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Finanças: Copom vai subir a Selic?

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Semana passada tivemos a divulgação do IPCA-15, que assustou um pouco o mercado. A inflação de outubro subiu 0,94 por cento, acima dos 0,83 por cento esperados pelos economistas.

Embora a alta não tenha sido tão diferente do consenso, o susto mesmo veio do aumento nos núcleos de inflação.

Núcleos são métricas do IPCA que excluem itens voláteis ou suavizam seus efeitos ao longo do tempo. A ideia dos núcleos é mostrar como andam os preços de forma generalizada, sem os efeitos dos choques, afinal, choques são temporários.

Gráfico mostra a relação MoM (%) entre Núcleos (out/2020: alta de 0.52) e Índice geral (out/2020: alta de 0.94) de acordo com a média histórica de lucros e a intervenção histórica de janeiro a outubro de 2020.

Fonte: Versa

Podemos ver pelo gráfico que a média de núcleos (existem 7 tipos de núcleos diferentes) tem um comportamento menos volátil que o índice cheio. Podemos ver também que os núcleos estiveram extremamente baixos durante o primeiro semestre do ano.

Esse período de inflação extremamente baixa foi o que deu fundamento para que o BC reduzisse a Selic para 2 por cento.

A aceleração recente dos núcleos começa a preocupar e jogar o alerta amarelo na Selic baixa. Afinal, se estamos em um processo de aceleração generalizada dos preços, o Banco Central não conseguirá manter a taxa em 2 por cento.

Por enquanto, é muito cedo para afirmar que essa alta é o início de um processo. Por mais que tenhamos relatos de problemas de abastecimento em alguns setores, sabemos também que com o fim do auxílio emergencial teremos uma queda importante no consumo de grande parte da população, e isso deve ter impacto nos preços.

O próprio Banco Central avisou nas últimas reuniões do Copom que já esperava uma alta na inflação, que ele classificou como "temporária", vinda da alta dos preços dos alimentos. Provavelmente, na reunião de quarta-feira, ele deve manter esse discurso e pedir mais tempo para análise.

A coleta diária de preços mostra um pequeno arrefecimento na margem, podendo fortalecer a tese do BC. Por isso, acredito que teremos uma manutenção da Selic em 2 por cento, até que a tese de alta temporária seja completamente descartada.

Além disso, podemos ver no comunicado a retirada do trecho que abre uma possibilidade de queda pequena nos juros. Isso definitivamente está fora de qualquer cogitação.

Podemos ver também a manutenção do discurso de que o forward guidance (previsão que Selic ficaria estável por muito tempo) só é eficaz frente a uma política fiscal crível.

Sem política fiscal austera e com flexibilização do teto de gastos, o mercado pediria prêmios cada vez maiores para financiar a dívida pública e o pagamento de juros maiores comeria mais espaço do orçamento, piorando novamente a dívida. Seria uma grande bola de neve.

Não temos saída: ou o fiscal é controlado ou é controlado.

O mercado acabou puxando os juros prefixados curtos em cerca de 25 pontos-base depois da divulgação do IPCA-15. Muitos investidores estavam aplicados no curto prazo, achando que a curva já colocava uma probabilidade muito grande de altas fortes no início do ano que vem. Esses tiveram que estopar (zerar) suas posições com o risco da alta de preços.

Nestas horas de fim de ciclo de queda de juros e de piora do fundamento, costumo dizer que precisamos "jogar a nossa calculadora fora". Isso quer dizer que não podemos olhar exatamente para o preço e o número de altas que o mercado precifica. Em momentos de estresse, por conta das ordens de stop, o mercado muitas vezes atinge preços completamente irracionais.  

Não por outro motivo, minha recomendação para os assinantes do Renda Fixa PRO foi ficar longe de prefixados e IPCA+ por todo este ano de 2020.

Não perder dinheiro é o primeiro ensinamento para uma vida financeira de prosperidade. Operar Renda Fixa parece muito fácil, até você ver seus títulos longos dando prejuízos do tamanho de prejuízos típicos de Bolsa em momentos ruins.

Não se engane! Renda Fixa não é fixa!

Postado originalmente por: Nord Research