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Finanças: Apenas uma marolinha (?)

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A extensão das consequências da situação atual é desconhecida

Em poucos dias, o pânico se instalou no mercado financeiro global.

Motivo? O medo do coronavírus!

Não se trata apenas do medo em relação a uma contaminação generalizada da população mundial, pois temos mentes brilhantes trabalhando para resolver a questão do coronavírus.

A questão é mais perigosa.

O mercado teme o tamanho do impacto que a paralisação momentânea da atividade econômica chinesa terá sobre as outras economias mundiais, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

Apesar de muitos afirmarem que “agora é diferente”, no que diz respeito ao Brasil, não se engane: não somos uma ilha.

Fato é: são mais de dez anos de alta nos mercados acionários mundo afora e correções acontecem, pelos mais diversos motivos (ou desculpas).

A queda é sempre mais dolorosa  e rápida  do que a alta. Vale aquele velho ditado popular: ganha-se de colherinha de chá e devolve-se com uma retroescavadeira.

O ditado mais uma vez se provou verdadeiro.

Tivemos a queda mais rápida da história, se considerarmos o tempo em que o mercado americano levou para corrigir 10 por cento do topo recente  o gráfico abaixo detalha muito bem isso.

Temos, no mínimo, duas perguntas para responder: (i) o porquê dessa queda vertiginosa e (ii) até quando o movimento vai durar. A primeira é muito mais fácil de ser respondida. Já a segunda é imprevisível.

Com relação aos motivos que levaram à queda recente  além do coronavírus , destaco o “descolamento” entre os lucros apurados pelas empresas norte-americanas e o preço do mercado acionário por lá.

Vejam no gráfico abaixo que, desde o final do ano passado, o índice S&P500 (linha azul clara) subiu muito mais do que a lucro projetado para os próximos doze meses das empresas que compõem o índice. Os investidores estavam pagando cada vez mais para a mesma quantidade de lucro.

Uma hora a realidade bate à porta — como de fato aconteceu.

Creio que esse descolamento entre preço dos ativos e lucro projetado explique melhor a recente realização do mercado e o coronavírus tenha apenas dado uma ajuda extra.

Passada a primeira pergunta, vamos para a segunda, que é dificílima.

Quais foram as piores correções na bolsa americana ao longo da história recente?

Bom, tendo em mente um horizonte de tempo relativamente pequeno  4 meses  as correções, na média, são de quase 14 por cento dentro de uma amostra de 26 episódios.

Como os índices americanos já caíram praticamente isso em poucos dias, por essa ótica, se este movimento for apenas uma correção, estamos dentro da normalidade.

Todavia, dado o complicado cenário econômico que temos hoje, bem como a interdependência dos países com a globalização, ainda fica difícil dizer se os efeitos nas principais potências do mundo serão mais drásticos.

Bom, e se não for apenas uma correção? Nesse caso, a coisa muda um pouco de figura.

Considerando uma amostra de 12 mercados de baixa, desde a segunda Guerra Mundial, temos uma queda média em torno de 30 por cento, sendo a crise de 2008 a pior de todas, como mostra o gráfico abaixo

Por esta ótica, ainda estamos longe do fundo do poço.

Tenho a impressão, dado o movimento do banco central americano nesta semana  diga-se de passagem, um refém do mercado há muitos anos —, de que as coisas não estão lá muito boas.

Pense comigo: o banco central mais poderoso do mundo, com todas as informações sobre a economia na palma da mão, decide, em uma reunião extraordinária, cortar o juros  que já é extremamente baixo há anos  em 0,5 ponto percentual?

Onde há fumaça, há fogo.

É difícil saber a real extensão dessa paralisação “momentânea” na economia mundial, mas os principais agentes do mercado, dessa vez, estão tentando antecipar suas ações para precaver o mundo de uma nova crise.

Fato é que, do ponto de vista do mercado acionário, muitas revisões para baixo estão sendo feitas nos lucros da empresas norte-americanas para o primeiro trimestre deste ano, como mostra o gráfico abaixo.

A expectativa não está boa. Ninguém gosta de lucros caindo, ainda mais depois de um período de descolamento entre preços e lucros, como expliquei lá no começo do texto.

Fato é: não conseguimos prever o que vai acontecer amanhã, se o mercado vai subir ou cair.

Só podemos tentar encontrar boas empresas que, ao longo do tempo, vão se diferenciar de muitas outras, por meio de resultados sólidos e consistentes. Esse é nosso foco aqui na Nord.

Somente recomendamos quando acreditamos que o valuation é atrativo e a indicação tem boa margem de segurança.

Por isso é sempre importante considerar a parcela do seu portfólio que está exposta ao mercado de renda variável e ter certeza de que ela é aderente com seu perfil de investimento.

Torço para que seja apenas uma marolinha, mas me parece que o buraco é mais em baixo.

Postado originalmente por: Nord Research