Ontem tivemos dados de inflação no Brasil e nos EUA. Em ambos os países, o resultado foi o mesmo: a noção de que a inflação ainda resiste.
No Brasil, os dados de abril mostraram alta de +1,06 por cento, enquanto o mercado esperava alta de +1,01. O pior não foi a surpresa em si, pois a diferença é pequena, mas o comportamento dos núcleos de inflação.
Os núcleos são fórmulas alternativas de calcular a inflação que retiram itens mais voláteis e suavizam movimentos. A ideia é entender como estão se comportando os itens mais ligados à atividade.
Serviços, por exemplo, é um item que reflete bastante o estado da atividade econômica. Quando ele está pressionado, é bem mais preocupante do que uma alta nos preços dos alimentos, que é mais volátil e mais facilmente revertida.
Nesse gráfico da Renascença, podemos ver que tanto a média das diversas formas de calcular os núcleos quanto o item de serviços ainda mostram pressões altistas. Ainda não temos sinais de que a inflação brasileira chegou ao seu pico.
É de se esperar que ela comece a ceder no curto prazo. O próprio Banco Central mencionou que as altas da Selic (a taxa básica de juros) têm um efeito defasado, que deve influenciar cada vez mais nos números.
Mas fazer pico e levar a inflação para a meta de +3,25 são coisas beeeeeem diferentes. A inflação pode cair dos +12 por cento anualizados para os +6,5 por cento que o mercado precifica para os próximos anos, sem que isso signifique que o BC possa tranquilamente iniciar um ciclo de queda da Selic.
Se o BC estiver realmente empenhado para levar a inflação de 2023 e 2024 para a meta, então não teremos uma Selic baixa tão cedo.
Postado originalmente por: Nord Research