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Finanças: Selic cai para 5 por cento

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O Banco Central decidiu ontem reduzir a Selic em 50 pontos percentuais, levando a taxa de 5,5 para 5 por cento…

O Banco Central decidiu ontem reduzir a Selic em 50 pontos percentuais, levando a taxa de 5,5 para 5 por cento, como já era amplamente esperado pelo mercado.

Porém, o comunicado da decisão acabou surpreendendo quem achou que o comitê poderia indicar um juro final muito abaixo de 4 por cento.

O tom foi de muita cautela.

Ele manteve o trecho no qual indica que se tudo continuar bem deve cair mais 50 bps, mas, ao contrário do comunicado passado, foi acrescentado o artigo "um":

"O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude."

Isso dá idéia de que teríamos apenas mais 1 ajuste adicional de 50 pontos. Não tendo espaço para outros.

Depois, ele segue com a frase mais importante do comunicado:

"O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo."

Aqui ele indica que, caso haja novas necessidades de cortes, teria que haver cautela. Isso pode querer dizer que a magnitude do corte seria menor, por exemplo, com quedas de apenas 25 bps.

Ou seja, até 4,5 por cento eles vão em passos de 50 pontos, e depois, reduziriam o passo para 25 pontos, para ir sentindo com calma até onde a Selic pode ir.

Por outro lado, as projeções atualizadas do modelo de inflação do BC mostram um IPCA para 2020 de 3,60 por cento, caso o câmbio se mantenha em torno de 4,00 e a Selic caia para 4,5 por cento.

Para que essa inflação de 3,6 subisse até a meta de inflação de 4 por cento, caberia uma redução da Selic em até 100 bps a mais. Ou seja, a projeção, por outro lado, mostra um espaço para a Selic cair abaixo de 4 por cento, para algo em torno de 3,5 por cento.

O mercado precificava, até ontem, uma Selic final de 4,15 por cento. Agora, esse tom mais cauteloso poderia mexer com os juros curtos, fazendo as taxas subirem um pouco.

Mas as projeções de inflação mais benignas devem fazer o contraponto e deixar o mercado próximo de onde estava ao longo da semana.

Eu, particularmente, não entendi por que o BC decidiu se amarrar já nessa reunião, sinalizando uma redução do passo para a reunião depois da próxima.

Ele poderia manter o mesmo discurso, deixando para sinalizar a redução do passo apenas na próxima reunião, ganhando tempo para observar mais dados econômicos.

Talvez ele queria segurar um pouco o mercado, que chegou a precificar aceleração do passo para 75 pontos nessa reunião. Enfim…

Fed é mais flexível do que o esperado

O Fed, Banco Central americano, também se reuniu ontem para decidir sua taxa de juros.

Também como esperado, ele reduziu o Fed funds rate em 25 pontos base, levando a taxa piso para 1,5 e a teto para 1,75 (eles não tem uma taxa meta, mas um intervalo meta).

Mas em comunicado e entrevista após a decisão, o presidente Powell disse que o Fed viu indícios de novos pontos de fraqueza econômica e acirramento das tensões comerciais com a imposição de novas tarifas. Então, foram estimulados a realizar esse corte adicional.

Ele reforçou que isso não quer dizer que estamos em uma tendência de queda, que eles olham os dados – como já vinham anunciando nas decisões anteriores – e que a economia está com crescimento robusto.

Mas, por outro lado, disse que para haver um aumento na taxa para frente, eles teriam que ver um aumento "sério" na inflação. O que mostra, pela primeira vez, um viés mais leniente do que eles tinham indicado antes.

Resultado do dia…

Essa inclinação por novos cortes acabou animando bastante os mercados, levando nossa bolsa novamente para as máximas, enfraquecendo o dólar e fortalecendo o nosso real.

Ou seja, temos vários bancos centrais no mundo estimulando a atividade e, a não ser que uma crise severa aconteça, essa política ajuda a criar um ambiente positivo para os mercados emergentes. Principalmente o Brasil, que está em uma trajetória clara de recuperação econômica com alto potencial de crescimento no futuro.

Bom para nossa bolsa, bom para nossos ativos de risco em geral.

Um abraço,

Marilia Fontes

Postado originalmente por: Nord Research