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Violência doméstica, a velha pandemia global

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Foto: Pixabay

Ao se pensar em violência doméstica não diferente dos sintomas do vírus da pandemia, que se instalou nos dias atuais, há uma padronização nas histórias e nos contextos o tempo todo. Muda um detalhe ou outro, mas, em geral, é a história de um homem que, num dado momento, se sente autorizado a praticar violência contra a mulher, não importando se ela é sua mãe, mulher ou irmã.

O que chama a atenção que ainda hoje nos tempos modernos, vemos a normalização da subordinação da mulher que ganha bofetadas ou lhe tem a vida ceifada, caso desagrade o homem que reside e que dita as regras em sua casa. E essa situação se repete pelo mundo todo. Até quando? Os episódios de violência são repetitivos e tendem a se tornar progressivamente mais graves, e ela assim como o COVID-19, independe de raça, religião ou posição social. A diferença desta vez se concentra no gênero.

As mulheres são vítimas por diversos tipos de agressões e em sua maioria, tudo começa com um relacionamento abusivo acometido pelos pais ou pelos seus companheiros. E aos poucos, evolui para a violência doméstica. Ficamos tão assustado com o novo vírus que se alastrou pelo mundo e nos tirou a liberdade do contato social, do ir e vir, dos abraços… Mas mais assustador ainda é pensar que mulheres, mães, irmãs, companheiras já viviam essa realidade muito antes de qualquer doença transmissível… Muitas tem seus direitos privados, suas liberdades invadidas, suas escolhas e decisões ignoradas… Muitas vivem em um cárcere ou em um completo “lockdown” em suas vidas, saem só se o homem permitir ou se a ele for conveniente.

Ao tomar ciência dos impactos negativos na vida de uma vítima de violência doméstica, podemos considerar essa situação como um problema de saúde pública, visto que são inúmeros os efeitos negativos:  insônia, dor de cabeça, ansiedade e depressão, uso abusivo de álcool e outras drogas… Além dos riscos para a saúde sexual e reprodutiva da mulher  que incluem traumas ginecológicos, infecções sexualmente transmissíveis e gravidez não planejada quando há a relação forçada. 

Sabemos que existem alguns tipos de agressão, tal como a violência psicológica, seguida pela física, acompanhada da sexual e também pelas três formas juntas. A violência mais grave parece estar associada à maior sobreposição de diversas formas de violência, onde a associação de psicológica, física e sexual em conjunto é mantida por anos até que em um dado momento ela culmine na forma mais brutal delas, a morte.

A OMS (organização mundial de saúde), define o conceito de saúde como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Estariam essas mulheres submetidas a violência doméstica em seus diversos graus, saudáveis? Notamos assim que ao se tratar de violência doméstica deve se considera-la como problema grave de saúde pública, tal como o vírus em nossa realidade.

E o que nós enquanto cidadãos estamos fazendo para prevenir? Estamos nos calando? Omitindo? Reforçando ideias machistas e opressoras de que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher ou que o lugar da mulher é sendo submissa ao homem? Vendo a história se repetir por ambos lados do mundo, por diversas famílias, por filhos que muitas vezes presenciam suas mães sendo agredidas e também sofrendo deveras agressões, devemos pensar: É esse o mesmo futuro que queremos para as nossas próximas gerações? Manter a mesma linha? O mesmo problema? Ignorando como se estivesse tudo “normal”?

Embora haja por parte dos poderes públicos movimentos, leis e diretrizes para prevenir e tentar diminuir a violência doméstica, a minimização pode partir de uma mudança de comportamento nosso em se sensibilizar e dar um fim em ideias ultrapassadas e equivocadas de discursos machistas e arbitrários. Pensar que esse fenômeno da violência doméstica já matou e ainda vai matar muitas mulheres, caso não mudemos nossa cultura… Pensar que isolamento social está presente entre nós antes mesmo do vírus do COVID-19, porém nesta situação temos a oportunidade de enxergar, mas optamos pelo contrário. Em caso de violência, denuncie!

Texto: Indianara Cristina Rodrigues – Voluntária do projeto MEU AMAR