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Finanças: Só compre o que você puder carregar

Mercado em queda é margem de segurança aumentando

Não faz muitas semanas desde que o atingimento da marca de 100 mil pontos do Ibovespa foi visto como motivo para efusivas comemorações. Lá estavam todos inebriados com a sensação de que, sim, agora vai.

(Como se já não estivesse indo desde meados de 2016, mas tudo bem.)

Há menos semanas atrás ainda, passei por aqui e deixei uma reflexão: a grande armadilha mental dos investidores — principalmente os menos experientes — é se deixar tomar por crescente confiança à medida que o mercado sobe.

Preste atenção: esta é uma questão de psicologia comportamental pura. O sujeito vê o desempenho de anteontem se repetir ontem e o desempenho de ontem se repetir hoje… e deduz que o que aconteceu hoje vai acontecer amanhã, depois de amanhã e para sempre.

Aí o sujeito pensa: o mercado subiu semana retrasada e semana passada… e está subindo nesta semana… logo, vai subir semana que vem, e mês que vem, e para sempre e eu vou ficar rico.

Onde está o problema?

Conforme escrevi neste mesmo espaço — e foi só há algumas semanas, não em algum momento da era mesozóica —, quanto mais um ativo se valoriza menores são as margens de segurança para nele investir.

Consequentemente, quanto mais o mercado sobe, mais cauteloso — e não mais otimista — você, investidor com os dois pés no chão, deveria ficar.

Ocorre que isso é completamente antinatural. Nossa tendência natural é, sim, se deixar empolgar. E isso é um erro gigantesco.

Há poucos dias eu recebi, de uma assinante, a seguinte mensagem: faço parte dessa leva de novos CPFs da Bolsa, e estou com 100 por cento do meu patrimônio em Ações.

Não preciso dizer que esse é o tipo de mensagem que não me faz dormir, não é mesmo?

A mensagem que quero deixar para você hoje é: compre tanta Bolsa quanto você for, efetivamente, capaz de carregar.

Nestes últimos dias eu tenho recebido, principalmente dos assinantes do Nord Dividendos e do Nord Small Caps, muitos pedidos de orientação sobre o que fazer nesse momento de queda de mercado.

A primeira coisa que tenho dito é que, até aqui, não vimos nenhum movimento cuja amplitude seja estranha à renda variável.

Repito: não há absolutamente nada de novo sob o Sol. A questão é que muita gente só está acostumada a ver o mercado para cima. Não é assim — claramente não.

A segunda: você precisa ter consciência do tamanho da pressão que consegue aguentar.

Imagine que, um belo dia, você acorda e descobriu que as suas Ações caíram, todas, 50 por cento.

Se você tem 100 por cento do patrimônio em Ações, isso significa que seu patrimônio encolheu 50 por cento.

(Calma. Respire fundo…)

Se você tem 50 por cento do patrimônio em Ações, o baque é de 25 por cento.

Se você tem 30 por cento… 15 por cento.

Imaginou? Perfeito: agora use isso como parâmetro para definir quanto ter em Ações.

Não sem perder a consciência de que quando acontecer — e vai por mim, se você ficar na Bolsa por alguns anos isso inevitavelmente vai acontecer em algum momento — vai doer mais do que doeu na sua imaginação.

A terceira: se é verdade que, quanto mais os ativos sobem, menor é a margem de segurança, então o mercado hoje está melhor para investir do que ontem — e não pior.

Se você compra Ações com convicção nos seus fundamentos, acreditando que o preço de mercado volta e meia sai dos trilhos e perde qualquer contato com a realidade, então quedas são oportunidades.

Aprenda a ser corajoso quando todos têm medo e a ter medo quando todos estão corajosos.

Feitas todas essas considerações…

Sim, o cenário externo piorou. Por aqui, a agenda de reformas segue avançando. Estamos conquistando marcos importantes no Brasil.

Acabamos de ver o encerramento da temporada de resultados do 2T19. Na minha amostra de empresas, pelo menos, os números foram predominantemente neutros. Uma ou outra surpresa positiva e algumas surpresas negativas.

Tudo para dizer que o mundo real não compartilha do otimismo desenfreado que tomou conta da Bolsa nos últimos meses.

Se é verdade que, no longo prazo, o preço das Ações segue a mesma tendência dos Lucros das respectivas empresas, então o mercado andou na frente (e BEM) em muitos casos. Quando a música para de tocar — e, de tempos em tempos, ela inevitavelmente para —, é natural que os preços devolvam.

Mas, por outro lado, se o mundo real das empresas continuar melhorando, os preços hão, da mesma forma, de convergir para os fundamentos. É questão de sentar e esperar.

Recapitulo:

  • Não há nada de novo sob o Sol — a bem da verdade, há bem pouco tempo os 100 mil pontos foram motivo de efusiva comemoração.

  • Defina o tamanho do desaforo que você está disposto(a) a aguentar e, a partir disso, dimensione o quanto de Bolsa você pode ter.

  • Mercado em queda é margem de segurança aumentando: hoje está melhor para investir do que estava ontem.

Repita até se acalmar.

Bom final de semana.

Postado originalmente por: Nord Research