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Finanças: Aéreas: aproximação perdida

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Em meio à pandemia, já somavam aproximadamente seis meses de negociações entre companhias aéreas e o pool formado por BNDES e os principais bancos privados do país para a estruturação de um pacote de socorro ao setor.

Chega, enfim, a hora de alternar para outro destino.

A Azul (AZUL4) — que, ao que consta, era a empresa cujas tratativas se encontravam mais avançadas para contrair o empréstimo — anunciou, na manhã de ontem, que emitirá debêntures conversíveis no montante inicial de 1,6 bilhão de reais, que já nasce com a ancoragem de dois fundos americanos. Sinaliza, assim, que deixou a mesa de negociação.

Fontes a par do assunto sugerem que, levando em conta o potencial de diluição mediante a conversão dos títulos, como também a taxa pactuada, a emissão será mais barata do que a que vinha sendo negociada com o pool brasileiro.

Quem te viu, quem te vê, BNDES. Como cidadão, confesso que fico feliz.

O cheiro é de debandada das tratativas por parte das demais aéreas também: a Latam — cuja situação, entre as três grandes, era a mais delicada — viu seu caixa reforçado por uma operação de debtor in possession aprovada nos EUA (jurisdição onde corre seu processo de reestruturação). Possivelmente, também abrirá mão do socorro tupiniquim.

A incógnita, para mim, é a GOL (GOLL4): se, por um lado, a insatisfação da aérea alaranjada com os termos que vinham sendo discutidos já não era mais possível de disfarçar, por outro, fico com a sensação de que é imperioso estruturar uma alternativa o quanto antes.

Acredito que o caixa baste para seis meses de operação e, nas condições atuais, já se tenha alcançado o breakeven operacional (quando a empresa para de queimar caixa) — o que é francamente digno de aplausos.

De qualquer sorte, não tenho a menor dúvida de que é melhor buscar um reforço agora do que eventualmente se ver em dificuldades caso o cenário — ora benigno — se reverta. É bom ficarmos atentos às condições do mercado de crédito, especialmente se, contrariando as expectativas atualmente majoritárias, a segunda onda de Covid-19 fizer o mercado azedar.

Em aviação, é sempre importante ter redundância de sistemas e combustível sobrando. Com caixa, não poderia ser diferente.

Postado originalmente por: Nord Research