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Finanças: TINA e FOMO estão de volta

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Com a COVID-19 em segundo plano, mercados apostam em retomada.

Retomada on steroids

Tudo indica que começaremos a semana em modo risk on.

A despeito de sinais de novos casos da COVID-19 mundo afora, investidores seguem mais otimistas com uma retomada econômica global fundada em controles sanitários e estímulos monetários e fiscais.

Madrugada foi tranquila na Ásia, à exceção de Hong Kong — que sente a mão pesada chinesa. Praças europeias têm dia de valorização, ajudadas por Ações de varejistas e healthcare. Em NY, futuros apontam para cima.

Em forte sugestão de que o atual momento tem muito a ver com os estímulos monetários, dólar se desvaloriza e ouro ameaça dar continuidade a seu mais recente rally.

O vírus segue à espreita

Diz a China que o novo surto da COVID-19 eclodido na capital do País já atingiu seu pico e, doravante, infecções serão esporádicas. Apontam as estatísticas oficiais que 158 pessoas foram infectadas em Pequim desde o início da semana passada — após quase dois meses sem novos relatos da doença na cidade.

Enquanto isso, nos EUA, a epidemia segue avançando em estados importantes: novas medidas sanitárias estão sendo implementadas na Califórnia — que, ao final da semana passada, registrou o maior número de novos casos desde o início da proliferação do vírus. Avanços significativos também foram registrados na Flórida e no Texas.

Não por acaso, a gigante Apple anunciou o fechamento, novamente, de 11 de suas lojas localizadas nos estados do Arizona, Flórida, Carolina do Norte e Carolina do Sul. O fato contribuiu para algum azedume no mercado na última sexta-feira.

O pico e o vale

O IBC-Br, indicador de atividade econômica do Banco Central, apontou recuo de 9,7 por cento entre março e abril. Na medição imediatamente anterior, a queda era de 6,2 por cento.

Digerindo os números e avaliando o desempenho de outros indicadores já relativos a períodos posteriores, vozes do mercado sugerem que, economicamente, o pico (ou seria vale?) da pandemia se deu em abril.

A notícia é duplamente boa: de um lado, a retração do PIB no segundo trimestre deve ficar aquém da premissa do mercado — que girava em torno de 15 por cento —; de outro, dados de atividade mais recentes sugerem que a atividade está se recuperando em um ritmo superior ao esperado.

O retorno do #CoragemBC?

Mesmo assim, é importante não perder de vista que o País segue bastante ocioso. Não por acaso, o Copom viu espaço para um corte de mais 75 pontos-base em sua decisão na semana passada. E mais: deixou a porta aberta para, a depender dos impactos adicionais da pandemia e da reação da economia aos estímulos econômicos, promover um ajuste residual na Selic.

E é nesse residual que está o busílis: com a atividade tão combalida e inflação namorando com a banda inferior da meta, há quem se pergunte se o Comitê não deveria seguir cortando e cortando e cortando…

Aliás, há um excelente debate sobre o tema no YouTube da Nord, promovido pela excelente Marília Fontes.

Três olhos

Dois olhos não bastam na terra brasilis: além do gato e do peixe, não se pode descuidar dos ratos.

A semana começa com a digestão (haja pantoprazol) do noticiário de final de semana sobre a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do Senador Flávio Bolsonaro. Queiroz foi encontrado em Atibaia, dormindo em imóvel de propriedade de Frederick Wassef, advogado bastante próximo à famiglia Bolsonaro — e que afirmou, repetidas vezes, que não prestava serviços ao recém-preso e tampouco conhecia seu paradeiro.

Se atibaiense fosse, eu ficaria extremamente chateado com a natureza das aparições do município no noticiário nacional.

Fato concreto é que Queiroz está preso e, admitam ou não, isto é tema de cochichos palacianos lá no eixo Alvorada-Planalto. Com Weintraub já na gringa, é melhor Jair pensando em outra treta para desviar a atenção do tema.

TINA e FOMO

Já que a festa está boa, os Investment Bankers seguem tentando aproveitar a janela de oportunidades para faturar.

O BTG Pactual (BPAC11) anunciou nova oferta de units, com esforços restritos de colocação. A Ambipar divulgou detalhes de seu IPO. A Quero-Quero (varejista do sul do País) sinalizou a intenção de retomar sua abertura de capital.

Olhar a gente sempre olha. Mas eu reitero a percepção de que, como analista, não é grande meu conforto com emissões neste momento e sob as atuais circunstâncias.

Ao que parece, contudo, a TINA (There Is No Alternative  não existe alternativa) e o FOMO (Fear Of Missing Out  medo de ficar de fora) estão ditando o ritmo do bumbo do mercado.

Vamos ver o que sai disso.

P.S.: Atendendo a pedidos, estamos nos aventurando, experimentalmente, também nos podcasts. O segundo NordTalks está no ar, tratando da possibilidade de uma segunda onda de coronavírus. Ótima alternativa para escutar no trajeto entre o quarto e a cozinha. Confira lá e nos mande feedbacks, ok?

Postado originalmente por: Nord Research