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Finanças: Há oportunidades na abstinência

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Esperanças reduzidas de estímulos pesam no mercado… mas isso pode ser bom.

Disco riscado

Quem acompanhou meus últimos artigos neste espaço  ou, tanto mais, quem me acompanha nos canais de Telegram do Nord Small Caps e do Nord Deep Value pode ter ficado com a impressão de que, nas últimas semanas, me restringi a fazer um copy and paste do mesmo texto repetidas vezes: mercados sobem embalados por expectativas de estímulos econômicos adicionais nos EUA enquanto esperam pelo desfecho da corrida eleitoral e a despeito de uma segunda onda de Covid-19 se avolumando na Europa, blá blá blá, Whiskas Sachê.

Mas não: a insistência da narrativa era (e é) puro reflexo do que tem dominado o mercado nas últimas semanas mesmo. E hoje, para ser sincero, não é diferente.

Entretanto, o matiz do dia é mais avermelhado, em dia de vendedores falando mais alto: com esperanças de um novo pacote fiscal na gringa se esvaziando e, por outro lado, restrições mais severas à circulação de pessoas sendo impostas no Velho Continente, mercados começam a quinta-feira no campo negativo.

Distanciamento necessário

Tenho pensado muito, nos últimos dias, sobre essa dinâmica do mercado lá fora. Minha conclusão é bastante simples: como sempre, é uma questão de preço. O debate se tornou monotemático no mercado, pura e simplesmente porque os valuations não apetecem.

Depois de um ciclo de valorização bastante agressivo, muito puxado pelas techs e o eterno perigo do excesso de esperança no crescimento futuro, a Bolsa americana simplesmente estagnou. E teve um setembro bicudo. Se antes, meses atrás, a crise deflagrada pela pandemia parecia abrir boas oportunidades, agora pouca coisa passa na peneira.

Dê uma olhada no Preço/Lucro projetado do S&P500, que ainda está perto das máximas vistas lá nas vizinhanças da bolha das pontocom, no começo deste milênio:

Gráfico mostra Preço/Lucro projetado do S&P500, que ainda está perto das máximas vistas lá nas vizinhanças da bolha das pontocom, no começo deste milênio.

A turma do oba oba seguiu comprando, porém, como não poderia deixar de ser, uma hora o fôlego acaba. Não tem como ser diferente.

Desta vez pode ser diferente

Contudo, quando olho para a situação do lado de cá, fico com a sensação de que nossa história pode ser outra. Isso porque, se de fato acreditamos (e eu, pelo menos, acredito) que os valuations se sobrepõem às tensões políticas no tal do mediolongoprazo, então por aqui pode ter oportunidade.

Digo isso porque toda essa tensão em torno do cenário fiscal  plenamente justificada, penso eu , aliada à tragicômica articulação política de tempos recentes, penalizou bastante nossa Bolsa. Não somente descolamos para baixo como, de quebra, temos setores quase marginalizados na B3.

Às vezes o mercado se agarra a determinados temas (por exemplo, as varejistas disruptivas em meio à quarentena) e simplesmente deixa na mesa coisas simples, chatas e óbvias  mas que podem render uma grana com a devida paciência.

Se você compartilha desse meu sentimento, faça o favor de fazer algo muito simples hoje: abra seu home broker e compre Ações de seu bancão favorito (não, BIDI não vale  eu disse bancão) e da Vale. Está doendo de tão óbvio que o risco-retorno aí é amplamente favorável.

Aí, com o resto da carteira, você pode  se não resistir  tentar a rocket science que todo mundo tanto ama. Tentar encontrar a “próxima Magalu” e outras miragens do gênero.

Tempos estranhos e suas oportunidades

A temporada de resultados começa hoje. No carro abre-alas, temos CSN (CSNA3). Depois de bons anos acompanhando o setor, essa informação só vem confirmar que 2020 é um ano muito, mas muito atípico.

Sobre a siderúrgica com mineradora (ou seria mineradora com siderúrgica?) do Steinbruch, não tenho nada de relevante a dizer no momento. Mas sinto-me na obrigação de compartilhar o sentimento de que a safra de balanços do 3T20 pode trazer boas surpresas.

Se, por um lado, o 2T foi tiro, porrada e bomba para praticamente todo lado, acho que o período de julho a setembro pode separar homens de meninos (ou mulheres de meninas, ok?) em termos de empresas e setores: claramente a atividade está voltando, mas o ritmo é díspar; alguns souberam capturar isso melhor do que os outros.

Compartilhamos nossas expectativas de resultados virtualmente para toda a carteira do Nord Dividendos na edição que publicamos ontem à noite. Recomendo fortemente uma olhada.

A propósito, quem avisa amigo é: os yields voltaram para patamares que me agradam bastante.

Postado originalmente por: Nord Research