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Finanças: Sobe no boato, cai no fato

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Produtores de petróleo alcançam acordo para corte de produção

Sobe no boato, cai no fato

Após bom desempenho na semana passada, à espera de um desfecho para o impasse do petróleo, mercados têm começo de semana de realização.

Ao efeito sobe no boato, cai no fato soma-se, ainda, o início da temporada de balanços do 1T20. Investidores devem se perguntar sobre a magnitude dos primeiros efeitos da pandemia traduzidos em resultados, ainda anteriormente à fase mais aguda.

Com mercados europeus fechados em função da Páscoa, os índices americanos têm diapasão no front asiático — que tiveram madrugada de realização. A tendência local, como sempre, é a de reproduzir o tom.

Paz (?) na OPEP

Após muitas idas e vindas, o clubinho dos produtores de petróleo — mais seus não-membros convidados a dividir a conta — anunciou uma redução escalonada na vazão do óleo negro, começando em 10 milhões de barris/dia entre maio e junho. No segundo semestre, o corte é reduzido para 8 milhões de barris e, no começo de 2021, cai para 6 milhões.

Claramente não foi um acordo fácil. A questão a ser respondida é se é um acordo suficiente.

A leitura inicial sugere um não: as expectativas com as quais trabalhava o mercado eram de algo entre 15 e 20 milhões. Fica, portanto, a percepção de que o esforço não é grande o bastante para fazer frente ao choque de demanda imposto pelo coronavírus.

Ainda assim, enquanto escrevo estas linhas os principais preços do óleo negro tentam se firmar no campo positivo. Conseguirão?

Guerra no Congresso

Brasília vive qualquer coisa, menos tempos tranquilos.

A semana dos senadores terá início com a votação da chamada PEC do Orçamento de Guerra, que dá flexibilidade ao Executivo para realizar gastos extraordinários relacionados ao enfrentamento do Covid-19.

Observem que eu falei para o enfrentamento do Covid-19. Mas o diabo mora nos detalhes.

Comentei em algumas recentes ocasiões que, em se tratando da Terra Brasilis, nosso maior problema com gastos extraordinários é a inescapável tentação de nossos governantes de fazê-los permanentes — como diria Friedman, nada é tão permanente quanto um programa temporário do governo.

Nesse sentido, Maia manda o recado: tem conversado com economistas (?!?!) segundo os quais não existe um consenso sobre um limite de endividamento interno para o País.

Vai vendo.

4, 5, 6…

Em teleconferência com senadores, Guedes afirmou que a retração do PIB pode chegar a 4 por cento em 2020 caso a quase-paralisia econômica atual perdure para além de julho.

O consenso Focus divulgado hoje já aponta para uma retração de 2. Dos gabinetes do Banco Mundial, expectativa para o Brasil já é de queda de 5.

Façam suas apostas. A variável de ajuste é, obviamente, a extensão do isolamento social. E sobre isso permanecemos, por ora, “no escuro”: as expectativas de pico de contágio, antes concentradas entre abril e maio, já namoram com maio e junho.

E nós?

O trabalho tem sido intenso na Nord — ainda que com cada um na sua casa. Cada analista tem redobrado esforços na atualização de suas expectativas para as Empresas recomendadas — sem, é claro, descuidar da busca por novas oportunidades.

E oportunidades não estão faltando: se, aos 120 mil pontos, o ar do mercado brasileiro era um tanto rarefeito, o mesmo não se pode dizer agora. O busílis é, evidentemente, a duração da quarentena e seu potencial efeito de curto prazo nas empresas — dois trimestres não mudam o jogo, mas podem contundir o atleta e ensejar substituições.

Do meu lado, em específico, atenções têm se concentrado no monitoramento cuidadoso de Empresas inseridas em setores mais expostos (varejo, por exemplo) e no mapeamento de oportunidades menos correlacionadas com o mercado interno.

Sigo atento, ainda, às questões do setor elétrico sobre as quais tenho sistematicamente falado nas lives e monitorias. As distribuidoras de energia requerem atenção, sob risco de efeitos sistêmicos caso o problema seja subestimado — felizmente os reguladores já parecem bem atentos à questão.

Vamos para mais uma semana. Respire fundo. Segure firme.

E fique em casa.

Postado originalmente por: Nord Research