O Brasileirão começou da mesma forma que terminou para o Atlético: chuva de gols de Hulk dentro de campo, e festa nas arquibancadas no Mineirão. Em uma tarde “comum” do atacante, o Galo estreou na competição com vitória por 2 a 0 sobre o Internacional e larga na frente dos (prováveis) principais rivais ao título da competição.
Desgastado da viagem de quase 24 horas (entre ida e volta) para a Colômbia, onde venceu o Tolima no meio de semana, o Atlético foi a campo com um time e formação alternativa. Turco Mohamed abriu mão dos meias ofensivos e montou uma equipe com quatro atacantes.
Mudança que poderia representar dificuldade na criação de jogadas, uma bagunça ofensiva. Pelo contrário: deu muito certo. Sobretudo nos minutos iniciais.
Com Keno e Ademir abertos nas pontas, e Hulk e Sasha se alternando entre as funções de primeiro e segundo atacante, o Galo surpreendeu o sistema defensivo do Internacional e promoveu uma avalanche. Aos 3 minutos, Eduardo Sasha quase fez de cabeça. Aos 8, Ademir acertou o travessão na tentativa por cobertura. E, aos 9, Hulk abriu o placar numa aula do que é ser atacante.
Em um início onde um time dominou o outro taticamente, o gol saiu numa jogada de improviso. Após sobra do escanteio, Alonso tentou a primeira bola para Nathan Silva. Voltou, e ele mandou de cabeça para Hulk. Na cara do gol, o camisa 7 teve a frieza de um super-herói para driblar Daniel com um toque na bola, e com outro mandar para o gol vazio.
À frente do placar, o Atlético seguiu dominando, mas sem o mesmo ímpeto ofensivo da avalanche inicial. O jogo ficou mais preso no meio-campo, onde Allan e Otávio tiveram atuação de maestria. Sobretudo o “novato”, que substituiu Jair e fez grande jogo tanto com quanto sem a posse da bola. Desempenho para colocar uma pulga atrás da orelha do treinador.
A primeira etapa terminou com domínio absoluto do Atlético, que teve quase 60% de posse de bola e finalizou mais que o triplo das vezes do rival (7 a 2). Depois do intervalo, porém, Cacique Medina corrigiu os problemas táticos do Inter, que passou a se aproveitar da superioridade numérica no meio campo e cresceu no jogo.
Vendo o cenário perigoso em que o jogo se desenrolava, Turco sentiu a necessidade de, logo aos 12 minutos, colocar mais um homem na área central do campo. O escolhido foi Zaracho, poupado da última partida por causa devido ao desgaste muscular. Pouco depois, fez mais duas mudanças de ordem física, com as entradas de Savarino e Jair. O Atlético melhorou, mas seguia nervoso com a posse da bola.
“Sorte” que é ainda mais aliada de quem trabalha. E não há quem dê mais exemplo de trabalho neste grupo do que Hulk. No sábado, o atacante divulgou em suas redes um “super-regenerativo” de quase 6 horas que fez em casa para aliviar o desgaste da viagem a Ibagué.
Na rodada de partida em que o Flamengo estreou com empate diante do Atlético-GO, e o Palmeiras perdeu em casa para o Ceará, o Galo já sai na frente daqueles cotados como principais rivais na disputa pelo título.
Claro, ainda é só o primeiro de outros 37 passos de uma longa caminhada, que só tem fim em novembro. Mas assim como fechou o histórico ano de 2021, o atleticano abre a competição com vários motivos para sorrir. O Galo abre o Brasileiro com o pé esquerdo (e mágico) de Hulk.
Por Marcelo Cardoso – GE