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Finanças: Dopamina pouca é bobagem

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Mercados ensaiam mais uma semana de otimismo

Mais fluoxetina, por favor

Seis de Julho marca mais um início de semana otimista, alimentado por expectativas de retomada econômica antecipada, um suposto controle da pandemia em regiões-chave e, principalmente, fartos estímulos econômicos mundo afora — ou, pelo menos, é o que estão dizendo por aí.

Em seu editorial, na capa, o jornal chinês Securities Times afirmou que a manutenção de um bull market saudável é, neste momento, mais importante do que nunca para a economia. Talvez valha ter em mente que se trata de um jornal estatal. Coincidência ou não, a busca por informações sobre abertura de conta em corretora explodiu na China. “Compre muita Bolsa”, diz o Partido Comunista Chinês.

Noite foi de valorização expressiva nas praças asiáticas. Mercados europeus reverberam a euforia, com apostas no sucesso de uma vacina que contenha o coronavírus. Nova York se junta ao coro — a despeito da reaceleração dos casos de Covid-19 nos EUA — e, por aqui, nos preparamos para não ficar de fora.

Tempos loucos.

Se a vida é feita de escolhas…

Guedes voltou ao microfone e prometeu mundos e fundos. Voltou a sinalizar a retomada da agenda de reformas neste segundo semestre, apontando especificamente que o governo mexerá no vespeiro tributário.

Nunca foi tema fácil — e nunca será, principalmente à luz do nosso pacto federativo. Gostamos de boas intenções. Resta saber se "combinou com os russos" do Congresso Nacional.

Há pelo menos duas vertentes: de um lado, volta à cena a tributação de dividendos (e sim, falaremos a respeito na próxima edição do Nord Dividendos); de outro, uma redução na tributação das pessoas jurídicas. Uma coisa deveria compensar a outra.

E arrematou: quatro privatizações nos próximos noventa dias. Resta a pergunta: quais serão? Se a vida é feita de escolhas (TEICH, 2020), espero que esta seja mais fácil do que apontar ministros — na Saúde, quase três meses de sede vacante; na Educação, dois tiros n’água em menos de um mês.

Sorriso crocodílico

E já que tudo está bem (repita!), segue o baile dos IPOs. Com direito, aliás, ao ressurgimento das ofertas secundárias.

Recapitulando: uma oferta de Ações pode ser primária (dinheiro vai para o caixa da empresa) ou secundária (dinheiro vai para o bolso do acionista controlador). Para os puristas, o movimento é um rebalanceamento de portfólio do acionista. Para os calejados e estraga-prazeres em geral, é uma sinalização de que o preço atual de certas Ações é tão generoso que os controladores delas se desfazem com sorrisos crocodílicos nos rostos.

O que importa, dizem, é o mercado continuar a girar. Se der ruim, é só organizar umas lives para anunciar boas notícias e vida que segue.

Não vai ter Disney? Bom para quem?

Mais um sinal de que a turma já entrou em outra vibe é que começaram a pipocar matérias falando de opções para férias. O movimento coincide com o relaxamento das medidas de distanciamento social algures — ainda que mediante retrocessos importantes alhures… — e com a retomada de destinos aéreos pelas aéreas.

(Por falar em aéreas, Guedes também arrematou: vamos comprar debêntures conversíveis em Ações; decolou, vende. Bem que podia, finalmente, sair o pacote de socorro ao setor, não é mesmo?)

Entretanto, obstáculos sanitários e cambiais (que também são relevantes, não é mesmo?) parecem fazer com que o brasileiro planejando deixar o pijama de lado viaje para mais perto dessa vez — é a leitura das empresas do setor a partir do incremento de demanda por destinos locais.

Bom para a economia local, que precisa voltar a girar. Bom para as aéreas, que devem ver algum incremento na demanda (que, com sorte, absorva os incrementos de oferta que estão promovendo). Bom para agências de turismo com forte exposição local.

Para bom entendedor, mê pá bá.

Postado originalmente por: Nord Research