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Finanças: Não invista mais 1 real!

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Antes de investir qualquer real a mais neste mercado, temos que conversar!

Tem coisas importantes mudando no cenário macroeconômico, e essas mudanças podem alterar completamente o curso das coisas.

Vou tentar explicar um pouquinho mais o que está acontecendo por aqui, tentando ser o mais breve possível, mas peço que realmente chegue até o final desta vez.

Sem perder nem mais um segundo, vamos lá!

Tudo começou em 2008, quando tivemos uma crise econômica brutal, iniciada no setor financeiro americano, que obrigou o Fed a levar a taxa de juros americana para ZERO. Após essa última cartada da política monetária, para que essa crise financeira não virasse uma depressão econômica, o Banco Central americano inventou o "QE" (quantitative easing).

O QE era basicamente um programa de recompra de títulos do governo americano e títulos de crédito securitizados. Essa recompra comprimia as taxas da curva de juros, assim como provia liquidez ao mercado de crédito público e privado.

Desde então, economistas do mundo inteiro ficaram extremamente preocupados com os efeitos colaterais dessa expansão monetária nunca antes vista. Muitos gritaram incansavelmente que teríamos hiperinflação nos EUA.

Mas o fato é que, doze anos depois, ainda não vimos nada…

Vimos as taxas de juros de médio e longo prazo caírem ainda mais no mundo todo, com tamanha liquidez. Alguns lugares trabalharam inclusive com taxas negativas, coisa difícil de se imaginar até então.

Além disso, vimos também uma recuperação econômica difícil, lenta e frágil. Em 2013, quando o Fed tentou retirar os estímulos, a economia “emburacou” novamente e tiveram que reverter o processo.

Esta era a realidade do mundo até 2020: estímulos, crescimento baixo, liquidez global, queda de juros e alta nos preços dos ativos.

Marilia, você quer explicar a história?

Não! Você vai entender em breve onde eu quero chegar…

Eis que, no início de 2020, temos a maior pandemia que esta geração já viu. O Coronavírus parou por completo o mundo todo. Lojas fechadas, pessoas em casa, confinamento, pavor.

Os mercados desabaram, as ações viraram pó, tivemos inúmeros circuit breakers, as moedas de emergentes desvalorizaram, o mercado de crédito secou.

Diante desse cenário catastrófico e sem espaço nenhum para política monetária (depois de juros a zero e 4 QEs), o governo americano decidiu atacar o problema de uma forma diferente: através da política fiscal.

Surge, então, o “corona voucher”, copiado posteriormente em vários lugares do mundo. Ele consiste no pagamento de uma mesada do governo para a população mais vulnerável. Isso mudou tudo!

Este ponto é extremamente importante de ser compreendido. Fique comigo…

Essa foi a primeira vez que o governo americano fez um estímulo fiscal amplo e relevante.

Até então, os recursos dos QEs iam para os detentores de títulos públicos, ou seja, para os poupadores. Valorizar o patrimônio dos poupadores não gerou mais consumo de forma consistente, afinal, quem já tem recursos não vai aumentar tanto seu nível de gasto.

Já esse programa de mesada foi completamente diferente: foi dinheiro na mão da população de baixa renda, exatamente as pessoas que mais consomem proporcionalmente.

Entende a grande diferença? Uma parcela que recebia já tinha dinheiro, ao contrário da outra, que não tem dinheiro.

O resultado dessa nova forma de estimular a economia foi gigantesco! Observamos, nos dados, a mais rápida recuperação econômica já vista na história. Enquanto em 2008 o desemprego demorou 10 anos para retornar a níveis pré-crise, as estimativas para o retorno dos EUA ao nível de desemprego anterior giram em torno de apenas 2 anos. Dados de produção industrial, vendas no varejo e PIB mostram níveis impressionantes de atividade.

Como se não bastasse o estímulo brutal feito até aqui, o Presidente americano Joe Biden pressiona por um novo pacote de 1,9 trilhão de dólares – maior do que o feito anteriormente. O nome do jogo, combinado com Powell do Fed e Yellen do Tesouro, é "estímulo".

