fbpx
Pular para o conteúdo

Finanças: Dois Brasis

Image

Enquanto cenário doméstico recrudesce, exportadoras têm à frente condições mais do que favoráveis

Duas (e duras) realidades

A semana começa com otimismo nos mercados globais: dos dois lados do Atlântico, principais praças caminham para o azul impulsionadas por sinais positivos de convalescença econômica após as fases mais agudas da pandemia.

Crescente retorno aos negócios nos Estados Unidos e, por outro lado, gradual redução na produção de petróleo são os temas que ditam a valorização da commodity para além dos 30 dólares o barril.

Apostas redobradas em torno da política monetária global, por sua vez, impulsionam o ouro, que é negociado próximo à máxima dos últimos sete anos. Investidores acreditam que aonovo normal das taxas de juro negativas — território visitado pós-2008 — está oficialmente de volta.

Por aqui, a febre ainda se eleva: mercado deve se ocupar de agruras da política local, do risco crescente de medidas de lockdown e da crescente percepção de que nossa situação específica há de se traduzir em uma sangria mais longa na atividade econômica.

A palavra que ninguém quer mencionar

Adentramos a segunda quinzena de maio superando 240 mil infectados e 16 mil mortes, com Ministério da Saúde vacante e novas denúncias sugerindo ingerências na Polícia Federal.

Pari passu, o Presidente e onze de seus ministros compareceram à frente do Planalto para confraternizar com apoiadores que realizaram carreata neste domingo.

O xadrez é claro: com situação econômica em franca deterioração e a possibilidade de configuração de fato jurídico que possa colocar sua posição em xeque, o mandatário da vez busca demonstrar, pelo contato com sua base de apoio, força política. Em paralelo, cede cada vez mais espaço ao centrão — para além do segundo e terceiro escalões, sinais são de que novos ministérios trocarão de mãos — em busca de apoio parlamentar para a eventualidade de uma deterioração de sua posição.

A palavra que ninguém quer mencionar começa com i.

Ser brasileiro é jogar o jogo da vida no modo hard.

<ads>

Dois Brasis

Enquanto o mercado interno adoece, um outro Brasil vai bem — muito bem, obrigado: a participação das commodities nas exportações brasileiras atingiu o maior percentual desde pelo menos 2008 — e a base de comparação não é coincidência.

Elas sempre foram relevantes, e provavelmente sempre serão. Mas ganham especial destaque, neste momento, à medida que reflexos domésticos doa COVID-19 se restringiram mormente a eventuais dificuldades logísticas de curto prazo e um maior absenteísmo de colaboradores diretos.

Beneficiam-se, por outro lado, de um câmbio amplamente favorável — que, a partir de parcelas significativas de custos ditados em reais, se traduz não somente em maiores receitas mas, também, melhores margens — e de tendências melhores em destinos-chave.

Sempre importante ter em vista que qualquer cenário traz consigo potenciais ganhadores e perdedores.

Velha receita

Pequim dá sinais de que a saída da crise dar-se-á por caminhos já conhecidos. As cabeças do regime chinês têm se ocupado de pensar em projetos de infraestrutura.

Não por acaso, minério de ferro se mantém faceiramente em patamares na casa dos 90 dólares a tonelada.

Em paralelo — e não coincidentemente —, a taxa de utilização de refinarias no Gigante Asiático salta para o maior patamar em dez anos.

Também voltam a níveis pré-crise as vendas de imóveis residenciais.

Eles estão de volta aos negócios — e os negócios pedem petróleo, para alegria da OPEP e demais produtores que a ladeiam.

Uma potencial retomada chinesa como tração para um mundo adoecido é a possibilidade que parece, cada vez mais, se configurar. A essa tese estamos particularmente expostos lá no Nord Deep Value — que, aliás, tem aproveitado as agruras do curto prazo para se lançar a algumas novas (e arrojadas) apostas.

Postado originalmente por: Nord Research