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Finanças: BRKM: Todos cedem, todos ganham

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Sociedade pode ser um negócio muito complicado.

Sociedade pode ser um negócio muito complicado.

Ainda que, pelo menos em tese, todas as partes tenham incentivos de sobra para agir no melhor interesse da empresa, às vezes interpretações divergentes sobre o que exatamente seria esse melhor interesse, ou ainda agendas escancaradamente paralelas podem se sobrepor.

Em ambos os cenários, o risco de o equity acabar penalizado não é pequeno. Em determinadas circunstâncias, a penalização pode ser tão severa que obriga divergentes a sentarem à mesa e construir um consenso.

As posições de Petrobras (PETR4) e Odebrecht sobre a Braskem (BRKM3, BRKM5) não poderiam ser mais diferentes.

Para a petroleira, a petroquímica é um dentre os diversos ativos de seu balanço cuja venda faz todo o sentido do mundo: obstinada em concentrar seu foco em exploração e produção, a Petro precisa liberar recursos.

Para o grupo baiano, protagonista da maior Recuperação Judicial da História brasileira, a Braskem é a galinha dos ovos de ouro, único ativo remanescente de seu portfólio com condições de lhe garantir sobrevida enquanto se reestrutura pós-Lava Jato.

Odebrecht depende de Braskem. Braskem, em alguma medida, depende de Petrobras — não somente como acionista, mas enquanto fornecedora relevante. Petrobras depende de Odebrecht para levar adiante seus planos de venda da petroquímica. Com todos dependentes de todos, o jeito é sentar à mesa e negociar.

Já faz algum tempo que se ouve um burburinho sobre a intenção, por parte da Petro, de vender sua participação na Braskem via mercado. O Valor de hoje volta a ressoar a questão: em meio a renegociações de contratos de fornecimento de nafta — principal insumo da petroquímica —, a Petrobras coloca outras cartas na mesa para sua sócia: reacende-se a discussão de unificação das classes das Ações da petroquímica e de sua migração para o Novo Mercado da B3.

A manobra ampliaria em muito a liquidez da posição da Petro, e as classes de Ações unificadas tenderiam a contribuir para uma melhora de percepção de governança na Braskem.

Do outro lado, um contrato de longo prazo de fornecimento do insumo a condições mais camaradas — as atuais, acreditem, são consideradas relativamente caras — poderia contribuir para destravar valor na petroquímica.

Unificam-se as classes de Ações, conferindo liquidez para a Petrobras; melhora-se o valuation da empresa mediante menores custos de produção… e voilà! Pronta para venda.

É bem plausível. É aguardar para ver — e já estamos, no Nord Deep Value, aguardando há algum tempo o desfecho desta trama.

Postado originalmente por: Nord Research