Por Hugo Serelo
Um triste episódio do jornalismo esportivo foi registrado hoje (12) através da Rede Globo. No jogo Santos 3×0 Vasco, pela quarta rodada do Brasileirão, o goleiro vascaíno Sidão teve uma tarde infeliz ao falhar em dois gols.
Durante os jogos, a Globo abre votação para ineternautas elegerem o craque da partida. Sabendo disso, vários grupos de internet se reúnem para votar de sacanagem num atleta ruim. O caso de Sidão não foi diferente. Por ser um goleiro já contestado e marcado por falhas, internautas elegeram o defensor do Vasco como melhor em campo com incríveis 90% de votos.
Não é a primeira vez que tal trollagem ocorre. A direção esportiva da Rede Globo já conhece esse expediente dos torcedores e poderia ter sensibilidade de entender que não foi uma eleição séria.
Mas o comando ignorou qualquer tipo de bom senso. Seguiu-se o protocolo, e a repórter Júlia Guimarães foi obrigada a entregar o troféu de melhor em campo ao goleiro enquanto ele saía do gramado.
Ao vivo, em rede nacional, o atleta foi humilhado. A repórter tentou esconder o constrangimento durante a entrega do troféu. Mesmo assim, Sidão foi profissional e se portou dignamente durante o profundo ato de desrespeito da emissora.
Inacreditável Futebol Clube
Não é a primeira vez que atletas de futebol são submetidos a constrangimento no jornalismo esportivo da Rede Globo. A entrega de camisas do Inacreditável Futebol Clube ocorre com atacantes que perdem gols fáceis. Um quadro deplorável que tenta ser engraçado.
Muitos atletas sentem-se desrespeitados, mas aceitam participar com medo de sofrer represálias caso atraiam antipatia da emissora.
Em 2011, o atacante botafoguense Loco Abreu se recusou a receber o prêmio e deu uma dura resposta criticando a falta de ética da emissora. “Isso é uma bobagem que vocês inventaram para humilhar os atletas. Mas só quem está lá dentro sabe como é difícil jogar futebol”, disse o atacante uruguaio.
Regras e Regrinhas
Num mundo cheio de Zé Regrinhas, o jornalismo também padece de cumpridores de protocolos que consideram normas mais importantes que o bom senso. Hoje faltou sensibilidade à Rede Globo.
E falta auto-crítica ao jornalismo esportivo do Brasil.
Hugo Oliveira Pegoraro Serelo, 32 anos, é repórter policial, pesquisador esportivo e apresentador de TV e rádio. Nasceu em Andradas-MG e mora em Divinópolis. Torce pro Rio Branco de Andradas e tem uma leve simpatia pelo Cruzeiro Esporte Clube.