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Finanças: Por que o ANTI-Trader está desistindo de Petro?

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Não queremos ter razão, queremos ganhar dinheiro.

Desistimos

Não estamos aqui para dar soco em ponta de faca. Simples assim.

Se toda vez que o petróleo subir, nosso presidente ligar para Castello Branco, presidente da Petrobras (PETR3 e PETR4), para impedi-lo de elevar preços, estamos perdidos.

Entramos na hora errada, saímos na hora errada. Não importa. O risco de intervenção sempre existiu, mas não imaginávamos tamanha limitação.

Importa que o fundamento mudou e estamos mudando com ele. Adeus Petro.

Uma Aula de Gestão

Continuamos vendo muita oportunidade em Petrobras.

Após uma crise moral e uma crise de dívida, Petro, finalmente, encontrou seu caminho. A carta de Castello Branco na primeira página do release de resultados de Petro para o 2T19 é emblemática.

É uma aula de gestão. Castello Branco entende perfeitamente que a Petrobras, produtora de commodities, precisa, primordialmente, de custos operacionais baixos.

Hoje, a empresa possui uma rentabilidade (ROIC) reduzida, ao redor de 8 por cento, "… o que evidencia a imperiosa necessidade de iniciativas para melhorar a alocação do capital."

ROE (Retorno sobre o Patrimônio, vermelho) e ROIC (Retorno sobre o Capital Investido, verde). Fonte: Bloomberg.

Vender ativos com baixa rentabilidade e focar na produção de petróleo no pré-sal de alta rentabilidade. O diagnóstico do presidente da Petro é perfeito.

Alavancagem financeira, segundo Castello Branco, "excessiva para uma companhia produtora de commodities e, portanto, exposta à volatilidade de preços e consequentemente de fluxo de caixa."

Dívida líquida/Ebitda. Fonte: Bloomberg.

Os encargos financeiros ainda consomem cerca de 40 por cento do caixa operacional, o que evidencia a necessidade de desinvestimentos para a redução do endividamento.

Venda de refinarias, de campos maduros (de produção baixa e alto custo de extração – lifting cost), da TAG, da BR Distribuidora (BRDT3), redução do Capex (investimentos), devolução de concessões no Uruguai, PDV (programa de demissão voluntária)…

As alavancas de melhora de resultados são muitas. Mas, Petro é gerida pelo Estado.

E se eu fosse Presidente?

Provavelmente faria a mesma coisa.

Talvez perguntaria ao #SuperGuedes como sair dessa sinuca-de-bico.

Com a pretensão de evitar greve dos caminhoneiros, talvez prejudicar a Petrobras no curto prazo faça sentido.

Precisando passar diversas reformas estruturantes, que só terão impacto na economia no longo prazo, nosso presidente precisa, de alguma forma, lidar com problemas no curto prazo.

Já vimos o que atrasar as reformas resultou com Macri, na Argentina.

Deixar o Congresso focado em aprovar as reformas que tanto precisamos aprovar, talvez, seja a melhor escolha. A lista é longa.

Ainda temos que passar a reforma da previdência no Senado, estamos nos preparando para votar a reforma fiscal, precisamos lidar com a expansão dos gastos (e o teto), a economia ainda anda anêmica…

E, teremos muito mais coisa entrando na fila dos nobres deputados e senadores.

O que era bom, agora é ruim

Até recentemente, altas nos preços do petróleo eram bons para Petrobras. Não mais.

Petróleo Brent (branco) e WTI (verde). Fonte: Bloomberg.

Mesmo estando os preços do petróleo ainda bastante depreciados, para a Petro, alta do petróleo é ruim.

Se a estatal não repassa altas nos preços do petróleo, ela assume prejuízo com o aumento de seus custos. Plataforma, FPSO, especialistas, materiais, transporte, …, grande parte dos insumos de Petrobras variam com os preços do petróleo.

Não diretamente, claro. Cada insumo tem suas características próprias.

Mas, se os preços do petróleo subirem, consistentemente, veremos pressão de aumentos em toda a cadeia – natural para as petroleiras globais, péssimo para Petro.

O mercado é seu servo e não o contrário

O plano de Petrobras é ótimo. As melhoras são palpáveis.

No 2T19, Petro teve ótimo crescimento. Receita -3 por cento, Ebitda +9 por cento e lucro +87 por cento.

E as ações continuam muito baratas a 5x Ebitda e 13x lucros.

EV/Ebitda (marrom) e Preço/Lucro (branco). Fonte: Bloomberg.

O investimento em Petro faz sentido. Mas o risco de intervenção é real. A intervenção tira dinheiro do bolso do acionista.

Vamos aproveitar a opção de graça (liquidez) que a bolsa nos oferece, reconhecer nossas limitações e partir para outra.

As (malditas) probabilidades

Pensamos em probabilidades. E, com os acontecimentos dos últimos dias, julgamos que os fundamentos mudaram, as probabilidades mudaram.

Não precisamos acertar aqui. Existem muitos outros peixes no oceano.

Como diria o maior investidor de todos os tempos:

Eu não procuro pular obstáculos de 7 pés (2,1 metros): eu procuro obstáculos de 1 pé (30cm) que eu possa andar sobre.

Existe coisa muito mais fácil na bolsa. Seremos investidores pragmáticos e não torcedores.

No ANTI-Trader apenas cumprimos nosso mandato. Fecha-se uma porta se fecha e abre-se uma janela.

Erramos, vamos pular do barco (ou da plataforma).

Dinheiro na mão. Bem-vindo a um oceano de oportunidades.

Abraço,

Bruce Barbosa.

Em observância ao Artigo 22 da Instrução CVM nº 598/2018, a Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo valor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da estratégia que o norteia.

Postado originalmente por: Nord Research