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VALE A PENA FAZER PESQUISAS PARA VEREADOR?

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Alguns possíveis candidatos a vereador me questionam sobre a efetividade de pesquisas eleitorais para vereador e, mesmo jogando contra os meus negócios do instituto de pesquisa, sou forçado a recomendar-lhes que, individualmente, não devem despender recursos nessa área.

A votação para vereador, com poucas exceções, tende a ser concentrada em pequenas regiões da cidade quando a população excede os 40.000 habitantes. Aliás, essa é a vantagem atribuída à votação distrital para vereador, que ainda não temos no Brasil. Em uma votação distrital, os candidatos lançam-se por um distrito, que comporta apenas uma fração do eleitorado total, e limita-se a uma determinada região geográfica. Para os candidatos fica uma campanha mais fácil, pois limita-se a uma pequena área, porém mais acirrada, pois somente o mais votado será eleito. Para os eleitores, a vantagem é imensa, pois, uma vez conhecendo-se o vereador eleito pelo distrito, será dele que os eleitores daquela área deverão cobrar resultados.

Nos moldes atuais, em Divinópolis, por exemplo, quando fazemos uma pesquisa que apresente uma margem máxima de erro de 4,4%, precisamos fazer 500 entrevistas. Quando se afere a intenção de voto, quer espontânea, quer estimulada, para vereador, raramente são colhidas entrevistas em nichos pequenos, porém mais concentrados, de intenção de voto para algum candidato, pois do total de 162.670 eleitores são colhidas as opiniões de apenas 500 (e não venha dizer que isto é errado. Estatística é uma ciência).

Assim, a tendência é que os números de intenção de voto sejam mínimos, e a grande maioria dos possíveis candidatos, principalmente aqueles que possam ter votação muito setorizada, ou dispersa por todo o município, sequer aparecerão nos resultados.

Para que uma pesquisa para vereador pudesse apresentar números de intenção de voto mais consistentes, ela deveria colher a opinião de pelo menos uns 3.000 eleitores, e aí o seu custo começa a ficar proibitivo.

Além desse fator técnico, também existe a limitação financeira. Enquanto em Brasília se libera o Fundo Partidário na casa dos bilhões de Reais, o candidato a vereador, especialmente no interior e se não for laranja de nenhum outro candidato, poderá se sentir extremamente prestigiado pelo seu partido se receber uma verba na casa do milhar de Reais. Assim, o candidato que desejar contar com muitos outros recursos de campanha além dos indefectíveis santinhos bancados pelo candidato a prefeito que ele apoiar, terá de coçar seu próprio bolso bem lá no fundo.

Então, ao candidato a vereador que desejar obter êxito, a sugestão é que utilize em sua campanha muita sola de sapato, criatividade e inteligência. Assim, ele poderá até mesmo poder contar com os benefícios de uma boa e eficiente pesquisa.

Basta que se esqueça um pouco da intenção de voto, que, na verdade, mesmo para candidatos a prefeito não são os números mais importantes em uma boa pesquisa, e atue cooperativamente.

Uma boa e eficiente pesquisa para vereador não deve focar em intenção de voto, mas sim em aferir as tendências do eleitorado. Os eleitores estão satisfeitos com o atual prefeito? E com a atual composição da Câmara Municipal? Os acontecimentos em Brasília, os ligados às investigações da Lava Jato, as decisões recentes do STF, etc., terão alguma influência nas eleições municipais? Qual o perfil do candidato a vereador que a maior parte do eleitorado deseja eleger? E, para realizar uma pesquisa nesses moldes é necessário que o instituto tenha muitos anos de experiência em pesquisas eleitorais.

Para que os parcos recursos financeiros disponíveis ao possível candidato a vereador possam viabilizar uma pesquisa, porque não fazê-la em cooperação com outros possíveis candidatos? Talvez reunindo um grupo de candidatos de um mesmo partido, ou de vários partidos que, mesmo sendo impedidos de fazer coligação para vereador, possam apoiar o mesmo candidato a prefeito? Ou mesmo reunir um grupo de candidatos que estarão disputando os votos dos mesmos eleitores, porque não?

Reunindo vários contratantes da pesquisa, cada qual receberá o seu relatório de análise dos resultados, contendo ou não informações dos demais componentes do grupo, à escolha do grupo que a encomendar, e cada um poderá arcar com apenas uma fração do custo total.

Aí entrarão mais firmemente a inteligência e criatividade de cada um individualmente. Aqueles que melhor souberem tirar proveito dos resultados da pesquisa poderão se dar bem, embora a informação seja comum a todos.