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Finanças: A segunda onda de Guedes

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Mencionei diversas vezes aqui neste espaço que o maior risco atual da nossa economia era o fiscal. Tínhamos gastado toda a economia estimada para 10 anos com a reforma da previdência em apenas 1 ano de pandemia. Fomos o quarto país que mais fez estímulos fiscais, competindo com países desenvolvidos de alta renda.

Até ontem, nossa situação já era extremamente delicada e exigia do governo uma consciência gigantesca de austeridade e responsabilidade.

Eis que, no meio da manhã, deparo-me com esta manchete:

Print de manchete do G1: "Guedes diz que, se houver 2ª onda de Covid, prorrogação do auxílio emergencial será "uma certeza". Ministro da Economia participou de evento do setor supermercadista. Ele afirmou que a economia está retomando o nível de atividade e voltou a falar em imposto sobre transações financeiras".

Nem preciso dizer que a reação dos mercados foi de aumento do prêmio de risco nos juros longos, preciso?

Claro que o mercado teve dor de barriga ao cogitar essa hipótese enquanto vê, no mundo todo, – mais recentemente no Brasil também – os casos de Coronavírus crescerem. Os juros futuros voltaram para as máximas recentes.

Gráfico mostra juro prefixado para janeiro de 2027.

Juro prefixado para janeiro de 2027. Fonte: Bloomberg

Esta é a grande dificuldade de se investir no Brasil: quando temos que torcer por um fiscal responsável, sempre recebemos indícios contrários.

É muito importante que se entenda que mais auxílio, nessa altura do campeonato, pode significar menos crescimento – e não mais.

Como?

Se a percepção dos investidores quanto à sustentabilidade da dívida for negativa, ou seja, se mais gastos significarem um risco fiscal descontrolado, os juros futuros sobem, abortando qualquer chance de recuperação econômica.

Juros altos significam empréstimos mais caros, menos estímulos, menos consumo e preços dos ativos de risco para baixo. Não podemos esquecer que parte importante da alta da Bolsa veio com a queda dos juros.

A primeira onda de estímulos não causou uma piora da percepção de risco, tanto que vimos os juros voltarem a patamares mínimos após o anúncio do programa. A própria moeda também voltou a se valorizar.

A segunda onda não seria tão bem recebida. Já corremos riscos fiscais o suficiente e já vamos bater o teto de gastos no ano que vem. Qualquer medida que acelere isso e antecipe o debate de flexibilização do teto antes da recuperação econômica será mal recebida pelos investidores.

Corram para as montanhas?

Não! Mas evitem ter uma exposição muito grande neste momento. Não é o momento de ser o cara mais corajoso do rolê, entende?

Tenha moderação, controle seu nível de risco, diversifique sua carteira em bons ativos. E, acima de tudo, tenha Ações e papéis de boas empresas, que sobreviverão em um mar revolto.

Nunca vi ninguém se arrepender de ser prudente. Mas já vi pessoas que tinham tudo perderem tudo em um espaço curto de tempo.

Pergunte-se todo dia: minha carteira está condizente com o meu nível de tolerância ao risco?

Saber o quanto você tolera de perdas é a chave para a montagem do seu portfólio. Não por outro motivo, no curso do Nord Advisor de "Como montar sua carteira" tem 4 aulas específicas sobre como saber em detalhes qual é o seu perfil de risco.

Estar no risco adequado é a chave de tudo e é o que vai te fazer dormir bem à noite neste país maluco.

Você pode correr riscos, mas de forma consciente e correndo o risco adequado!

Postado originalmente por: Nord Research