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Finanças: Perderam as muletas

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Seu gestor de Multimercado sabe operar Ações?

Anos de Glória

Verdade seja dita: os últimos três anos foram maravilhosos para o investidor.

Graças às reformas promovidas pela dupla sertaneja Vampirão-Capitão, voltamos para o caminho da prosperidade e tudo que foi classe de ativo se valorizou desde então…

Houve oportunidade de ganhar dinheiro nos Juros, na Bolsa, nos Fundos Imobiliários, no Câmbio… seja o que for que você escolhesse, gerou ótimos retornos.

Só não ganhou dinheiro quem não quis.

E, se esteve assim para nós, pense para um profissional com décadas de experiência no mercado…

Quem era gestor de Multimercados nesses anos nadou de braçada. E digo mais: talvez fizesse bastante tempo que se via anos tão bons para essa classe.

Com raríssimas exceções, todos eles conseguiram participar da festa e geraram performances fabulosas.

Logo os bons retornos foram estampados pelos quatro cantos do País, o que tornou a classe de fundos bastante popular  e despejou uma tonelada de dinheiro novo na indústria.

Nesse meio tempo, muito provavelmente você foi fisgado pela performance deles e hoje tem também seu pezinho em um Fundo Multimercado.

Mas, vem cá, conta pra mim: você sabe como um Multimercado ganha dinheiro?

Onde nasce a performance?

Em termos gerais, os multimercados operam tanto no Brasil quanto no exterior, sejam eles países desenvolvidos ou emergentes..

Mas, com exceção da Adam e da SPX, a grande maioria concentra de 80 a 90 por cento do portfólio aqui mesmo.

E, de forma geral, eles possuem quatro maneiras de gerar performance:

(i) Operar Juros, principalmente em meio a ciclos de queda;

(ii) Apostar na alta da Bolsa via índice;

(iii) Investir em moedas, principalmente contra o Real;

(iv) O caixa aplicado a CDI.

Esses são os pilares de qualquer um deles. Mas, assim como em um hambúrguer, o blend varia de casa para casa.

Se olharmos o IHFA, um índice que mede a performance de uma cesta com 15 Fundos Multimercado, temos a seguinte distribuição entre esses ativos:

Somente com um kit desses, conseguiram gerar 55 por cento de retorno desde 2016.

O caixa, por íncrivel que pareça, sempre foi um grande aliado dessa classe. Só de deixar o taxímetro do CDI rodando, o fundo já largava entregando 14 por cento em 2016. Era a grana mais fácil do mundo.

Na hora de tomar risco, por sua vez, vários deles se valem da experiência acumulada em longas carreiras nas tesourarias dos bancos: são mestres na área de ganhar dinheiro em Juros.

Essa é a zona de conforto deles, sempre foi. Em moedas, no geral, acaba sendo um jogo de soma zero. Pouquíssimas casas ganham dinheiro aqui.

Também nunca foram grandes amigos da Bolsa. No país que era o paraíso do CDI e dos longos ciclos de Juros, saber explorar a Bolsa nunca foi preciso.

Até agora.

Andando de muletas

Nos últimos seis meses, entre os estudos de fundos, visitas a novas assets e confecções de relatórios, tenho passado longas e dolorosas horas em fisioterapia.

Tive, em abril, a brilhante ideia de quebrar o cotovelo. Não sou médico, mas minha experiência como paciente me ensinou que a recuperação de uma fratura na articulação leva tempo.

Paciência: só me restava, então, fazer os exercícios fisioterapêuticos para me reabilitar.

Em meio a essa frequentação clínica, acabei conhecendo algumas pessoas, dentre as quais pacientes com problemas no joelho. Era o tal do problema com o ligamento cruzado, levando elas a precisar de muletas para se locomover.

No começo é chato a perda de mobilidade. Mas, aos poucos, você se acostuma com a tal da muleta.

Ela passa a fazer parte do seu cotidiano e o apoio dela é de grande ajuda. No final, o que era algo incômodo se torna um alívio e você acaba por não imaginar como seria a vida sem elas.

Eis que, poucos meses depois, o seu médico lhe diz o seguinte: “vamos andar um pouco sem elas”.

