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Finanças: O Último Homem a Permanecer no Jogo

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Seu objetivo não deve ser ter retornos maravilhosos no curto prazo, mas ter uma estratégia de altos retornos por décadas. O segredo do acúmulo dos juros sobre juros é o tempo.

A Psicologia do Dinheiro

Hoje, vamos fazer algo diferente.

Vamos traduzir um texto do colunista Morgan Housel, que foi publicado no site Collaborative Fund (aqui), no último dia 17 de dezembro.

Housel é o autor de um dos melhores livros que já li sobre finanças comportamentais. Simples, fácil e concreto.

O livro se chama: "The Psychology of Money: Timeless lessons on wealth, greed, and happiness" (infelizmente ainda não foi traduzido).

Pois investir é 99 por cento psicológico (talvez mais).

Aproveite.

Em 2014, a Amazon era um enigma. Era enorme. Estava crescendo. Tinha participação de mercado e estava na cabeça dos consumidores. Seus competidores a temiam na mesma proporção que seus clientes a amavam.

O que ela não tinha era um bom negócio.

Margens de lucro balançavam entre pequenas demais e negativas. Isso pode ser aceitável para uma jovem startup, mas a Amazon tinha duas décadas de vida na época. A companhia era motivo de piada e chamada de bolha.

Jeff Bezos (fundador da Amazon) tinha uma visão diferente: As margens não importam. Dólares importam. Um negócio enorme com margens pequenas seria preferível ao oposto. Ele explicou em 2014:

"Margens não são algo que estamos buscando otimizar. É o fluxo de caixa absoluto em dólares por ação que queremos maximizar. Fluxo de caixa livre é algo que os investidores podem gastar. Investidores não podem gastar margens percentuais… o que importa são margens em dólares: o valor verdadeiro em dólares. As companhias não são avaliadas com base em suas margens, mas com base em quantos dólares elas realmente criam." – Jeff Bezos.

Existem partes controversas aqui, mas eu gostei da lógica simples de Bezos: O negócio com mais dólares ganha. Não as melhores margens ou o maior crescimento trimestral. Apenas quantos dólares você gera no longo prazo.

Deixe-me propor o equivalente para os investidores pessoa física. Minha proposição pode convencê-lo a não tentar ganhar os maiores retornos porque osretornos, como as margens, não importam; constituir patrimônio importa.

Tudo o que vale a pena em investimentos vem da composição dos juros sobre juros. A composição é todo o tempero secreto, a gasolina do foguete, o que cria fortunas.

E os juros compostos são apenas retornos alavancados pelo passar do tempo.

Ganhar +20 por cento em um ano é bom. Fazer isso por 3 anos é ótimo. Ganhar +20 por cento ao ano por 30 anos cria algo tão extraordinário que é difícil de entender. O tempo é o fator do investimento que separa: "Nossa, belo trabalho" de "Calma aí, o quê? Você está falando sério?".

O componente do tempo nos juros compostos é porque 99 por cento da fortuna de Warren Buffett (maior investidor de todos os tempos) veio depois de seus 50 anos, e 97 por cento veio depois que ele fez 65 anos.

Sim, ele é um bom investidor.

Mas muitos outros indivíduos também são bons investidores.

O segredo de Buffett é que ele vem sendo um bom investidor por 80 anos. O segredo dele é o tempo. A maioria dos segredos dos investimentos é o tempo.

Uma vez que você aceita que os juros compostos são onde a magia acontece e entende o quão crítico é o tempo para a composição dos juros sobre juros, a pergunta mais importante a se responder como um investidor não é: "Como eu ganho os maiores retornos?"; mas sim: "Quais são os melhores retornos que eu posso manter pelo período mais longo?".

É assim que se maximiza patrimônio.

E o ponto mais importante é que os melhores rendimentos que você pode ganhar pelo maior período raramente são os maiores retornos em um ano específico ou até em uma década específica.

Charlie Munger (sócio de Buffett na Berkshire) disse: "A primeira regra dos juros compostos é nunca interromper seu acúmulo desnecessariamente."

Interromper o acúmulo pode acontecer de várias maneiras. A forma mais comum é encontrar uma estratégia que produz altos retornos por um período curto e abandoná-la, inevitavelmente, quando ela tiver alguns anos ruins.

Investir em uma estratégia ou setor que produz retornos maravilhosos por 5 anos, mas destrói sua confiança a ponto de abandoná-la após um colapso no ano 6, provavelmente vai te deixar pior que uma estratégia que produz apenas retornos bons, mas que você pode manter por 6, 7, 8, 10, 20 anos. Isso é especialmente verdade se, após abandonar a estratégia no ano ruim, você migrar para o que for "o mais quente” no mercado, isto é, apenas repetir o processo.

A complexidade é outro convite à interrupção. Ela pode produzir retornos mais elevados. Mas quanto mais ferramentas você precisar operar, quanto mais alavancas você precisar puxar, maiores serão as chances de alguma coisa, em algum momento, fazer você duvidar de si mesmo, ou revelar um risco que você não havia considerado, ou convencer seus clientes a partir – tudo isso faz parar o relógio da composição dos juros sobre juros e pode abalar os retornos mais elevados de quando a estratégia funcionava.

Nada disso é instintivo no momento que acontece, pois a busca pelos melhores retornos a todos os momentos parece mesmo ser a melhor coisa a se fazer para maximizar patrimônio.

É só quando se considera o fator tempo na acumulação dos juros sobre juros que fica claro que maximizar os retornos anuais em um dado ano e maximizar patrimônio de longo prazo são coisas diferentes.

Carl Richards (escritor) uma vez ressaltou que uma casa talvez seja o melhor investimento que uma pessoa pode fazer. Não é que a casa proporciona retornos maravilhosos – ela não proporciona. Não é nem a alavancagem financeira da compra com empréstimo. É porque é mais provável que as pessoas comprem uma casa e a mantenham por anos ou décadas. A casa é o único ativo que as pessoas permitem o funcionamento do acúmulo dos juros sobre juros.

Todo mundo é diferente, com diferentes níveis de confiança e tolerância ao investir.

Mas a ideia de que a consistência de retornos é muito mais importante que os retornos anuais, mesmo que os retornos chamem muito mais a atenção, é algo que todo investidor deveria refletir mais sobre.

O CEO do Airbnb, Brian Chesky, disse: "Se você está tentando ganhar no próximo ano e eu estou tentando ganhar nos próximos 5 anos, nós dois podemos ganhar. Porém, no final, quem ganhará será eu."

Essa é a ideia.

O objetivo de Bezos não é ter o melhor negócio. É ganhar mais dólares.

Da mesma forma, os objetivos dos investidores não deveriam ser ter os melhores retornos anuais. Seus objetivos deveriam ser maximizar patrimônio. Só se chega lá com consistência – não sendo o melhor em qualquer ano, mas sendo o último homem a permanecer no jogo.

Este menino compreendeu perfeitamente:

Gif de um menino apostando corrida com os demais; o menino em questão não corre, anda enquanto os outros correm.

– Morgan Housel.

Em nome de todos nós aqui na Nord, gostaria de lhe desejar um ótimo Natal, com amor e carinho de quem você ama (mesmo que seja de longe).

Cuide bem de quem você ama.

Feliz Natal!

Equipe Nord.

Postado originalmente por: Nord Research