fbpx
Pular para o conteúdo

Finanças: Um (além) mar de oportunidades

Diversificar é preciso


A bolsa de valores no Brasil

 Por: Cesar Crivelli (@crivelli.cesar)

O número de investidores na bolsa brasileira aumentou muito nos últimos meses.

Segundo dados da B3, o ano de 2019 fechou com 1,6 milhão de contas, contra 813.291 em 2018, um aumento de 106 por cento.

Hoje, nossa bolsa conta com pouco mais de 300 empresas listadas, mas apenas uma parte delas possui liquidez  volume financeiro transacionado entre compras e vendas  suficiente para serem efetivamente consideradas como oportunidade de investimento.

O Ibovespa  índice que serve como o termômetro do mercado  é formado por pouco mais de 70 ações, consideradas as mais líquidas do mercado.

Dentre essas ações, as que possuem maior peso no índice são as relacionadas ao mercado de commodities  como Petrobras e Vale  bem como os maiores bancos do país  Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.

Trata-se de um índice muito concentrado  e sempre foi assim historicamente. As treze maiores empresas representam 50 por cento do índice.

O mercado de ações nos países emergentes

Bom, a história fora do Brasil é bem diferente.

Comecemos analisando alguns mercados emergentes, que são, de certa maneira, mais comparáveis a nossa realidade  ao menos do ponto de vista de crescimento potencial.

Atente-se para o gráfico abaixo.

Apesar dos dados serem de 2017, é possível notar que, mesmo com todo esse interesse do brasileiro pelo mercado de ações  visto no último ano , estamos apenas dentro da média em relação a alguns emergentes, no quesito número de investidores.

Poderíamos também comparar o número de investidores em relação ao tamanho da economia de cada país.

Como o Brasil hoje está em oitavo e nono lugar no ranking das maiores economias (dependendo do crescimento que veremos em 2020) podemos concluir que: o número de investidores na bolsa de valores, por aqui, deveria ser muito maior, visto que Tailândia e a Malásia possuem economias bem menores, mas possuem a mesma quantidade de investidores.

O mercado de ações nos países desenvolvidos

Sem dados na mão, o que você diria sobre a quantidade de empresas listadas na bolsa brasileira em relação aos países desenvolvidos? Temos uma boa quantidade de empresas para investir por aqui? Seria nosso universo de empresas bem diversificado?

A resposta infelizmente é não.

Olhem o gráfico abaixo. Ele mostra a quantidade de empresas listadas nos principais mercados do mundo.

Notem como o triângulo que representa o Brasil é pequeno em relação aos outros países, afinal, são pouco mais de trezentas empresas.

Na Índia, por exemplo, temos mais de 7 mil empresas listadas. Nos Estados Unidos são mais de 6 mil.

Em relação ao número de investidores pessoa física, a situação também é bem diferente do que vemos por aqui, mesmo com o forte aumento do número de pessoas operando na B3 durante o ano passado.

Apenas como exemplo, nos Estados Unidos  um dos mercados mais desenvolvidos no mundo , cerca de 43 milhões de famílias possuem conta aberta para investimento em alguma das 2.857 corretoras cadastradas por lá.

Há um bom tempo atrás, lá em 1952, cerca de seis milhões de americanos, ou 4 por cento da população, possuíam investimentos em ações. Em 2018 cerca de 55 por cento dos americanos adultos  aproximadamente 180 milhões de pessoas , possuem algum investimento atrelado ao mercado de ações.

 É uma cultura de investimento bem diferente do que vemos hoje em dia por aqui.

Futuro do mercado de ações Brasileiro

A principal conquista econômica no Brasil, durante as últimas décadas, foi sem dúvida o controle da inflação após a implementação do Plano Real.

Passamos por fases de médio crescimento e, recentemente, por uma crise financeira que aumentou o número de desempregados.

Seria complicado ter esperança de que, no meio de tanta bagunça, o mercado de ações se expandisse ao ponto de, ao menos, reduzirmos um pouco diferença entre os países mais desenvolvidos, quando se trata de opções de investimento.

Apesar da forte queda nos juros  que incomoda o investidor acostumado a rentabilizar seu patrimônio sem correr grandes riscos, usufruindo por anos de uma das maiores taxas de juros do planeta  não tivemos grande aumento no número de empresas listadas na B3.

Será o futuro muito diferente? Talvez…

Os juros baixos estão empurrando os investidores para outras opções de investimentos além da renda fixa, assim, naturalmente, a bolsa se torna um dos caminhos. Todavia, tendo em vista o histórico do mercado de capitais Brasileiro, creio que seja um pouco difícil termos um crescimento exponencial no número de empresas ao longo dos próximos anos.

Ainda falta muito, do ponto de vista de educação financeira, regulamentação, transparência e principalmente interesse da parcela da população que possui recursos para investir, para que tenhamos um desenvolvimento consistente do mercado de capitais por aqui, incluindo a bolsa.

Diversificar é preciso

Apesar do mercado nacional não oferecer uma boa quantidade de empresas em bolsa para que a população possa ter outras opções de investimento, o mercado externo cumpre esse papel com louvor.

Dada a globalização e mais recentemente a entrada de inúmeras fintechs no mercado brasileiro, hoje, enviar recursos para fora do país se tornou muito menos burocrático e acessível para praticamente todas as pessoas.

Um dos principais benefícios dessa abertura comercial, que permite acesso a outros mercados, é o efeito da diversificação de sua carteira de investimentos. Mas esse assunto vai ficar para outra newsletter…

Enquanto isso, minha conta no Instagram (@crivelli.cesar) segue disponível para conversarmos mais sobre investimentos.

Nos encontramos na próxima semana!

Postado originalmente por: Nord Research