Nova rodada de animosidades entre China e EUA
De tédio, ninguém vai morrer
O clima lá fora está pra lá de azedo, por conta de novo aumento da tensão entre China e Estados Unidos.
Após as últimas movimentações de Trump, Pequim responde permitindo uma nova rodada de desvalorização de sua moeda — a maior desde 2015, repetindo o jogo de sempre ao absorver os choques externos via câmbio.
Correm, também, notícias de que o Governo chinês estaria determinando que compradores estatais suspendam a aquisição de produtos agrícolas americanos — “só” isso.
A madrugada trouxe a sessão mais vermelha em nove meses para os mercados asiáticos. A manhã dos mercados europeus foi pesada e os futuros nova-iorquinos apontam para queda relevante.
Desnecessário dizer que, aqui, a temperatura é a mesma. No front local, atenções voltadas para a retomada da atividade legislativa, já com expectativas de segunda votação da Reforma da Previdência amanhã.
A mão vai coçar
Digerindo o Copom de semana passada, o consenso de mercado voltou a derrubar a projeção da Selic para o final do ano: a maioria dos consultados aponta para uma taxa de 5,25 por cento durante o Show da Virada.
Consequência direta da percepção de que a atividade não se reanima, com tomadores de decisão de braços cruzados à espera de (mais) avanços da agenda de Reformas.
Isso sem falar que o cenário externo joga cada vez mais contra.
Estímulos monetários são, sim, bem-vindos… mas não é de surpreender que, a essa altura, o pleito por estímulos fiscais comece a ganhar corpo.
Até aqui, ao que tudo indica, o Planalto está relativamente imune a esse canto de sereia, mas Guedes e equipe devem ficar atentos — não há de demorar para que a mão invisível do Estado comece a coçar, principalmente tendo em vista que 2020 (e as eleições municipais) se aproxima.
Boleto ou TV?
E por falar em estímulo, deve sair hoje o cronograma de saques do FGTS.
A medida tinha tudo para ser algo de relevante, mas o lobby de determinados setores restringiu os resgates a 500 reais por conta. Forças ocultas insistem em afastar poupadores de recursos que lhes são de direito…
Expectativa de marolinha — muito embora várias Ações de varejistas tenham avançado, nas últimas semanas, como se a iniciativa fosse um verdadeiro game changer. Francamente penso que não.
Coincidentemente (?) a liberação coincide com o endividamento das famílias atingindo o maior patamar em 3 anos.
E aí? Pagar boleto atrasado ou comprar uma TV nova?
Clima pesado em Hong Kong
Nem só dos embates com o Washington Pequim precisa se ocupar neste momento: a situação é complicada em Hong Kong, que vive a primeira greve geral em 50 anos em meio a crescentes insatisfações com o Governo chinês.
Tudo começou com a oposição a uma proposta de lei de extradição, mas as pautas rapidamente se expandiram na direção de reformas democráticas — não exatamente o tipo de medida que encontra simpatia no seio do Partido Comunista.
Além dos impactos econômicos, os chineses precisarão lidar com o dano à imagem do regime — tudo o que Trump mais poderia querer nesse momento.
Em observância à ICVM 598, declaro que as recomendações constantes no presente relatório de análise refletem única e exclusivamente minhas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente e autônoma.
Postado originalmente por: Nord Research