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A ignorância mata

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O termo ignorância, nos últimos anos, ganhou um novo significado. Tantas vezes passamos por situações em que, por falta de sensibilidade, as pessoas fazem comentários que poderiam ser evitados, descartados, guardados mentalmente ou deletados. Muitas vezes eles trazem sensações ruins. Mas o que isso tem a ver com saúde mental?

Vivendo em sociedade percebemos como a ignorância tem causado sofrimento, angústia e transtornos para tanta gente. Ela varia de forma e preconceituosa. Pode ser aquela piadinha de “quem precisa de terapia é doido” ou “isso é falta de Deus” entre outras. O pré-julgamento de quando a pessoa fala que toma antidepressivos. Aquele comentário “mas tem gente muito pior que você vivendo normalmente”. Existem aquelas pessoas que, quando chega setembro, compartilham frases sobre a importância da saúde mental, mas durante o resto do ano reclamam do amigo deprimido não sair de casa. Julgam a colega de trabalho que não conseguiu ir trabalhar por causa da ansiedade e criticam a prima pelo seu corpo não estar do jeito que elas queriam que estivesse. A ignorância também pode agravar consideravelmente, como por exemplo os comentários de ódio disseminados na Internet e o bullying em todas as suas formas. Todas podem levar a consequências devastadoras.

Ao longo desse ano, compartilhando minhas experiências aqui, eu percebi que muitas pessoas têm se sentido angustiadas por não terem sido ouvidas. Que elas não estão sozinhas. Talvez por falta de interesse ou vontade a pessoa não ouvir aumenta a sensação de solidão. Ficamos com a impressão de que ninguém se importa. Esse sentimento pode se tornar um gatilho para crises de ansiedade, quadros depressivos ou outras consequências. Gatilhos são como se fosse um fósforo acendendo e caindo numa poça de álcool. É o que estava faltando para tudo pegar fogo ou, no exemplo, o pontapé para desencadear crises.

Em um mundo globalizado a informação nunca esteve de tão fácil acesso. Nem tudo que se lê na Internet é verdade, por isso é muito importante filtrar e pesquisar em fontes confiáveis. Fato é que esses comentários tão “popularizados” não fazem bem algum para quem ouve e qualquer pesquisa rápida sobre saúde mental evidencia isso. Uma pessoa passando por uma crise de ansiedade não precisa ouvir “se acalme”, porque não adianta nada. Ela precisa de ajuda para controlar a respiração, para voltar à realidade e se afastar do gatilho que a causou. Uma pessoa com depressão não precisa ouvir “vai rezar que você melhora”. A depressão é uma doença, considerada o mal do século, e deve ser tratada como tal. Assim como as mais diversas doenças psiquiátricas.

Ser ignorante sobre determinado assunto não te torna isento de responsabilidade, não te faz menos culpado. “Eu não sabia que você ia ficar tão mal assim” nunca será justificativa para qualquer barbaridade dita. O principal jeito de combater esse comportamento é falar sobre, compartilhar ideias e pensamentos, tornar o assunto cotidiano. Saúde mental não pode mais ser um tabu!