A era do gestor Twitteiro
A era do gestor Twitteiro
É interessante como os tempos mudaram. No último bull market, a não ser que você fosse um ultra milionário, o sacrifício era enorme para conseguir as cartas das casas e entender o que o gestor pensava.
Conversar com o gestor estava totalmente fora de questão.
Na atualidade, essa interação é muito mais fácil. Em maior ou menor grau, diversos deles são twitteiros, instagramers e até youtubers— com dezenas de entrevistas gravadas.
Estão sempre comentando suas filosofias de investimento, trazendo estudos, discutindo sobre as empresas…
Alguns mais arrojados, até abrem as carteiras e o racional por trás daquela posição.
Mas, ao mesmo tempo, tem investidor que se aproveita desse novo ambiente para tentar ter ganhos sem esforço.
Quase que em uma relação de tubarão e rêmora.
O Tubarão e a rêmora
O Tubarão é um predador fenomenal. Ele é rápido, veloz e ataca suas presas de forma implacável.
Não à toa, está sempre ocupando o topo da cadeia alimentar marítima.
Do outro lado, temos a Rêmora, quase uma antítese do rei dos mares. É um peixe pequeno e que não é dotado de nenhuma das características apontadas acima.
Sendo assim, ele seria incapaz de caçar qualquer coisa e eventualmente talvez até morresse de fome.
Mas, para evitar isso, ela tem uma outra tática para sobreviver. Ao invés de precisar se expor e caçar, ela simplesmente nada próxima ao Tubarão e espera ele atacar.
Enquanto o predador destroça a sua vítima, a Rêmora se aproveita dos pequenos pedaços que ficam na água e se alimenta.
Sem esforço e com muitos benefícios.
E assim a vida segue. Ambos felizes e em uma relação frutífera.
No mercado vemos algo muito parecido.
Como eu disse, nessa nova era dos gestores twitteiros, muitos deles compartilham tranquilamente as posições do fundo.
Dizem que estão comprando a empresa X, vendendo a descoberto a Y… têm de tudo nesse mar que são as redes sociais.
E, com as carteiras plenamente abertas, vêm a ideia genial de alguns investidores: “se eu sei quais ações o gestor investe, eu posso simplesmente replicar a carteira e não pagar nenhum custo”…
Sem estudar ao menos 5 minutos sobre aquela empresa, é possível replicar a performance de um grande gestor.
Maravilhosa a ideia. Não sei como ninguém nunca pensou nisso antes.
E, no final do dia, acabam atuando exatamente como Rêmoras desses tubarões.
O triste fim das Rêmoras
No papel, toda essa ideia aparece boa e muito efetiva.
O passo 1 é tranquilo. Basta simplesmente reconhecer o seu papel de Rêmora e replicar a carteira dos seus gestores favoritos.
O problema está no passo 2: o acompanhamento daquela posição.
Apesar dos gestores dizerem suas atuais ações, raramente eles gritam aos sete ventos o momento de venda.
Tudo isso por uma razão bem simples: a informação viaja rápido e pode influenciar os preços de mercado.
Por um momento, imagine se a famosa gestora Dynamo avisasse toda vez que estivesse saindo de uma posição.
Dado o histórico de sucesso da casa, o racional passa ser o seguinte: “eles estão vendo algo que eu não vi, na dúvida vou sair também”.
Resultado? Uma venda massiva do papel que prejudicaria a própria performance do fundo deles.
Um problemão para a gestora. Então, o que eles fazem é não avisar.
Simplesmente saem do ativo quando acreditam que o fundamento daquela empresa mudou ou se existe alguma oportunidade melhor.
Enquanto isso, você pobre Rêmora só descobrirá isso 3 meses depois quando a CVM publicar a carteira daqueles gestores
Nesse meio tempo, se vier uma tempestade, você estará totalmente a ver navios e sofrerá as perdas sozinho.
Essa é a primeira causa da morte das Rêmoras.
A segunda causa foi exatamente o que aconteceu com as mesmas que seguiram a Alaska no caso de Brasken.
O drible do Ronaldinho
Já faz algum tempo que a Braskem ocupa uma presença importante no portfólio do Bredda e ele sempre foi bastante defensor do case.
Nesse meio do caminho, a empresa sofreu bastante e as ações colapsaram, chegando a apresentar uma queda de 40 por cento.
Até então, apesar do curto prazo ruim, a equipe do fundo continuava defendendo a empresa.
Até que, no dia 10 de outubro, foi liberado um comunicado por parte da empresa que a gestora havia reduzido sua participação de 5,15 para 4,86 por cento
O comunicado caiu como uma bomba no mercado e deixou o Twitter em polvorosa. A mensagem que o mercado entendeu? “A Alaska está jogando a toalha”
No meio ao desespero, a reação natural por parte das Rêmoras que acompanham o Tubarão no twitter foi vender massivamente o papel, mesmo amargando grandes perdas.
O problema foi que, na verdade, a Alaska estava aumentando sua exposição a empresa — saindo das ações e aumentando via opções de compra (CALL).
Um drible desses no mercado, nem mesmo o grande Ronaldinho conseguiria…
Não tente ser Rêmora
Em ações, existe uma frase famosa do Buffett que diz o seguinte: preço é o que você paga e valor é que você leva.
Quando você compra a cota, é exatamente a mesma coisa. Você paga a cota, mas não é isso que você leva.
O valor está naquela filosofia de investimento, no estilo de gestão, na equipe, na experiência de mercado e no saber navegar nesse Brasil.
É isso que você leva para casa. Não a carteira de ativos que ele tem no dia da sua aplicação.
É por isso que eu e o Renato gastamos tanto tempo conhecendo gestores e estudando as casas antes de incluir a recomendação noNord Fundos. É justamente nesse ponto que está o maior diferencial.
Agora, se você quiser investir em ações diretamente, não seja uma Rêmora. Estude por conta às empresas ou busque a ajuda de um analista — o Bruce e o Ricardo certamente podem lhe ajudar no Investidor de Valore no Nord Dividendos.
Ao fazer isso, tenha certeza que será mais barato do que tentar enfrentar esse mercado revolto sem ajuda.
Um abraço.
Postado originalmente por: Nord Research
