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Finanças: Burger King: Fome de Crescimento

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Os Hambúrgueres são maravilhosos, mas melhor esperar a promoção.

O hambúrguer é grelhado

Difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar da rede de fast food Burger King (BKBR3).

E veja, não se trata da sua preferência por hambúrguer ou carne, porque, se for por conta da carne, eles já deram um jeito:

Suas inovadoras campanhas de marketing conhecidas pelas brincadeiras e ironias, e o seu famoso sanduíche Whopper casaram com o jeitão brasileiro.

Você de alguma forma, provavelmente, já foi impactado pelo marketing do Burger King. Até porque, este é um aspecto importante no modelo de negócio da empresa.

Aproximadamente 5 por cento da receita de cada restaurante é destinado a um fundo de marketing e acredite: fazer uma boa campanha é tão importante quanto entregar um bom sanduíche.

BK ganhou 9 Leões em Cannes pela campanha “Anúncio Grelhado” – a brasileira mais premiada no Festival (clique na imagem acima).

Super Size Me

O BK chegou ao Brasil em 2004. Até 2011, havia apenas 70 restaurantes no país e a marca era, ainda, um mistério por aqui.

O BK possuía 70 restaurantes e o McDonald´s, seu principal concorrente, quase 10 vezes mais (662 restaurantes).

O McDonald´s nadava de braçada no país. Até que três empreendedores “normais” perceberam, ali, uma oportunidade.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fundadores da 3G Capital, compraram a dona da marca BK no mundo – a Restaurants Brands International (RBI).

E assim nasce o Burger King Brasil, um master franqueado da BK Corporation. BKBR tem direito a 20 anos de exclusividade para operar a marca no Brasil e 1 obrigação: "tentar dominar o mundo".

Não, não, brincadeira… só precisam, mesmo, abrir restaurantes.

E, BK Brasil passou a inaugurar 100 novos restaurantes por ano. Atualmente possui mais de 817 contra 970 do McDonald´s.

Fonte: Burguer King.

O crescimento é fortíssimo. E ainda temos os quiosques de sobremesas:

Fonte: Burguer King.

O BK não abre, mas, no Mc os quiosques já representam mais de 11 por cento das vendas – e a rentabilidade dos "dessert centers" é bem maior.

I am the King

Burger King não nasceu, no Brasil, para ser pequeno.

Nos últimos 3 anos, a empresa investiu mais de 1 bilhão de reais entre aquisições e aberturas de lojas:

Fonte: Burguer King.

Mas, não adianta investir um caminhão de dinheiro, se não gerar rentabilidade. E, é aqui que pode aparecer um picles estragado no hambúrguer de BK.

O Ebitda de BK cresce +47,5 por cento, em média, por ano desde 2014:

Fonte: Burguer King.

Ebitda subindo forte, com margem Ebitda acompanhando, gradualmente. Faz todo o sentido.

Existe um tempo de maturação nos restaurantes novos. Mas BK não abre quanto é esse tempo em seus restaurantes.

Um ROE acompanha este Hamburger?

BK vem se tornando mais rentável ao longo do tempo, mas nem tanto:

ROIC (Branco – Retorno sobre Capital Investido) e ROE (Verde – Retorno sobre Patrimônio). Fonte: Bloomberg.

Com a evolução dos restaurantes abertos, imaginamos que a rentabilidade continue crescendo ao longo do tempo.

Mas BK tem um longo caminho até atingir uma rentabilidade interessante – ROE acima de ~15 por cento e ROIC acima de ~10 por cento (aproximadamente), comparando com o McDonald´s.

Estaria a hamburgueria preparada para dar retornos interessantes a seu acionista no futuro?

Grelhando a concorrência

Olhando seu principal concorrente, o McDonald´s, BK deveria ser lucrativo:

Arcos Dorados ROIC (Retorno sobre Capital Investido) e ROE (Retorno sobre Patrimônio). Fonte: Bloomberg.

A Arcos Dorados (negociada nos EUA), possui boa rentabilidade, apesar de ter passado por maus bocados em 2014 e 2015.

A maior operação da Arcos Dorados é no Brasil – aproximadamente 44 por cento da receita.

Mas, a Arcos Dorados, há algum tempo, já deixou o crescimento para trás:

Arcos Dorados Ebitda (azul) e lucro (verde). Fonte: Bloomberg.

A master franqueado do McDonald's na América Latina não cresce Ebitda e lucros desde 2014.

Mas, boa comparação entre Mac e BK, mesmo, está aqui.

Não pague caro em seu hambúrguer

Quando fizemos o relatório de IPO de BK, nos primórdios de 2017, achamos o preço um pouco salgado.

BK abriu seu capital valendo, enormes, 18x Ebitda. E as ações vêm apanhando (feio) do Ibovespa, desde lá:

BKBR3 (branco) e IBOV (verde). Fonte: Bloomberg.

Enquanto o IBOV subiu +44 por cento nestes, quase, 2 anos, BK subiu, apenas, 10 por cento.

A empresa cresceu forte, elevou margens, criou peças de marketing maravilhosas,…

Mas, …, já estava tudo no preço. E BK continua cara, negociando, hoje, a 17x Ebitda e 38x lucros.

EV/Ebitda (marrom) e P/L (branco). Fonte: Bloomberg.

Não é ruim quando tudo dá certo e você, mesmo assim, não ganha?

Ao preço atual, continuamos nos divertindo muito com o marketing e saboreando o Whopper com fritas (sempre com batata e coca).

Mas, por ora, ficamos apenas observando as ações.

Postado originalmente por: Nord Research