Ao contrário do cenário de valorização de ativos, que aumenta o patrimônio do poupador conforme os juros caem e o reduz quando os juros sobem, no cenário atual, o cidadão de baixa renda contemplado com o corona voucher não deixará de consumir caso os juros de mercado subam, já que a alta das taxas não reduz o seu patrimônio.

Além disso, mais estímulos em cima de uma economia com recuperação acelerada geram um risco gigante de sobreaquecimento e inflação.

Junte tudo isso a um movimento de retrocesso da globalização – por aumento da desigualdade social e estratégia de escassez de produtos – e podemos nos aproximar de uma pressão nos preços relevante!

Não estou afirmando aqui que teremos um cenário de hiperinflação nos EUA, mas estou fortemente convicta de que estamos falando de um cenário tão delicado que os prêmios de risco devem ser maiores!

O grande prêmio para o risco inflacionário, e isso nós brasileiros bem sabemos, é uma taxa de juros maior.

Não faz sentido a taxa americana de 10 anos estar próxima a 1,5 por cento.

Se todo esse risco existe e bate à nossa porta, os detentores de títulos deveriam cobrar taxas maiores para financiar esse emissor que passou a ser mais arriscado. Ou seja, depois de 30 anos de juros americanos em tendência de queda, poderíamos estar falando do início de uma tendência longa de juros americanos subindo!

É muito importante você saber que a alta dos juros americanos tem o potencial de mudar absolutamente TUDO! Os modelos utilizados para precificar ações são basicamente um desconto de dividendos pela taxa de juros. Quando os juros sobem, o valor das ações cai (tudo mais constante).

Quando os juros sobem em um cenário de crescimento econômico, a bolsa costuma subir também, afinal, os lucros também sobem. Mas se o movimento ficar rápido e desenfreado (e não há como antecipar isso), as bolsas tendem a sofrer bastante.

Ações de empresas alavancadas e de setores não óbvios têm o potencial de serem as mais penalizadas (como aconteceu na bolha das ".com").

Títulos de renda fixa privados de vencimentos longos, que oscilam juntamente com os juros dos títulos públicos, também podem sofrer bastante.

Bom, hoje vou parar por aqui, pois neste artigo não cabe o tamanho da tese que quero passar para vocês.

O intuito dessas palavras foi o de fornecer um primeiro alerta sobre um movimento que pode estar começando exatamente agora e que tem o potencial de mudar completamente o valor dos seus investimentos.

O que quero que você faça hoje é internalizar esse risco e pensar imediatamente se sua carteira está preparada para isso.

Será que você está comprado nas ações corretas?

Será que sua carteira de renda fixa reflete essa nova tendência das taxas de juros mundiais?

Essa é uma preocupação que não saiu da minha cabeça nesse mês de fevereiro, quando vi as taxas das treasuries (juros americanos) subirem fortemente.

Passei essas últimas duas semanas alterando a carteira de renda fixa dos meus assinantes do Renda Fixa PRO, que felizmente já estão em grande parte protegidos e até lucrando um pouquinho.

A maioria desses assinantes recebe o conteúdo por meio do combo Nord Advisor, que é a maneira mais vantajosa de ter acesso às minhas recomendações.

Recomendo fortemente que todos aqui se preparem. Mudanças de tendência, principalmente de uma tendência tão longa, que foi a de quedas contínuas das taxas de juros mundiais, não devem ser subestimadas jamais!

Quem entrou no mercado recentemente nunca viu nada parecido. É um mercado totalmente diferente de surfar.

Vocês me conhecem. Gasto boa parte do meu tempo olhando o cenário macro e, quando vejo algo que realmente vale a pena e salta aos olhos, não consigo ficar quieta. Foi assim na "Vingança das Sardinhas" e está sendo assim exatamente agora.

Fique tranquilo, vamos conversar muito mais sobre isso! O Telegram do Renda Fixa PRO terá muitas novidades nos próximos dias.

 

Postado originalmente por: Nord Research