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Finanças: Vamos falar de coisa boa?

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Eu não sei vocês, mas eu ando muito cansada de notícias ruins.

A quarentena já é difícil por si só, e quando abrimos o jornal, o noticiário vem carregado de notícias ruins. Não é à toa. Estamos passando por um momento extremamente desafiador.

Mas eu sou filha da Dona Elvira, e não posso me deixar abalar! Minha mãe é médica, e trabalha em UTI. Você já imagina como a vida dela é "punk", não é mesmo? Imagine como está neste exato momento.

Mesmo assim, eu nunca ouvi a minha mãe reclamar. Ela é daquelas poucas pessoas do mundo que agrada a gregos e troianos. Está sempre com um sorriso imenso no rosto, dizendo que tudo vai passar. É um anjinho que vai contaminando positivamente as pessoas por onde ela passa.

Ela é viciada em ver o lado bom da vida. E, embora eu tenha puxado mais o temperamento destemido do meu pai, eu carrego um pouquinho de Dona Elvira dentro de mim.

Então vou aproveitar para deixar uma mensagem positiva por aqui. Vamos todos olhar as coisas boas do mercado neste momento.

Isso tudo vai passar

Em uma apresentação muito elucidativa que aconteceu ontem no Senado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, mostrou alguns dados bem legais.

Países que foram afetados primeiro pela crise do coronavírus já estão reabrindo suas economias. Famílias já podem se reunir novamente.

Conforme a curva de infectados ao redor do mundo cai, a volatilidade dos mercados também cai:

Isso acontece pois o mercado, inicialmente, imagina vários desdobramentos possíveis. Será que vai demorar um ano para passar? Será que teremos uma segunda onda de contágio? Será que a economia ficará fechada por muito tempo?

Essas dúvidas fazem o mercado derrubar os preços, descontando os possíveis prejuízos dos piores cenários. As ações entram em liquidação.

Conforme o desenho da real situação vai sendo pintado, os cenários de cauda — aqueles mais pessimistas — vão sendo descartados. Isso faz com que os preços voltem a subir.

Selic está SIM surtindo efeito

Outro gráfico muito legal que Campos mostrou foi o da evolução das taxas de juros para pessoa física e jurídica.

Embora muitos digam que a queda da Selic não representa nenhuma queda para o tomador final, os dados mostram que as taxas estão caindo sim.

Note que, tirando crédito para veículos, as taxas para pessoa física têm caído.

Não é na mesma magnitude da queda da Selic, ok? E faz sentido, uma vez que é esperada que a inadimplência cresça. Mas a taxa está caindo sim.

Isso mostra uma informação muito importante para o BC: a política monetária está fazendo efeito.

Neste caso, enquanto a inflação mostrar sinais de queda e projeções abaixo da meta, o BC deve seguir reduzindo a Selic.

A liquidez não está empoçando

Outra crítica à política monetária é a de que a liquidez promovida por diversas medidas do Banco Central estaria "empoçando" nos bancos.  

A tabela da apresentação mostra que, do dia 16 de março até o dia 22 de maio, foram feitos 500 bilhões de reais em novos empréstimos, e mais 150 bilhões foram rolados.

Novamente, isso mostra para o BC que ele segue em um bom caminho.

Essas condições, juntamente com uma curva de juro longo comportada, uma moeda comportada e um CDS (risco-brasil) comportado, fazem com que não existam motivos para o BC não cair 75 bps na próxima reunião do Copom.

Já é um começo

Apesar de toda a dificuldade que estamos enfrentando, saber que vai passar e ser um dos países emergentes que mais promoveu estímulos à economia, mostra que podemos ter consequências positivas no futuro próximo.

Apesar da retórica política não ajudar, ela também não tem impacto relevante na economia real.

As ações, por outro lado, têm!

Devemos sempre observar com cuidado a vontade do Congresso em manter uma linha de responsabilidade fiscal. Enquanto tivermos isso, teremos bons motivos para nos manter otimistas.

Um abraço,

 

Postado originalmente por: Nord Research