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Finanças: Sim, 2020 promete

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A tão esperada recuperação pode, finalmente, estar próxima

Apostando no fim da calmaria

Dia não muito inspirador lá fora. Para não perder o costume, investidores digerem (mal) os últimos comentários de Trump sobre as negociações com a China. Ajudou a entornar o caldo no front asiático a continuidade de protestos em Hong Kong.

Mercados europeus divididos entre dados de produção industrial acima do esperado e reações pontuais a resultados corporativos ruins. Futuros de NY, por sua vez, apontam para queda.

Contratos futuros de VIX — que mede a volatilidade do mercado gringo — estão se avolumando, sugerindo maior disposição dos investidores em apostar que a calmaria recente não perdurará por muito mais tempo.

Como quem abana o rabo é o cachorro — e não o contrário —, Ibovespa Futuro também aponta para o vermelho nesta quarta-feira.

O futuro promete (1)

Como tudo delegado ao Tarcísio Gomes de Freitas, o pacote de ações de infraestrutura do Governo Federal segue de vento em popa.

O nome provisório é “Pro Brasil”. O programa tem dois eixos, batizados respectivamente de “Ordem” e “Progresso” — originalidade não é o forte da turma, e nem precisa ser.

“Ordem” se concentra na melhoria do arcabouço jurídico do setor, iniciativa mais do que necessária. Abrange, dentre outras ações, a reforma do marco regulatório das concessões e PPPs, a ampliação do programa de debêntures incentivadas e novas regras para licenciamento ambiental.  “Progresso”, por sua vez, concentra projetos de concessões específicas e algumas (poucas) obras públicas: o grosso da grana terá de vir da iniciativa privada.

E é aí que surgem oportunidades. 2020 pode se mostrar um verdadeiro ano de ouro para as empresas de infraestrutura. Não por acaso, reorganizei com minha equipe os universos de cobertura para dedicar mais de meu próprio tempo a esse setor.

O futuro promete (2)

Nem chegamos lá e já temos o empresariado otimista. Não somente em função de melhores expectativas, mas por conta de efetivo crescimento de demanda.

Foi sobre sinais de carteira de pedidos crescendo que ouvi os executivos da Gerdau falando no final da semana passada. Acompanho-os de perto por conta da Gerdau Metalúrgica (GOAU3), que faz parte do  Nord Small Caps.

Após um longo inverno na operação brasileira, todas as linhas de negócio da siderúrgica gaúcha estão apresentando bom crescimento ao longo de 2019. E a carteira de pedidos para o novo ano que se aproxima é muitíssimo animadora.

O grande driver, por ora, é a construção civil. Um reaquecimento da demanda de infra viria como um plus mais que bem-vindo.

A siderurgia é uma indústria caracterizada por altos custos fixos, parte dos quais são atualmente diluídos pelas Empresas locais mediante a produção de semi-acabados para exportação. As margens são menores, mas os melhores volumes contribuem para melhores margens.

Uma retomada mais pujante do mercado interno permitirá não somente um aumento da utilização da capacidade, mas um redirecionamento de parte da capacidade produtiva atualmente destinada a tais produtos para o fornecimento local, com maior valor agregado.

Resultado? Mais ganho de margem ainda.

Um final de ano eletrizante

No setor elétrico, as movimentações em infra vão começar mais cedo: a Aneel aprovou, ontem, edital para bons 2.400 quilômetros de linhas de transmissão de energia. Serão 12 lotes em leilão no próximo dia 19 de dezembro.

De todas as subdivisões do setor elétrico, a transmissão é a mais tranquila: colocada em pé a infraestrutura, o concessionário faz jus a uma receita pré-definida e se concentra em administrar despesas de manutenção. É o mais próximo imaginável de uma renda fixa — não por acaso, investidores frequentemente comparam as Ações do setor a bonds.

E é a intersecção do momento do setor com o momento dos juros de longo prazo que chama minha atenção: tivemos, ao longo deste ano, excelentes retornos com Ações de transmissoras de energia lá no Nord Dividendos, não somente em função dos bons proventos distribuídos pelas Companhias, mas porque os ativos se valorizaram à mesma medida que os juros de longo prazo caíram. Foram marcados a mercado igualzinho aos Tesouros IPCA da vida.

E agora estamos no low dos juros. E os novos lotes devem ser arrematados pelo critério de RAP (Receita Anual Permitida) mínima: transmissoras estimarão os fluxos de caixa dos projetos e devem fazer ofertas que se traduzem em taxas de retorno condizentes com o atual cenário de juros — substancialmente menores, portanto, que suas concessões atuais.

Muita calma nessa hora para, no afã de levar os projetos para casa, não acabarem com retornos minguados demais.

Cheiro de 2007

E 2019 caminha para o final já como ano recorde em volume de ofertas de Ações. Isto, em parte, me deixa feliz… mas as sobrancelhas não deixam de franzir.

Não me levem a mal: as emissões contribuem para o financiamento das Empresas e para o crescimento de nosso mercado, que ainda é pequeno; democratiza o acesso a equity e oportuniza maiores alternativas de alocação de capital, blá blá blá.

Mas o clima de oba-oba que se instala me incomoda. E a desfaçatez com que Companhias com desempenhos recentes simplesmente sofríveis vêm com planos de emissão me assusta. Vai ficando muito claro que os tomadores estão perdendo a mão nos critérios.

Vou me lembrando, cada vez mais, de 2007. Deu pra ganhar dinheiro? Em algumas, deu… mas a maioria das oportunidades de ouro daquela safra se mostraram, com o passar do tempo, enormes dores de cabeça.

Seletividade é o nome do jogo.

Postado originalmente por: Nord Research