E, no momento que você começa a andar, nota o quanto a muleta lhe ajudava. Você percebe quão doloroso são aqueles passos. Poucos metros parecem longos quilômetros.

Eu vejo a mesma relação para os Multimercados: as grandes muletas eram longos ciclos de queda de juros e o CDI nas alturas.

Se olharmos de 2016 para cá, grande parte do resultados dos multimercados veio dessas duas “caixinhas”. Se fizermos um “fundo sintético” com as proporções de Juros, Câmbio e Bolsa que falamos na tira acima, chegamos em algo muito parecido com a realidade.

Nesse quadro, o problema será quando as muletas precisarem ser retiradas e for necessário dar aqueles pequenos passos.

E o que vejo é que esse dia chegou.

2020: um ano sem muletas

Em meio às mais de 60 gestoras que o Breia e eu já visitamos, dia desses estávamos conversando com um gestor de multimercado.

Papo vai, papo vem e começamos a discutir cenário, performance e o mercado no geral.

Nesse momento, parei a pensar no que seria o grande motor de performance dos multimercados no ano que vem.

Digo isso pelos seguintes motivos:

Os juros parecem estar nas mínimas históricas. O mercado já precifica uma Selic de 4,25 por cento, patamar esse que o BC brasileiro parece estar confortável em parar o ciclo —  acabando com a farra de quem já pensava em juros de 3 por cento.

Sendo assim, por mais que tenha um ganho ou outro adicional, esprememos e tiramos quase toda a performance desse mercado.

Nessa mesma linha, o caixa minguou também. A mamata do juro de 14 por cento acabou e, com a Selic recuando para 4 por cento, simplesmente sentar no caixa ficará cada vez mais caro.

Ao mesmo tempo, o taxímetro (taxa de administração) parece ter ficado mais caro nessa nova era.

Então, o que nos sobra? Qual mercado realmente tem assimetria?

O coro da Faria Lima lhe dirá em alto e bom som: Na Bolsa!

Pois bem, mas lembre-se: esse é o mercado menos queridinho dos multimercados.

Nunca foi muito a praia deles e, pela primeira vez, a massa de retornos dos fundos dependerá de Ações.

Não à toa nos últimos tempos o percentual em Bolsa alocado na carteira dos multimercados cresceu tanto.

Fonte: Economática

A questão é: o seu gestor de multimercado está preparado para operar Bolsa? Ou melhor: ele sabe fazer Bolsa de forma relevante?

Para onde caminhamos

Respondendo à pergunta: não. Na média, os gestores de multimercado nunca foram grandes amigos da Bolsa. Nunca foram muito ativos e também não faziam grandes posições.

Agora, nesse novo ambiente, a alternativa para ter retornos mais interessantes é se arriscar no mundo das Ações.

Além disso tudo, temos um agravante: grande parte deles sempre fez posições via índice, expondo-se diretamente a Ações muito esporadicamente.

E, da maneira como vemos a Bolsa, o grande valor do mercado de ações está no stock picking — e não no trade do BOVA11.

Ou seja, temos um duplo problema: as casas têm corrido loucamente atrás de montar equipes de equities, mas levará tempo e muitos deles darão com os burros na água.

No Nord Fundos, nós já vínhamos nos preparando para isso há muito tempo. Desde os primórdios da série, tomamos o cuidado de escolher gestoras que tivessem o DNA de Bolsa correndo pelas veias.

Casas que, desde a sua concepção, possuíam robustas equipes de Ações e que sabiam extrair retorno de Bolsa tão bem quanto de Juros ou Moedas.

E devo lhe dizer: se a Nord existisse já em 2016, teríamos dado uma surra na média dos multimercados. Abaixo mostro dois dos fundos da nossa carteira que possuem esse lado de Bolsa:

Além disso, já pensando nesse movimento, queríamos gestores que conseguissem aumentar e reduzir as exposições em Bolsa, mas que tivessem expertise nisso.

No final, é simplesmente dar o mandato de Ações para gestores que saibam olhar o micro das empresas e escolher as melhores oportunidades.

Com isso, veio a ideia dos fundos Long Biased.Já lançamos duas novas recomendações para os assinantes da série.

Não deixe de conferir.

Um abraço,

Luiz

Postado originalmente por: Nord Research