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Finanças: Minha carteira para 2030

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Já zerou sua carteira hoje?

Já zerou sua carteira hoje?  

Faltam menos de 20 pregões para 2020.

"Pregões".

É curioso, mas ao contar em pregões, penso imediatamente que isso pode causar emoções distintas nas pessoas.

Para alguns, o mercado aberto proporciona um alívio. Não é preciso tomar decisões precipitadas se no dia seguinte as coisas estarão lá, mais ou menos iguais ao dia anterior.

Há inclusive, um jargão entre os investidores mais experientes: "mercado tem todo dia".

Agora, para o investidor de primeira viagem, o mercado aberto proporcionou mais de 230 alterações no seu patrimônio pessoal em 2019.

Se por acaso ele teve o "cuidado" de checar sua carteira todos esses dias, foram 230 impactos emocionais sobre a sua estratégia como investidor.

Em um ano positivo para quase todas as classes de ativos (renda fixa, fundos de investimento, fundos imobiliários e ações) é bem possível que boa parte das posições em carteira estejam marcando grandes valorizações.

Algumas um pouco menos, outras no zero a zero e, talvez, até posições perdedoras, que estão sendo carregadas com prejuízo.

É justamente aí que eu penso que mora um dos grandes perigos.

É natural do ser humano pegar amor por uma posição vencedora — ou, tanto pior, se agarrar desesperadamente a uma aposta perdedora.

Recomendo fortemente que leia a nossa cartilha Onze Regras De Bolso Do Investidor Consciente, ou Onze regras para não se f… no bull market.

Nela você descobrirá que não é preciso ser um gênio, tampouco perfeito, para ganhar dinheiro no mercado financeiro.

Basta se agarrar a bons princípios e cultivá-los com alguma recorrência.

Se toda a sua carteira virasse dinheiro hoje, o que você compraria novamente?

O que importa nos investimentos é daqui para frente.

Minha carteira para 2030

Durante o Rico Connect que aconteceu no início do mês, eu fiz uma palestra com o seguinte título: "montando a sua carteira para 2030, mas que também serve para 2020".

Meu intuito com essa provocação inicial é fazer com que as pessoas pensem como os melhores investidores do mundo, os endowment funds de universidades como Harvard, Yale, Columbia, MIT e outras.

Como eles possuem mandatos de gestão com horizontes de investimento bastante alargados, 20, 30, 40 anos, as carteiras refletem o melhor investidor que eles podem ser.

Sendo assim, é possível notar que a carteira parte e tem como base uma grande alocação em ações (equities), além de uma boa diversificação em investimentos alternativos. Essas são as principais razões para seus retornos serem tão superiores à média do mercado no longo prazo.

Carteiras recomendadas

Como ainda estamos nos desmamando de uma cultura muito dependente de um CDI polpudo, boa parte das carteiras recomendadas nas corretoras que encontramos por aí reflete um modelo de alocação muito imediatista. Modelo este, baseado em métricas de risco de perda anual máxima, de volatilidade aceitável e que privilegia os produtos oferecidos nas próprias plataformas.  

Se a casa é forte em renda fixa, então toma recomendações de CRI, CRA e debêntures.

Se a casa é forte em fundos, toma aqui algumas sugestões de multimercados da minha própria asset.

E por aí vai…

Essas são duas carteiras recomendadas encontradas nas principais plataformas de investimento do Brasil.

Corretora A

Classe de Ativo

Conservadora

Moderada

Arrojada

Renda Fixa

97,5%

45,0%

27,5%

CDI/Pós

84,5%

25,0%

5,0%

Inflação

10,0%

15,0%

15,0%

Pré

3,0%

5,0%

7,5%

Renda Variável

2,5%

55,0%

72,5%

Fundos Multimercado

0,0%

30,0%

35,0%

Ações/FIAs

0,0%

17,5%

27,5%

Outros

2,5%

7,5%

10,0%

Total

100,0%

100,0%

100,0%

Corretora B

Classe de Ativo

Conservador

Moderada

Balanceada

Arrojada

Agressiva

Renda Fixa

87,5%

50,0%

45,0%

40,0%

45,0%

CDI/Pós

86,0%

47,0%

39,0%

31,0%

30,0%

Inflação

1,5%

3,0%

6,0%

9,0%

15,0%

Pré

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

Renda Variável

12,5%

50,0%

55,0%

60,0%

55,0%

Fundos Multimercado

10,0%

45,0%

45,0%

45,0%

30,0%

Ações/FIAs

2,5%

5,0%

10,0%

15,0%

25,0%

Total

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

100,0%

O primeiro problema que identificamos é o apego a posições estruturais em renda fixa indexada a inflação e prefixadas. Na nossa visão, essa é posição mais assimétrica no mercado hoje, pouco para ganhar se tudo correr bem, muito a perder se tudo for mal.

Zere de uma vez por todas suas NTN-Bs e prefixados. Ouviu bem. Zere.

O segundo problema é que os percentuais dessas carteiras são baseados em targets de rentabilidade em cima do CDI.

Conservador = CDI + 0,5 por cento ao ano.

Moderada = CDI + 1,0 por cento ao ano.

Que vai até a Agressiva = CDI + 3 por cento ao ano.

Esse modelo expirou, morreu.

Com os juros na casa dos 5 por cento ao ano – e eles devem permanecer assim por bastante tempo –, sua busca daqui para frente deve ser por ganhos reais. Na realidade, uma carteira com foco em longo prazo, sempre deve ser pensada em ganhos reais.

Mas como o diferencial de juros aqui sempre foi muito grande (CDI – inflação), pouca gente ligou para isso até agora.

Sendo assim, fiz um quadrinho do que eu imagino ser o tipo de ganho obtido em cada uma das classes de ativos daqui para frente.

Em janelas de longo prazo, claro, essa é uma carteira que mira buscar 7 por cento de ganho real ano.

Você pode se guiar para montar sua carteira pensando 2030, mas que serve para 2020 também.

A carteira tem essencialmente 3 pilares:

Uma base de caixa, sem risco de crédito, para equilibrar a carteira e oferecer fôlego toda a vez que o mercado der oportunidade de fazer boas compras.

Uma parte intermediária em fundos multimercados, alocada em gestores capazes de navegar bem entre os mundos opostos de renda fixa e ações.

E uma parte maior investida em fundos de ações e/ou ações.

Os 10 por cento em Long Biased visam buscar um mandato mais flexível, em que o gestor pode estar mais exposto em momentos de maior convicção e mais protegido quando achar conveniente.

Algo bem parecido com o que o Bruce faz no Anti-trader, e que estamos reabrindo em caráter especial para a Black Friday, apenas amanhã.

Todas as outras recomendações você encontra no Nord Advisor.

E a sua carteira? Está com cara de 2010 ou de 2030?

Um abraço

Postado originalmente por: Nord Research