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Finanças: Skin In The Game tem limite?

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Para gestores, sim

“Nos investimentos, você precisa primeiro sobreviver para ter sucesso. As pessoas, de alguma forma, perdem completamente essa idéia básica."

Warren Buffett

A saga dos 60 gestores

Tem sido uma longa jornada.

Muito prazerosa, diga-se de passagem.

Ontem o Luiz e eu contávamos quantas gestoras havíamos visitado nestes últimos 12 meses.

Número redondo para ajudar na força da mensagem: sessenta!

Entre calls, almoços, visitas e eventos, o número de interações ultrapassa 300.

Para fechar essa semana com chave de ouro, hoje à tarde ainda visitaremos a TARPON GT.

Nossa ideia é que, até o final do ano, esse número ultrapasse 70.

Fica aqui meu agradecimento público ao Luiz Felippo, meu sócio nessa empreitada. O cara que fica no escritório até altas horas lendos nossas anotações, ponderando nossas discussões e quebrando a cara na frente da Economatica, mastigando os dados quantitativos que nos ajudam no processo de tomada de decisão sobre que, no final das contas, entra (ou não) na carteira do Nord Fundos.

Valeu, mano. TJ.

O tal do Skin In The Game

Por meio das várias perguntas que costumamos fazer nas visitas, tentamos entender o quanto o gestor, time de análise e o restante da equipe estão realmente comprometidos com cada casa.

  1. Qual o percentual do passivo que é detido pelos sócios da gestora?
  2. Qual a política de reinvestimento do bônus nos próprios fundos?
  3. Há um lock-up? De quanto tempo?
  4. Investem nos mesmos veículos do clientes? Pagam as mesmas taxas?
  5. Quanto isso representa, na média, do patrimônio pessoal de cada um?

Em outras palavras: quanto realmente os caras estão com skin in the game.

Esse termo, “pele em jogo”, é velho… mas, graças à proliferação de influenciadores financeiros, sofreu uma nova onda de popularização no Fintwit e nas imediações do condado da Faria Lima.

A idéia é muito simples: de nada adianta você ter opinião sobre um assunto — uma Ação ou qualquer outro ativo. Se você tem realmente skin in the game, você está comprado (ou vendido) no que está falando.

Para gestores, esta uma questão umbilical. De certa maneira, eles levam vantagem numa discussão com os palpiteiros de plantão.

Acho que empresa X é boa, tenho uma posição de X por cento do meu fundo nela

Está feito. Skin in the game total.

Agora imagine a situação a seguir:

Você visita 3 gestores de ações.

Os 3 são igualmente competentes, estão neste mercado há muito tempo; têm equipes parrudas, experientes, trabalhando juntos há muito tempo também. O estilo de gestão é similar, o passivo está bem diversificado e a performance é irritantemente parecida.

Há, entretanto, uma única questão que dissonante entre eles:

O gestor A tem 99 por cento do patrimônio pessoal investido no próprio fundo.

O gestor B tem 90 por cento do patrimônio pessoal investido no próprio fundo.

O gestor C tem 80 por cento do patrimônio pessoal investido no próprio fundo.

Você só pode escolher um. Qual deles você escolhe?

Naturalmente, você escolheria o de 99 por cento. Afinal, é o cara mais comprado no que faz.

Mas é justamente aí que as coisas podem correr muito mal.

Aquele 1 por cento que sobrou é suficiente para ele viver quanto tempo sem depender da receita de taxa de administração e performance do Fundo?

Ou melhor: se passarmos por um longo período de crise nos próximos 3 anos e, ao mesmo tempo, a casa sofrer vários resgates — ou seja, um grande impacto na receita recorrente da gestora — , ele consegue manter o staff atual? Principalmente aquele pessoal que depende mais do pinga-pinga mensal?

Será que esse gestor consegue se manter sereno, sabendo que seu patrimônio pessoal e seu negócio podem ficar comprometidos por muitíssimo tempo?

Acredite: você o quer equilibrado principalmente quando tudo derreter. O que você menos quer é que, em meio ao fogo cruzado, o sujeito tenha que explicar em casa que vão cortar despesas porque o pinga-pinga mensal secou.

Na maioria das vezes, a gente gosta de pensar apenas no que pode dar certo.

Como Analista, a minha maior preocupação é com o que pode ir mal.

Numa das últimas visitas que eu fiz a um gestor do Rio, ele me disse algo genial:

Renato, esse é um business que você tem pensar em não fazer caga**, acima de tudo. Se você não faz nenhuma caga**, então você tem um negócio perene. Eu tenho sócios que estão muito alinhados com o horizonte de longo prazo. 90 por cento dos meus clientes estão comigo há mais de 10 anos, temos uma estrutura de custos de escritório muito enxuta e procuramos investir só em empresas boas, que vão ficando um pouquinho melhores ao longo do tempo. Eu não vou pegar a Ação que mais deu porrada no ano, mas dificilmente vou tomar uma que vai me machucar. Quando você pensa assim, você tem um negócio consistente em todas as pontas. Eu sabia que, se eu tivesse paciência, um dia chegaríamos aos 4 bilhões que temos hoje.

Numa outra conversa, com um gestor de um fundo que está entre as nossas recomendações, ele me disse que grandes alocadores estrangeiros evitam a qualquer custo investir em casas onde o principal gestor tem mais de 80% do patrimônio pessoal investido no próprio fundo.

Para eles, 80 por cento é suficiente skin in the game: se tudo correr bem, ele vai se dar bem anyway.

Agora, meu amigo, com 99 por cento… se algo correr mal, o cara pira.

E, como o Buffett me lembrou na frase lá de cima, o sujeito precisa sobreviver. O negócio dele precisar sobreviver.

Tome cuidado com esses lemas da moda: nem tudo é quanto mais, melhor.

E o meu Skin In The Game

Bom, eu não podia encher a boca para falar de skin in the game dos outros e não falar do meu, não é?

Lá no Nord Fundos eu sou cobaia de oportunidades que estão no nosso radar e co-investidor dos fundos recomendados pela gente.

Eu invisto em todos os que estão lá. TODOS.

Eles representam uma parte relevante do meu patrimônio, é claro. Vai me incomodar o suficiente nos solavancos do mercado, mas não ao ponto de me fazer tomar uma decisão precipitada.

No relatório, que sai toda a terça, recomendamos dois novos fundos.

São dois Long Biased com ótimo histórico de performance e geridos por equipes bastante competentes.

Sem mais delongas, aí vão os prints para comprovar o skin in the game.

Eu realmente acredito que as carteiras vão precisar se ajustar para o cenário que vem por aí.

Carregamos uma posição relevante em Fundos de Ações ao longo dos últimos 12 meses e, agora, estamos complementando a carteira com Fundos se beneficiam do bom momento para a Bolsa, mas que também têm maior flexibilidade na exposição direcional.

Faltam só mais 2 meses para a virada do ano. É hora de fazer aquele ajuste na sua carteira de investimentos.

No Combo Essencial você reúne as melhores ideias de Ações do Bruce, as melhores pagadoras de Dividendos do Ricardo e a minha carteira pessoal de Fundos de Investimento.

Um abraço,

Renato Breia

Postado originalmente por: Nord Research