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Finanças: Recuperação frágil

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Mercados acordam levemente felizes com a evolução das negociações para um pacote de estímulos nos EUA, antes das eleições.

Na semana passada, o Secretário do Tesouro havia negado a possibilidade de se fazer um pacote, mas Nancy Pelosi, presidente da Câmara, segue pressionando e falou no domingo que os EUA têm 48 horas para chegar a um acordo se quiserem lançar o pacote antes das eleições.  

A expectativa de mais um pacote segura as Bolsas do mundo todo, e é a grande esperança para a semana. Frustrações nas negociações devem puxar as Bolsas para baixo.

Ainda mais com tudo o que está acontecendo na Europa.

Europa ainda luta contra o Coronavírus

O crescimento forte de casos de Coronavírus na Europa fez com que o número de casos no mundo chegasse à marca de 40 milhões.

Países estão fazendo novas políticas de controle. Ainda, preocupações com a frágil recuperação econômica já tomam conta.

Para quem acha que investir na Selic a 2 por cento é uma tristeza, o Bund alemão (título do governo) de 30 anos caiu para a sua menor taxa, 0,20 por cento. Ou seja, investir na Renda Fixa alemã por 30 anos rende praticamente ZERO!

Isso mostra que os investidores do mundo todo estão priorizando segurança no momento atual. Essa onda está levando esses títulos a seguirem tendo a marcação a mercado positiva.

As Bolsas da Europa não têm motivos para comemorar, e aguardam a notícia do pacote americano. Caso ele não saia, só restará a dura realidade da segunda onda da pandemia em suas economias.

China é a única com crescimento

Enquanto outros países lutam para sair da crise, a China divulgou ontem dados expressivos de crescimento econômico.

As vendas no varejo cresceram 3,3 por cento em setembro e a produção industrial subiu 6,9 por cento. Ademais, eles viram até mesmo o crescimento dos investimentos em 0,8 por cento. As vendas de moradia também subiram 6,2 por cento.

O PIB anual do terceiro trimestre cresceu 4,9 por cento, enquanto o mercado esperava alta de 5,3 por cento. Apesar do resultado menor que o esperado, a notícia foi boa, uma vez que o resultado do trimestre anterior tinha sido um crescimento de 3,2 por cento. Ou seja, a economia chinesa está consistentemente aumentando o crescimento e saindo da crise.

Esses dados reacendem uma discussão política de organização social. Enquanto o resto do mundo debatia e aprovava decisões tardias no combate à pandemia, a China se organizou e despachou soluções rapidamente. Entretanto, há dois lados da mesma moeda. Por mais que tenha mostrado uma facilidade muito maior de se organizar, é válido ressaltar que ela não atua democraticamente, mas através de uma gestão concentrada na mão do partido comunista.  

Será que ter um poder centralizado é melhor do que ter um grupo democrático?

Não me parece uma boa ideia (nem um pouco), mas o fato é que nos últimos 5 anos a China é a grande vencedora do concurso de crescimento mundial, como podemos ver no gráfico abaixo.

Gráfico mostra a expectativa de crescimento global em cinco anos (até 2025). China lidera o ranking com 27.7 por cento (EUA: 10.4 por cento; Brasil: 1.7 por cento).

Fonte: Bloomberg

Brasil também vê recuperação

O baixo crescimento com quedas acentuadas nos juros também foi visto por aqui em terras tupiniquins. A nossa Selic chegando a inimagináveis 2 por cento auxiliou muito em nossa recuperação.

Um dos setores mais beneficiados foi o imobiliário. Com a queda das taxas e o aumento dos investimentos na poupança, o crédito imobiliário cresceu incríveis 44 por cento em agosto.

O setor vem bem aquecido, e puxa também novos lançamentos e construção civil.

Isso tudo, juntamente com o auxílio emergencial, vem dando ao Brasil uma importante recuperação econômica. Sem juros mais baixos e manutenção de poder de compra para baixa renda, estaríamos em uma situação bem delicada.

Mas nem tudo são flores, quer dizer, jabuticaba

Ao contrário dos países desenvolvidos, que parecem ter carta branca para gastar o quanto quiserem com auxílio, nós temos que tomar um cuidado enorme com esse aumento de gastos. Da mesma forma que a expansão fiscal auxiliou a recuperação, um aumento dos juros por excesso de ativismo fiscal poderia abortar completamente nosso crescimento.

Segundo notícia do Valor, a alta das projeções do INPC no orçamento de 2021, que reajusta salário mínimo e benefícios de aposentadoria, poderia ser de 2,09 por cento para 3,2 por cento. Com isso, os gastos orçados aumentariam em 6 bilhões de reais, o que reduz ainda mais o espaço para despesas discricionárias dentro do regime do teto de gastos.

Os gastos discricionários já estão no menor nível da história, e estudiosos dizem que esse nível já traria uma boa dificuldade de financiar serviços públicos básicos.

Claro que isso é mais lenha na fogueira da discussão sobre a flexibilização ou não do teto.

Nós, brasileiros, que não somos um país rico, temos que mostrar para os investidores como vamos pagar essa conta gigantesca do auxílio emergencial. Se não formos muito convincentes, podemos ver o mercado bem reticente em financiar nossa enorme dívida pública.

Já vimos uma pitada do que pode acontecer com o aumento das taxas dos prefixados e do Tesouro Selic. Mas isso não foi nada perto do que poderia acontecer se o governo flexibilizasse de fato o teto.

O próprio Banco Central já avisou que sem uma âncora fiscal não é possível manter a Selic baixa por muito tempo. A alta da Selic reverteria toda a recuperação econômica que tivemos.

Ou seja, nossa recuperação é muito mais frágil do que a recuperação dos EUA ou da China. Nossa recuperação depende integralmente da manutenção de um rigor fiscal. Caso contrário, voltaremos a níveis de preços que vimos em março e abril.

Nossas posições no Nord Advisorrefletem exatamente essa recuperação frágil e incluem seguros (pela primeira vez na história da carteira).

Entender o que é importante para o mercado é crucial para os seus investimentos. Sua carteira deve ser montada ponderando esses riscos, e você deve adicionar seguros quando forem necessários.

Nos conteúdos do Nord Advisor temos a sugestão de alocação. Entre e veja como montar um bom portfólio hoje mesmo.

Postado originalmente por: Nord Research