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Entendendo a maior rivalidade continental

Cruzeiro x River Plate fazem mais um duelo da maior rivalidade continental. Entenda a dimensão desse confronto dos titãs que melhor condensam a rivalidade entre Brasil e Argentina.

Repetição e Perenidade

O clássico entre os clubes é o confronto que mais vezes se repetiu em finais das competições sul-americanas. Foram três vezes entre 1976 e 1999. Número igualado somente pelo duelo Grêmio x Independiente, que jogaram em três finais entre 1984 e 2018.

1976

A Libertadores 76 foi a única conquistada por um clube brasileiro na década de 70. O Cruzeiro de Jairzinho furou a hegemonia argentina e demoliu uma das melhores equipes do River em sua história.

Composto por craques como o goleiro Fillol, o zagueiro Daniel Passarella, o meia Sabella e os atacantes Mas e Luque ; o time era a base da seleção da Argentina que venceria a Copa de 78, dois anos depois.

Numa melhor de três, o Cruzeiro Esporte Clube ergueu seu primeiro caneco internacional. E pareceu tomar gosto pelas conquistas, e por fazer do River Plate o seu freguês.

1991

Após 15 anos sofrendo na fila, o Cruzeiro voltou a ser campeão internacional. Nesse intervalo, o clube foi vice da Libertadores 77 (contra o Boca) e da Supercopa 88 (contra o Racing).

A Supercopa dos Campeões da Libertadores foi o torneio mais seleto que a Conmebol já ousou criar.

Composta somente pelos campeões de Libertadores (14 clubes até então), foi o auge das competições sul-americanas. Como todo mata-mata já era um clássico, costumava-se dizer que a Supercopa era um torneio mais difícil que a própria Libertadores.

O Cruzeiro de Adílson Batista, Nonato, Ademir, Boaideiro e Mário Tilico, venceu um título épico batendo o River por 3×0. Revertendo, assim, a derrota de 2×0 em Buenos Aires.

O técnico argentino era Daniel Passarella, o mesmo que estava em campo contra o Cruzeiro na Libertadores 1976.

Recopa 1999

A Recopa de 98 foi prorrogada por um ano por bagunça politiqueira na Conmebol.

A carreta azul de Valdo e Muller atropelou brutalmente o River Plate de Bonano, Escudero e Cuevas. Com um 2×0 no Mineirão e um 3×0 em pleno Monumental de Nuñez, o Cruzeiro ergueu seu terceiro caneco contra o River Plate.

O clube fazia, assim, um hat trick perfeito nas três competições mais importantes do continente.

Uma Quase Final

A Supercopa 1992 teve uma quase final entre Cruzeiro x River Plate nas quartas de final. O River estava mais forte do que no anterior e sedento por uma revanche. O time era composto por craques como Basualdo, Ariel Ortega e Ramon Diáz.

Nem isso foi capaz de impedir que o Cruzeiro fizesse 2×0 no primeiro jogo e levasse uma boa vantagem para o jogo da volta.

Mas o River veio reforçado pelo trio de arbitragem.

Numa das maiores tentativas de assalto da história do confronto, o árbitro permitiu a carnificina dos platinos. O River batia, espancava e arrancava sangue do ataque cruzeirense.

Renato Gaúcho e Roberto Gaúcho eram surrados enquanto lutavam bravamente.

Mas a impunidade do juiz permitiu até que um dos marginais em campo quebrasse a perna de Adílson Batista num lance de crueldade.

Pra completar o serviço, Luizinho e Boiadeiro foram expulsos injustamente. Com dois a menos, a Raposa cedeu o empate nos cinco minutos finais.

Nos pênaltis, a camisa do Cruzeiro pesou. O time converteu os cinco chutes com Paulo Roberto, Nonato, Roberto Gaúcho, Luiz Fernando Flores e Douglas.

Pelo peso, esse confronto de 92 virou lenda. Hoje, é tão marcado quanto os duelos em finais. A partir daí, o Cruzeiro rumou para eliminar Olimpia e Racing e se sagrar Bi Campeão da Supercopa.

Mercosoul

Em 1998 e 1999, o Cruzeiro colocou mais duas acachapantes eliminações contra o River Plate. Na Copa Mercosoul de cada ano, o Cruzeiro tirou o rival na fase de grupos. Foram quatro confrontos com quatro vitórias do Cruzeiro. Duas no Mineirão e duas no Monumental de Nuñez

Libertadores 2015

A Libertadores 2015 foi a única eliminação do River pra cima do Cruzeiro. Mesmo assim, o Cruzeiro venceu de novo no Monumental de Nuñez.

Porém, mesmo com a vantagem de 1×0, a Raposa se perdeu por fatores extra-campo de uma diretoria pessimamente formada por nomes como Valdir Barbosa e Benecy Queiróz.

O técnico Marcelo Oliveira perdeu a mãe na véspera do jogo e apresentava abalos emocionais.

O time não contornou a série de erros crassos. Em campo, o River Plate se aproveitou fazendo um 3×0 incontestável.

Craques em Comum

Roberto Perfumo foi, pra muitos, o maior zagueiro da história do Cruzeiro. Com quatro anos de casa, foi vice-Brasileiro contra o Vasco em 1974. Tinha raça e uma classe encantadora.

Saiu de Minas para fazer história no River Plate. Ironicamente, esteve em campo contra o próprio Cruzeiro na final de 1976. Apelidado de O Marechal, foi ídolo de Racing e da seleção da Argentina.

Sorín é outro gigante em comum idolatrado pelas duas torcidas. Mas sua passagem é tão grande que não cabe nesta coluna. Isso será uma outra história para um outro dia.

Clássico

O maior clássico do continente deveria ter sua dimensão melhor detalhada pela imprensa esportiva mineira.

Esta coluna só foi escrita porque o redator deste artigo se frustrou com a pobreza da quase totalidade das matérias publicadas às vésperas do jogo.

Contar a História do Cruzeiro através desse clássico é uma forma de reviver momentos bons no coração de quem teve o privilégio de viver um passado remoto.

Mais do que isso, é dar a oportunidade de conhecimento para torcedores de nova geração que querem aprender a perenidade do seu clube.

Hugo Oliveira Pegoraro Serelo, 32 anos, é pesquisador esportivo, repórter policial e apresentador de TV e rádio. Nasceu em Andradas-MG e mora em Divinópolis. Torce pro Rio Branco e tem uma leve simpatia pelo Cruzeiro Esporte Clube.