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Finanças: Uma pedra no meio do caminho

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Poucos são os caminhos sem solavancos. Já dizia Carlos Drummond: “tinha uma pedra do meio do caminho.”

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.”

Carlos Drummond de Andrade

Poucos são os caminhos sem solavancos. Já dizia Carlos Drummond: “tinha uma pedra do meio do caminho.”

Tudo tem seus altos e baixos. Em meio a ciclicidade de nossas vidas e do mundo, encontramos pedras.

É como se fosse necessário necessário “topar” com alguma delas para reavaliar os acontecimentos e então darmos continuidade ao caminho.

A reavaliação é muito importante durante o processo.

Ela serve para fazermos um balanço dos acontecimentos que nos levaram a tropeçar, para que assim possamos refletir, aprender e evoluir.

Então seguimos em frente, até encontrarmos a nova “pedra”, dando continuidade ao ciclo.

Jogue a primeira pedra

Quem nunca fez um investimento errado, que jogue a primeira pedra…

Apesar de acreditar que, durante a vida, os solavancos, na maioria das vezes, tendem a ter um certo espaçamento entre si, no caso dos investimentos a história pode ser um pouco diferente, como de fato foi o caso nos últimos anos  uma certa tranquilidade.

Não vimos grandes  solavancos no mercado de ações, ao menos nos últimos quatro anos. Na verdade, desde 2016, quando o Ibovespa atingiu seu ponto de mínima recente, a valorização já beira 200 por cento.

Fonte: Google Finance

Foi difícil cometer um grande erro na bolsa. A valorização das principais ações foi expressiva.

A maioria dos investidores  principalmente os que recentemente entraram no mercado  vive um caminho livre de pedras, buracos ou solavancos.

Entretanto, acreditem: tudo tem um ciclo  o planeta, a vida e até mesmo a bolsa de valores, que hoje vive o ciclo de alta.

Até quando vai subir?

Não sabemos.

Segundo a teoria, no longuíssimo prazo o mercado de ações tende a se valorizar mais do que os ativos menos arriscados, como investimentos em renda fixa.

Em um rápido exercício, vamos supor que fomos capazes de acertar a mínima que o Ibovespa marcou durante a crise de 2008  uma das mais severas desde o grande crash de 1929  lá ao final do mês de outubro.

Neste momento decidimos investir nas ações que compõem a carteira teórica do índice, acreditando que o mercado de ações fosse mostrar forte recuperação no longo prazo.

O resultado é meio frustrante.

Apenas recentemente essa carteira de ações superou o retorno acumulado do CDI. Foram alguns anos no vai e vem e apenas ao final de 2016 é que o mercado realmente decolou.

Notem no gráfico abaixo que no meio do caminho tivemos algumas “pedras” (movimentos de realização de lucros).

Ibovespa (linha azul) em relação ao CDI (linha branca); Fonte: Bloomberg

Os ciclos

Como falamos lá no começo, a vida é cíclica.

Seria um pouco irreal acreditar que o mercado de ações teria um comportamento diferente, visto que as empresas e a economia também apresentam movimentos de expansão e retração.

Como então adivinhar quando as “pedras”  neste caso,  movimentos de baixa  vão aparecer no meio do caminho?

Novamente, não fique frustrado, mas não temos como precisar tais movimentos.

Entretanto, se acreditarmos na natureza cíclica do mercado, podemos esperar que em algum momento a volatilidade vai aparecer.

Antes de entrarmos nos detalhes, vale trazer à tona a definição de volatilidade:

Substantivo feminino

Qualidade do que sofre constantes mudanças; característica do que é volátil, do que não é firme, daquilo que muda constantemente ou se vaporiza.

Fonte: Dicionário online de português (Dicio).

Então podemos dizer que, por natureza, o mercado de ações é volátil, ou seja, ele sofre constantes mudanças.

Entretanto, é mais comum o aumento da volatilidade em movimentos de queda, quando os índices oscilam muito  a dúvida, ou pânico, tendem a ser maiores do que a euforia.

Abaixo temos alguns dos indicadores de volatilidade mais acompanhados pelo mercado:

  • VIX: é calculado pela Chicago Board Options Exchange e mede a volatilidade esperada para o S&P500 nos próximos trinta dias.

VIX (linha branca) Fonte: Bloomberg

  • VXEEM:  assim como o VIX, é calculado pela pela Chicago Board Options Exchange e mede a volatilidade esperada para os ETF relacionado aos mercados emergentes  Shares MSCI Emerging Markets Index (EEM).

VXEEM (linha branca) Fonte: Bloomberg

  • J.P. Morgan Global FX Volatility Index: é outro índice que mede a volatilidade esperada no curto prazo, todavia, para moedas de países emergentes e desenvolvidos.

J.P. Morgan Global FX Volatility Index (linha branca) Fonte: Bloomberg

Notem que os três indicadores de volatilidade estão nas mínimas históricas, ou próximo delas, dada a calmaria do mercado.

Quando da forte alta desses indicadores, durante a crise de 2008, o Ibovespa caiu quase 60 por cento entre os meses de maio e novembro daquele ano.

O silêncio

Sim, os últimos anos foram relativamente bons do ponto de vista econômico mundo afora e muitos índices de ações estão nas máximas históricas, refletindo esse cenário benigno.

O mercado de ações por aqui subiu pela expectativa de melhora nos lucros das empresas, mas também porque a taxa básica de juros está na mínima histórica e o capital está em busca de retorno.

Faz muito tempo que não temos barulho…

Creio que, neste momento, vale ressaltar uma frase atribuída a Warrent Buffett: “Compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos.”

Contextualizando o ditado: compre quando o barulho é grande, venda quando há falta dele.

Postado originalmente por: Nord Research