Estamos, mais uma vez, ficando para trás
Sinais trocados
Após uma segunda-feira de otimismo, os mercados globais têm dia sem direção definida. Ações europeias têm valorização, mas sinais dos futuros nova-iorquinos apontam na direção oposta.
Se, por um lado, a perspectiva de retomada econômica traz algum otimismo, por outro, preocupações com relação aos valuations dos ativos voltam ao radar. “Será que fomos longe demais?” – perguntam-se os investidores.
Escrevo estas linhas [bem] antes da abertura do Ibovespa Futuro. Mas se tiver que apostar, o noticiário não deve ajudar hoje: uma potencial ressaca relacionada ao aumento do CSLL dos Bancos parece encomendada.
Tapa-buraco
O governo federal decidiu zerar o PIS-Cofins dos combustíveis e do gás de cozinha. Pagarão a conta as instituições financeiras – mediante aumento da CSLL – e a indústria química.
O grande problema de mandar a fatura para um oligopólio – como é o nosso setor bancário – é que seu repasse ao consumidor final é tarefa relativamente fácil. Resumo da ópera? Economiza na bomba, entrega nos juros.
Diminuir despesa, ninguém em Brasília quer.
Ademais, a situação cria um precedente interessante: fica estabelecido que quem chorar mais leva mais. Você acha mesmo que a chantagem vai parar por aí?
Não é fácil ser brasileiro.
Ficou para depois
A equipe econômica já descarta uma recuperação econômica no 1T21. Creditam a lentidão, principalmente, às restrições à circulação e à baixa disponibilidade de vacinas.
A vocação brasileira em ficar para trás vai, mais uma vez, se confirmando.
Paralelamente, a situação da pandemia se agrava de maneira significativa em diversos Estados da Federação.
Ao que tudo indica, a coisa ainda vai piorar bastante antes de melhorar.
Pacta corvina
A MP que inicia os estudos para privatização da Eletrobras (ELET3) já ganhou 570 emendas.
Eu disse quinhentas e setenta.
Que a criatividade dos nossos parlamentares é infinita, já sabemos há muito tempo. Mesmo assim, não deixo de me espantar.
Dentre as diferentes frentes, porém, a que mais me chama a atenção é a que discute, desde já, a destinação dos recursos que a Companhia pagará na renovação de suas concessões: no atual andar da carruagem, a grana já está toda comprometida – é praticamente herança de pessoa viva.
Como se o processo já não fosse suficientemente difícil e com chances substanciais de morrer na casca…
Postado originalmente por: Nord Research