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Finanças: Não Caia em Tentação

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Não caia na tentação de achar que a grama do seu vizinho é mais verde que a sua.

Publicado em 19/10/2019

Os sintomas clássicos

Assim como um médico descobre a enfermidade do paciente pelo sintoma, podemos fazer o mesmo para identificar um bull market.

Até porque, é incrível como a história se repete. Aos olhos de hoje, parece até que voltamos aos tempos áureos 2007.

Aos poucos, você começa a ver aquele seu amigo lhe dando uma dica “quente” contada no pé do ouvido.

Ele jura que ficou sabendo que uma ação vai subir muito em poucos dias, mas pede para não contar para ninguém segredo, né?

A fase dois é da formação dos gênios, fabricados na velocidade de uma linha de produção fordista.

E, claro, como não poderia faltar, ao final da semana todos vão para o happy hour contar vantagem dos maravilhosos retornos que tiveram.

Chega ao ponto de o seu motorista do uber, seu vizinho e o chapeiro da padaria que você toma café de manhã estarem ganhando mais dinheiro do que você no mercado.

E, enquanto seu primo se torna o próximo “milionário da bolsa”, parece que seus investimentos mal saíram do lugar.

Como não invejar, não é mesmo?

Ciúme do vizinho

É péssima a sensação de ver os seus pares avançando e você parado.

Isso é muito claro no trânsito. Se você é paulistano ou já visitou a nossa terra da garoa, sabe o caos que é essa cidade.

E, por mais que esteja tudo parado, sempre temos a impressão de que a fila do nosso lado está andando mais do que a nossa.

Na grande maioria das vezes, é puramente psicológico. Tudo está caminhando na mesma velocidade, mas você tem a sensação de que tem alguém levando vantagem sobre você.

Em investimentos, é a mesma coisa.

Você está com uma carteira com boas ações e ótimos fundamentos. No ano, algumas delas estão subindo, outras estão zeradas e tem aquelas desgarradas que estão caindo.

Enquanto isso, seus amigos estão lá dizendo que estão capturando ganhos de 300 por cento, escolhendo as ações com base em dicas, rankings e entrando em IPOs da moda…

E, assim como a tentação de trocar de faixa no trânsito é quase irresistível, ver seus amigos “ficando ricos rápido” começa a lhe dar desespero para trocar suas ações.

Você passa a acreditar que é o único idiota da rodada e que sua estratégia não funciona.

Então, deixa eu lhe dizer uma coisa: é preciso controlar esse impulso.

Pois, se esse sintoma tomar conta de você, significa que você não está preparado para o bull market e será a próxima vítima dele.

Foi assim em 2007 e será assim agora.

Um túnel do tempo

Voltemos 12 anos, no auge do último bull market brasileiro.

2007 foi o ano da maioria dos IPOs, momento em que se acreditava em papai noel e em qualquer promessa que fosse contada no mercado.

Momento da maior proliferação de gênios da bolsa. Daqueles que compravam qualquer coisa e tudo se multiplicava por várias vezes.

Empresas como Recrusul (643 por cento), Ideias Net (230 por cento) Gazola (351 por cento), Tectoy (150 por cento) e MMX Mineradora (308 por cento) faziam parte das maiores valorizações daquele ano.

E, claro, todos tinham amigos que estavam comprados nessas empresas. Elas eram os fenômenos do momento.

Afinal, como não se apaixonar pelo modelo disruptivo da Ideias Net?

Como não ficar em êxtase com as possibilidades que o Grupo X, do lendário Eike Batista, traria?

Como não amar o maravilhoso Mega Drive da Tectoy?

Enquanto isso, um pobre jovem que tinha em sua carteira Lojas Renner (19 por cento), Ambev (29,32 por cento) e M Dias (0,88 por cento) poderia ficar triste por suas ações terem subido pouco.

Poderia até ser tentado a trocar suas ações pelas do momento, influenciado pelo vizinho que havia ganhado 400 por cento no ano.

Mas, saiba: o futuro traz a conta.

Prestando Contas

Passados 10 anos, vamos apurar os resultados das duas carteiras.

A empresa sulista especializada em carrocerias, Recrusul, caiu cerca de 97 por cento. A disruptiva empresa Ideias Net perdeu 87 por cento do seu valor de mercado.

Já a maravilhosa Metalúrgica Gazola  que, segundo o Ricardo, tinha mais teia de aranha do que funcionários na fábrica e a promissora MMX foram deslistadas depois da falência

                                Fonte: Economatica

E, se olharmos as 10 maiores altas daquele ano, esse mesmo comportamento se repete para outras 9 delas. Todas as altas de 800 por cento, se tornaram perdas de 90 por cento em 10 anos.

Para as primeiras 20 ou 30 empresas vale a mesma ideia.

Nesse momento, seus amigos pseudo-milionários agora falam que bolsa é cassino. Bolsa é jogo onde só se perde…

E você, com sua carteira de tímidas altas comprada em Lojas Renner, Ambev e M Dias teve suas ações multiplicadas por várias e várias vezes.                                        Fonte: Economatica

Então, lembre-se sempre: cuidado com a tentação de buscar o que mais sobe.

No bull market, o que sobe mais, em geral, é a bolha. É aquilo que pode colocar seu dinheiro em risco.

Investir em ações é comprar boas empresas e pensar a longo prazo. Tão simples quanto isso.

E, claro, sempre respeitando a primeira regra do bom velhinho de Omaha: nunca perder dinheiro.

Até porque, ao longo de décadas, isso faz uma baita diferença.

E os melhores investidores sabem disso.

A 1ª regra do velinho

Como vocês bem sabem, meu trabalho e do Renato no Nord Fundos consiste em avaliar gestores.

Felizmente, a beleza desse trabalho é poder sentar na mesa com as melhores mentes que o mercado brasileiro já produziu.

E, entre todos eles, algo geralmente é de comum acordo: não ter perda permanente de capital é fundamental. No longo prazo, é isso que faz a maior diferença.

O maior exemplo desse tipo de ideia é a Dynamo, seja pela longevidade ou pelo sucesso da gestão.

Eles passaram pelo inferno astral dos anos 90 (com uma crise por ano), a felicidade do bull market de 2004 a 2007, o inferno do governo Dilma e a alegria dos últimos.

Nos períodos de altas, como no período de bull market dos anos 2000, subiram menos que a bolsa: 976 por cento da gestora carioca versus 1.000 por cento do índice.

Porém, nos períodos sombrios de 2012 a 2015, a perícia da gestão fez que com caíssem muito menos: -24 por cento contra -63 por cento.

Fonte: Dynamo

Fazendo isso, ao longo dos anos, a diferença é gigante! Nesses 26 anos, foram 27.902 por cento de retorno contra um Ibovespa de 920 por cento.

Moral da história: não caia na tentação de olhar a grama do vizinho e achar que ela é mais verde do que a sua.

Por fim, deixo alguns recados:

  1. Foque na estratégia de comprar boas empresas e tenha paciência.
  2. Fuja de dicas de parentes, amigos etc. Controle o impulso de querer ficar rico rápido.
  3. Deixe seus vizinhos, que supostamente estão ficando milionários, debocharem de você. São grandes as chances de, no final da maratona, você estar de pé e eles não.

Por hoje é isso.

Um ótimo sábado!

Abraços

Luiz

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Em observância ao Artigo 22 da Instrução CVM nº 598/2018, a Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo valor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da estratégia que o norteia.

Postado originalmente por: Nord Research