste caso, as Ações de Apple seguem os lucros.

Apple fez seu IPO em 1980, e passou por maus bocados até vencer o estouro da bolha das ".com" nos anos 2000.

Gráfico mostra Apple e SPX entre 1982 e 2000.

Apple e SPX entre 1982 e 2000. Fonte: Bloomberg.

Até 1991, a Apple atuava (com certo sucesso) no competitivo mercado de computadores pessoais contra o colosso IBM.

A visão de Steve Jobs ainda não estava em harmonia com seu mercado (acionistas), e o fundador deixou a Apple em 1985.

Vários produtos de pouco sucesso foram lançados, e Jobs retornou a uma problemática Apple em 1997 (Ações nas mínimas).

Com a volta de Jobs, a Apple renovou sua oferta de Macintoshes (ainda em computadores) e sobreviveu ao estouro da bolha da internet em 2000.

Em 2001, a Apple lançou o iPod e sua vida mudou.

O lançamento do iPod catapultava a Apple para novos mercados. Mas os investidores demoraram a entender o potencial da nova Apple.

Mesmo com o sucesso do Ipod, as Ações empataram com o índice SPX em 2001, 2002, 2003 e 2004.

Gráfico mostra Apple e SPX entre 2000 e 2010.

Apple e SPX entre 2000 e 2010. Fonte: Bloomberg.

Só em dezembro de 2004  quando a companhia despachou 4,6 milhões de iPods e suas receitas saltaram +74 por cento  que o mercado começou a compreender o que estava acontecendo.

As Ações, após perderem para o índice ano após ano desde 1982, dispararam.

Ali, ao final de 2004, surgia uma nova Apple. O resto é história.

O primeiro iPhone foi lançado em janeiro de 2007. O iPad surgiu em 2010, e o iWatch em 2015.

Gráfico mostra Apple e SPX entre 2010 e 2020.

Apple e SPX entre 2010 e 2020. Fonte: Bloomberg.

Tivemos 2 Apple: uma entre 1982 e 2004 e outra a partir de 2004.

"Apenas" +35 por cento ao ano

Sempre parece fácil olhar o passado e nos convencer de que teríamos a sensatez de comprar as Ações e esperar os resultados aparecerem.

Mas nem Steve Jobs conseguiu esperar que os resultados aparecessem.

A Apple subiu algo ao redor de +106 mil por cento desde 1982. Parece muito.

Mas são "somente" +19,5 por cento ao ano.

Mil dólares investidos em 1982 se transformariam em mais de 1 milhão hoje.

O S&P 500 se valorizou +2.397 por cento, ou +8,6 por cento ao ano. O SPX transformaria mil dólares em 25 mil dólares.

Desde 2004, a história fica mais interessante, mas não muda.

A Apple se valorizou, desde dezembro de 2004, +12.000 por cento, "apenas" +35 por cento ao ano, em média.

Ficou interessado?

Berkshire Hathaway

Uma reunião da Berkshire Hathaway (BRK) em Omaha, empresa de investimentos de Warren Buffett, me marcou muito.

Fizemos  um curso durante toda a semana e tivemos a oportunidade de conhecer diversos acionistas históricos locais (de Omaha) e turistas da BRK.

Conversando com alguns deles nos elevadores do Hotel, no café da manhã, nos corredores ou nos eventos, a história era sempre a mesma:

"Comprei BRK nos anos 1980 e tenho milhões de dólares em Ações."

"Comprei BRK em 1990 e sou multimilionário."

"Comprei meu Fundo de pensão em Ações de BRK e…"

Diversos multimilionários que não tinham a menor ideia de mercados, finanças ou análise de empresas.

Descobriram a Berkshire nos idos dos anos 1980, investiram parte pequena de suas economias e se tornaram multimilionários com o tempo.

Foram "apenas" +20 por cento ao ano por algumas décadas.

Compre Apple?

Muita gente acha que devemos comprar Apple só porque Buffett comprou Ações da empresa.

Porém, Buffett investe mais de 500bi de dólares e nós não chegamos nem no primeiro bi ainda.

Faz sentido que a maior empresa do mundo e o maior investidor do mundo morram de amores um pelo outro.

Além disso, Buffett acompanha a Apple faz anos e anos. Ele se aproveitou de um momento em que as vendas de iPhone caíram na China e comprou caminhões das Ações.

Hoje, a 25x Ebitda e 37x lucros, preferimos esperar um momento melhor.

Gráfico mostra Apple EV/Ebitda (marrom) e P/L (branco).

Apple EV/Ebitda (marrom) e P/L (branco). Fonte: Bloomberg.

Buffett acompanhou e acompanhou. Esperou, esperou e entrou em um momento muito bom (ao redor de 11x lucros).

A nós, nos resta esperar. Enquanto esperamos, focamos em muita coisa boa e barata que temos em nosso mercado.

Esperando a próxima Apple

Morro de vontade de conseguir enxergar a próxima Apple.

Estudo e trabalho muito (muito!) me preparando para encontrá-la, quem sabe um dia, no horizonte.

Podemos até já tê-la encontrado no ANTI-Trader, quem sabe?

Talvez não a próxima Apple, mas uma companhia que consiga nos trazer +35 por cento de retorno médio anual por 16 anos.

Talvez mais de uma?

Talvez, aproveitando as quedas das Ações para aumentar posições, conseguiríamos elevar ganhos para +35 por cento ao ano?

Concentrando e desconcentrando nosso portfólio, aproveitando bons resultados e boa visibilidade de resultados a nosso favor.

Comprando quando a Bolsa cai. Trocando Ações que sobem demais por algumas que caem demais – sempre de olho no potencial de resultados das companhias.

Esta é a estratégia do ANTI-Trader. Em 1,5 ano de pandemia e crise acumulamos +54 por cento de retorno médio anual.

Gráfico mostra ANTI-Trader (branco) e Ibovespa (azul).

ANTI-Trader (branco) e Ibovespa (azul). Fonte: Bloomberg.

Dê tempo ao tempo.

Esperamos ansiosamente as próximas décadas.

Postado originalmente por: Nord Research