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Finanças: Grandes Bancos furam a fila do FGC

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Em medida anunciada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi permitido que bancos comprem DPGEs de outros bancos, e sejam garantidos pelo FGC em até 400 milhões de reais…

Grandes Bancos furam a fila do FGC

Em medida anunciada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi permitido que bancos comprem DPGEs de outros bancos, e sejam garantidos pelo FGC em até 400 milhões de reais:

"O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu, na quinta-feira (23/04), permitir que as instituições financeiras captem Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE) de instituições associadas ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC). As captações serão garantidas pelo FGC até o valor máximo de 400 milhões de reais do total de créditos de cada instituição titular contra a instituição ou conglomerado emissor do DPGE."

Mas o que é DPGE?

A sigla DPGE significa: Depósito a Prazo com Garantia Especial. Foi criado depois da crise de 2008 para dar liquidez para bancos médios e pequenos. É como se fosse um CDB de banco, mas com investimentos de no mínimo 1 milhão de reais, prazo mínimo de 6 meses, e não pode ser vendido antes do vencimento em hipótese alguma. E o principal: é garantido pelo FGC, com um limite de até 40 milhões de reais.

O grande benefício do DPGE é que ele recebe a garantia antes de todo mundo, caso um banco quebre. Enquanto as pessoas físicas que investiam no banco que quebrou demoram, em média, 45 dias para receber de volta seus recursos, os detentores do DPGE têm até 3 dias para receberem. Ou seja, eles furam a fila.

Sabe aquele "fast pass" que você compra quando leva seu filho na Disney (levava, né? Porque com esse dólar a quase 6 reais a Disney ficou difícil)? Aquele que te permite entrar em uma fila muito mais rápida, de prioridade…

O DPGE é similar. Ele te coloca em primeiro na fila na hora de receber o dinheiro garantido pelo FGC.

Agora, com essa nova medida do CMN, os bancões como: Itaú, Bradesco e Santander, acabam de entrar na sua frente na fila. E caso o banco do seu CDB quebre, eles vão receber o dinheiro deles, que pode ser até um limite de 400 milhões, primeiro. E depois, se sobrar recursos, você recebe o valor devido.

Desfigurando o papel do FGC

O sistema garantidor de crédito foi criado no resto do mundo para evitar a quebra do sistema bancário por uma corrida aos bancos.

Quando os depositantes percebiam que um banco poderia quebrar, eles saiam correndo para sacar seu dinheiro primeiro, pois sabiam que, como o banco opera alavancado, quem pedisse depois não teria seu dinheiro de volta. Essa corrida aos bancos acelerava e, muitas vezes, causava a quebra da instituição.

Ou seja, a ideia era preservar o dinheiro das pessoas.

Principalmente protegendo aqueles mais vulneráveis que investiam em bancos arriscados, sem ter a capacidade de fazer uma profunda análise de crédito.

O próprio DPGE já foi uma excrescência do sistema, com investimento mínimo alto, dando garantia a quem não precisava de garantias — pois possui alto potencial de análise de crédito.

Agora, chegamos no ápice da moral hazard (incentivos trocados), com os melhores analistas de crédito do sistema (os grandes bancos) recebendo garantia do FGC e passando na SUA frente na hora de receber.

Palmas para o sistema!

Recordar é viver

Lembrando que o FGC possui apenas 2,3 por cento do que ele garante em disponibilidades. Já explicamos isso em detalhes neste relatório aqui.

E se mais de 2,3 por cento do sistema quebrar, o FGC não terá dinheiro para garantir todo mundo. Pelo jeito, os que vão ficar com o dinheiro serão os grandes bancos e investidores qualificados. Pessoas físicas serão as últimas da fila.

Em dias de céu azul, dificilmente mais de 2,3 por cento do sistema estariam em risco. Mas em épocas de crise, é possível que isso aconteça.

Lembrando também que em 2008, com a crise da subprime, cerca de 6,5 por cento do sistema bancário americano quebrou, incluindo o Lehman Brothers (o quarto maior banco dos Estados Unidos). O FIDIC (FGC americano) quebrou.  

Cuidado com seu dinheiro

Enquanto a corretora, que ganha taxas por distribuir os CDBs na sua plataforma, diz que o FGC é a coisa mais segura do mundo, eu, que não ganho nada com isso, te mostro os riscos.

Se depois disso você decidir que quer correr esse risco, tudo bem. Mas tem que ser uma decisão consciente sua. Não deles, não do youtuber.

O melhor de tudo é que você não precisa correr esse risco para ganhar mais dinheiro na parte conservadora da sua carteira.

Hoje em dia é possível encontrar debêntures de empresas AAA, pagando quase 160 por cento do CDI.

Como dissemos na nossa LIVE de ontem, não adianta você ficar desesperadamente tentando achar a próxima tacada da bolsa, e ao mesmo tempo investir a maior parte do seu patrimônio em CDB de banco quebrado (e torcer para o FGC parar em pé).

A rentabilidade final do seu portfólio pode acabar sendo medíocre.

Ter um portfólio coeso, correndo risco apenas onde você é realmente remunerado para tal, é bem mais importante do que acertar a melhor tacada.    

Além disso, é fundamental correr apenas o risco no qual você aguenta lidar. Se você não está dormindo à noite, preocupado com a queda das suas ações, pode significar que você tem mais do que consegue aguentar. E isso é muito pessoal, e varia por pessoa e por fase de vida.

Embora os princípios de montagem de uma carteira sejam universais, só você sabe qual a melhor para você. A melhor pessoa para cuidar do seu dinheiro é você.

Para passar os princípios de montagem de carteira, eu criei no Nord Advisor (nosso produto de carteira) o projeto Imersão. Nele, eu vou orientar durante um mês os princípios que devem nortear a construção da sua carteira.  

Você que é assinante do Advisor vai poder participar e tirar dúvidas pelo Telegram do Renda Fixa PRO.

Se você ainda não conhece o Nord Advisor e quer saber mais sobre o projeto Imersão, acesse aqui.

Um abraço a todos,

Postado originalmente por: Nord Research