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Finanças: Bolsa não é PIB

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Notícias desta manhã apontam o aumento de casos e mortes por Coronavírus em diversas regiões brasileiras.

Você já deve ter recebido o gráfico crescente no seu grupo de WhatsApp, assim como áudios de médicos mencionando a nova interrupção de cirurgias eletivas nos hospitais. Se a segunda onda vai ser maior, ou menor, ou menos mortal, não é tão relevante para a nossa análise, mas o fato é que vamos ver novamente uma redução na mobilidade (forçada ou espontânea).

Essa queda de mobilidade é o principal fator de redução no PIB. Estamos falando de menor atividade em vários níveis e setores. O setor de serviços claramente é o mais prejudicado e devemos observar novas quedas.

A segunda onda prejudica nossa recuperação econômica – que estava em curso. Já vemos os efeitos na atividade na Europa, que está passando pelo pior momento.

Além disso, a segunda onda brasileira virá durante a parcela final do auxílio emergencial, deixando grandes dúvidas sobre a capacidade do governo de resistir a pressões por mais estímulos. E o eterno risco de mais estímulos piorarem ainda mais o risco fiscal, que já é o principal risco da nossa economia e que eu já mencionei diversas vezes neste espaço.

Ou seja, estamos vendo o aumento de casos e mortes, o que será um fator de redução da atividade e, consequentemente, do PIB.

Bolsa e o PIB

O que muitos investidores me perguntam, quando eu mostro uma visão mais pessimista para o PIB, é se eles devem vender toda a sua carteira de ações. Mas será que as oscilações na atividade impactam a bolsa?

Apesar da notícia negativa de segunda onda, a bolsa brasileira (e as bolsas mundiais) está em 107 mil pontos, com uma alta consistente na última semana.

Juntamente com o resultado das eleições norte-americanas, tivemos notícias bem positivas da eficácia das vacinas, com números acima de 90 por cento. Claro que a vacina ainda vai demorar um pouco para circular, além de várias pessoas ainda terem receio de tomar. Ou seja, essas notícias não impedem uma queda de atividade no curto prazo, mas melhoram a expectativa de recuperação no médio prazo.

Gráfico mostra a oscilação na atividade representada pelo IBC-BR em branco contra o Ibovespa em amarelo.

Fonte: Bloomberg

No gráfico acima, podemos ver a oscilação na atividade representada pelo IBC-BR em branco contra o Ibovespa em amarelo.

Podemos ver que, apesar de os grandes movimentos guardarem uma correlação (crises econômicas com quedas grandes no PIB são antecipadas por grandes quedas na bolsa), os movimentos de curto prazo são bem descorrelacionados.

A bolsa, no curto prazo, sofre a ação de diversas outras variáveis que olham as expectativas de médio e longo prazo e não necessariamente influenciam o PIB de curto prazo.

Além disso, as empresas da bolsa não representam o PIB brasileiro. Se pegarmos as dez primeiras ações mais relevantes no índice teremos:

Dez primeiras ações mais relevantes no índice (VALE3, ITUB4, BBDC4, PETR4, B3SA3, PETR3, entre outras).

Fonte: Bloomberg

Claro que a Vale, por maior que ela seja, não representa de forma alguma quase 11 por cento do nosso PIB, tampouco Itaú e Bradesco juntos representam mais de 12 por cento. Nosso PIB, por exemplo, tem 70 por cento de sua composição no setor de serviços.

Além disso, enquanto o PIB engloba todos os setores e tamanhos de empresas da nossa economia, a bolsa possui apenas as "vencedoras nacionais", ou seja, as melhores empresas, as mais competitivas, as mais bem avaliadas, com maior crescimento, com acesso a linhas de crédito baratas, com vantagens competitivas claras.

Essas empresas muitas vezes se beneficiam de momentos de crise, pois compram concorrentes, consolidam setor, aumentam poder de negociação.

Ou seja, bolsa não é PIB no curto prazo. Uma atividade mais fraca pode até impactar no índice no momento mais intenso do noticiário. Mas no final das contas, a bolsa é uma seleção de craques, logo não sofre tanto quanto a média das empresas do país.

Você não precisa vender sua carteira de ações porque o PIB será revisado para baixo. Você precisa procurar boas ações, de empresas de setores competitivos, que vão sobreviver bem mesmo em um cenário difícil.

Não são todas que são assim, mas a arte está exatamente em selecionar essas pepitas de ouro, que é o que o Bruce e o Ricardo fazem diariamente em seus produtos de ações, como o Investidor de Valor e o Nord Dividendos.

O jogo não é “panicar” e correr para as montanhas, mas sim garimpar as melhores oportunidades e usar momentos com notícias ruins e de queda na bolsa para comprar ações de empresas boas a preços mais baratos.

Conte conosco para te ajudar nessa caminhada.

Um abraço e bons negócios!

Postado originalmente por: Nord Research